30 de junho de 2009

O SERVIÇO ANUAL

Além do serviço diário, existia na economia israelita uma série de festas e convocações solenes que constituíam o calendário eclesiástico e que chamaremos o serviço anual do Santuário. Este serviço anual acha-se descrito mais sistematicamente no capítulo 23 do livro de Levítico.
A Páscoa (Lev. 23:4-5, Ex. 12)
A primeira destas festas era a Páscoa (Pesakh). Era realizada no dia 14 do primeiro mês (Nisã ou Abib). A primeira Páscoa foi realizada por ocasião da saída do povo israelita do Egipto, evento que passou a comemorar. No décimo dia do mês, era escolhido um cordeiro de um ano e sem defeito. Na tardinha do décimo quarto dia o cordeiro era morto e assado. A carne devia ser comida pela família aquela mesma noite com pães sem fermento e ervas amargas. Na primeira Páscoa, as portas deviam ser ungidas com sangue do cordeiro para que a família seja libertada da praga da morte do primogénito.
A palavra-chave desta cerimónia é libertação. Por esta razão se torna um tipo do sacrifico de Cristo. Jesus nos liberta da escravidão do pecado e da sentença de morte que pesava sobre nós. Mas para isso o Seu sangue precisava ser derramado e os Seus méritos aplicados a nós pela fé.
Os Pães Ázimos (Lev. 23:6-8)
No dia seguinte à Pascoa (15 de Nisã) começava a festa dos pães ázimos (Hag Hamatzot). Durante sete dias não poderia haver fermento dentro das casas dos israelitas. Originalmente os pães ázimos representavam a saída rápida do Egipto, mas podemos ver aqui (e Cristo nos autoriza a faze-lo na Santa Caia), no cereal moído, feito farinha e logo pão, um símbolo do corpo de Cristo quebrantado pelo homem e por causa do homem. Mas vemos também na ausência de fermento o símbolo de ausência de pecado em Cristo. E somos convidados a ingeri-lo, para que faça parte do nosso próprio organismo como alimento, dando-nos, desta forma, vida.
O primeiro e o último dia desta festa deviam ser dias de “santa convocação” e nenhum trabalho servil devia ser feito (eram portanto sábados cerimoniais).
A Festa das Primícias (Lev 23:9-14)
No "dia seguinte ao sábado" (verso 11), isto é, no dia 16 de Nisã, era celebrada a festa das primícias (Bikurim). Neste dia os israelitas deviam apresentar no templo o primeiro produto (os primeiros molhos de espigas) da colheita. O sacerdote pegava o molho e o mexia perante o Senhor.
Esta cerimónia era um tipo da ressurreição de Cristo. Cristo é a primícia e a garantia da ressurreição dos justos no dia a volta de Jesus (Notavelmente, Mat. 27:52-53 nos informa que muitos santos ressurgiram junto com Cristo, fazendo a analogia com a festa da primícias mais completa e interessante).
Notemos como Jesus cumpriu estas festas morrendo no dia da Páscoa (14 de Nisã) e ressuscitando no dia 16 do mês, no dia das primícias.
A Festa das Semanas (Lev 23:15-21)
Cinquenta dias após a festa das primícias, celebrava-se a festa das semanas (chamado em grego Pentecostes e em hebraico Shavuot). Este dia era, na verdade uma santa convocação. Os israelitas deviam apresentar dois pães como ``oferta mexida". Simultaneamente, eram oferecidos cordeiros e bodes como sacrifício (na maior parte dos serviços e festas do santuário estão presentes os sacrifícios pois sempre a aproximação do homem a Deus se faz na base dos méritos do substituto, isto é , de Cristo).
Primariamente a festa simbolizava o agradecimento a Deus pela colheita. No Novo Testamento aparece associada ao derramamento do Espírito Santo (Actos 2). Esta relação torna-se mais interessante quando percebemos que Actos 2:1 pode ser traduzido como: “Quando o dia de Pentecostes foi cumprido" (symplerousthai) que pode ser entendido como a realização antitípica daquilo que era anunciado pela festa. Foi também nesse dia que a igreja cristã teve sua "primeira colheita'' logo do discurso de Pedro e a conversão de três mil pessoas.
Festa das Trombetas (Lev. 23:23-25)
No primeiro dia do sétimo mês (Tisri), realizava-se a Festa das Trombetas (Rosh Hashanah, ou melhor Yom Teruah). Neste dia, que era uma santa convocação, nenhum trabalho servil devia ser feito. No templo eram tocadas as trombetas (shofar). Este dia anunciava a proximidade do Juízo, o Dia da Expiação. Esta festa apontava para a proclamação do evangelho realizado pelo Movimento Adventista entre os anos 1840 e 1844.
O Dia da Expiação (Lev. 23:26-32, Lev. 16)
Durante o ano todo, os israelitas tinham ido ao santuário para oferecer sacrifícios pelos pecados e, como já vimos, segundo o princípio da transferência, o pecado era através da cerimónia transferido ao santuário ou ao sacerdócio. Portanto, fazia-se necessário efectuar uma "purificação" que eliminasse de vez o pecado. Isto realizava-se no décimo dia do sétimo mês, no chamado Dia da Expiação (Yom Kippur). Junto com Páscoa este era o dia mais importante no calendário religioso judaico. Nenhum trabalho devia ser feito nesse dia (era, pois, um Sábado cerimonial) e o povo devia afligir suas almas (Lev. 23:27) e quem não o fizese seria cortado dentre o povo (Lev 23:29). Talvez por este motivo, o Yom Kippur tem sido, tradicionalmente, visto pelo Judaísmo como o Dia do Juízo.
No dia da Expiação o Sumo Sacerdode devia vestir as roupas de sacerdote (vestes santas) e tomar um novilho para, primeiramente fazer expiação por si e pela sua casa. Também tomava do povo dois bodes sobre os quais tirava sortes: um bode seria ``para o Senhor" e o outro ``para Azazel" (sobre a origem e o significado do nome Azazel é muito pouco o que se sabe; uma hipótese - especulativa, claro - pretende que Azazel seria o antigo nome de um demónio do deserto).
O Sumo Sacerdote imolava o novilho pegava um pouco do sangue e entrava no Lugar Santíssimo levando também um incensário (isto era preciso para que ele não ficasse directamente exposto à glória de Deus). Ele deixava o incensário no chão frente à arca de tal forma que a nuvem de incenso estivesse entre ele e arca. Então com seu dedo espargia o sangue do novilho sete vezes sobre o propiciatório. Assim tinha feito expiação por si e pela sua casa.
Logo ele imolava o bode "para o Senhor" (que representa a Cristo), tomava do seu sangue, entrava novamente no Lugar Santíssimo e fazia da mesma como tinha feito com o novilho. Desta forma fazia expiação pelo Lugar Santíssimo (Lev 16:16,NIV). Depois, repetia a cerimónia para fazer expiação pela Tenda da Reunião (Lugar Santo).
Uma vez feito isto, o Sumo Sacerdote, saía do Lugar Santíssimo e se dirigia ao altar ``que esta perante o Senhor" (Lev. 16:18, provavelmente seja o altar de incenso, comparar com Êxodo 30:1-10). Tomava sangue do novilho e do bode e o colocava nas pontas do altar. Depois espargia sangue sete vezes sobre o altar.
Uma vez feito isto, a expiação estava acabada (Lev. 16:20)e só então o Sumo Sacerdote tomava o bode vivo ("para Azazel"), colocando as mãos sobre a cabeça do bode, confessava sobre ele todos os pecados do povo e o bode era enviado ao deserto. Notemos que este bode não participava do processo de expiação pois esta já tinha sido feita. Talvez o salmista se referisse a esta parte da cerimonia quando escreveu, falando acerca do ímpios: ``entrei no santuário de Deus; então percebi o fim deles". O bode por Azazel representa Satanás e todos os ímpios que, por não ter aceito o sacrifício expiatório de Cristo devem carregar o peso e a consequência dos seus próprios pecados, sofrendo assim a eterna separação de Deus e Seu povo (o que significa em última instância, destruição eterna). No caso de Satanás, ele deve levar também sua parte de culpa nos pecados dos santos por ter sido ele o originador da rebelião e o pecado (por esta razão os pecados do povo são confessados sobre o bode para Azazel). Desta forma o Dia da Expiação ilustra a final destruição do pecado e dos ímpios.
O Dia da Expiação antitípico começou em 1844 tal como foi anunciado pelo profeta Daniel (Daniel 8:14)
Festa dos Tabernáculos (Lev. 23:33-44)
No dia quinze do sétimo mês, começava a chamada Festa dos Tabernáculos (Sukkot) e durava sete dias. No primeiro dia havia uma santa convocação. Os israelitas deviam construir tabernáculos com folhas de palmeiras e ramos de árvores para morar neles durante os sete dias da festa. No oitavo dia havia novamente uma santa convocação.
A festa lembrava o tempo que os israelitas habitaram em tendas no deserto durante a viagem até a Terra Prometida logo de serem libertos da opressão do Egipto. Por esta razão a festa se torna um tipo da nossa libertação e nossa translação à verdadeira Terra Prometida, Canaã Celestial onde finalmente habitaremos nas moradas que Jesus foi preparar para nós.

CONCLUSÃO

Neste trabalho foram descritos os principais aspectos do sistema ritual judaico centrado no santuário, e foram interpretados os principais tipos e símbolos encontrados nestas cerimónias. Evidentemente o trabalho não foi exaustivo (nem pretendia sê-lo) pois deixamos de lado temas interessantes e variados como: o vestuário dos sacerdotes, a cerimonia da novilha vermelha (Num. 19), as libações e ofertas de manjares, o ciclo de anos sabáticos e jubileus e até aspectos das festas descritas que julgamos secundários para este trabalho introdutório. Pensamos ter atingido o nosso objectivo maior, a saber, apresentar as cerimonias judaicas mais importantes e significativas, não só para a interpretação das profecias de Daniel e Apocalipses, mas também para a compreensão do ministério sacerdotal realizado no Santuário Celestial por Jesus, o nosso Sumo Sacerdote.

O SANTUÁRIO NAS PROFECIAS DE DANIEL

Não é o objectivo deste trabalho estudar em detalhes as profecias do livro de Daniel, porém não é possível realizar um estudo satisfatório do santuário sem se referir à obra de Cristo tal como ela é descrita nos livros de Daniel e Apocalipse. Referiremos só algumas ideias que mostram esta conexão santuário-profecias e ao mesmo tempo mostram a Cristo como O centro destas duas revelações bíblicas.
Comummente, as profecias de Daniel são estudadas na ordem sequencial dos capítulos (isto é, se estudam os capítulos 2,7,8 e 9, nesta ordem). Mas para os nossos objectivos, será conveniente começar analisando o capítulo 9.
Daniel 9: o Santuário e o Sacrifício
O capítulo começa com uma fervorosa oração. Daniel estava preocupado com a restauração de Israel e principalmente com o estado no qual se encontrava o Templo em Jerusalém (ver, por exemplo, o verso 17). Daniel tinha percebido que os 70 anos de cativeiro previstos por Jeremias estavam a chegar ao seu fim e perguntava-se se acaso as profecias de tempo dos capítulos anteriores significavam um adiamento da restauração de Israel. Isto preocupava o profeta, pois o exílio do povo, o estado de destruição de Jerusalém e principalmente o facto do Templo estar em ruínas, significava desonra para Deus. Portanto, repetimos mais uma vez, Daniel estava preocupado com a restauração do Santuário em Jerusalém.
Mas o anjo Gabriel foi enviado para dar explicações a Daniel. O anjo explicou-lhe que não era o Templo de Jerusalém que devia ser o centro da suas preocupações (de facto o Santuário Terrestre seria definitivamente destruído, Dan.9:26) e dirigiu o olhar de Daniel para o Santuário Celestial do qual nos fala o livro de Hebreus (ver Heb. 8:1-2). É com o Santuário Celestial que a verdadeira obra de restauração está relacionada. Como veremos, as profecias de Daniel 9,8 e 7 (e grande parte das profecias de Apocalipse) são na verdade revelações acerca do Santuário Celestial.
Como já fora explicado, o versículo 24 faz referência à inauguração do Santuário Celestial (``...e para ungir o Santíssimo'', diz o verso). Isto significa que a profecia das setenta semanas indica o tempo em que entraria em funções o Santuário Celestial. Mas o aspecto mais importante deste capítulo é mostrar o Messias como o verdadeiro sacrifício em nosso favor, que acabaria com todos cerimoniais do Santuário Terrestre (versos 25 a 27).
Do estudo feito neste trabalho, podemos ver que as festas bíblicas agrupam-se em dois pólos. Primeiro temos as festas associadas à Páscoa: Pães Ázimos, Primícias e Pentecostes (pois a data de realização da festa de Pentecostes depende da realização da Páscoa. Em segundo lugar temos as festas associadas ao Dia da Expiação: Festa das Trombetas e Festa dos Tabernáculos. Como vemos, o capítulo 9 de Daniel relaciona-se com a inauguração do Santuário e com as festas associadas à Pascoa.
Mas, poderíamos pensar, haverá alguma profecia, no livro de Daniel, referente às festas associadas ao Dia da Expiação? A resposta é Sim. Estas profecias estão nos capítulos 7 e 8 de Daniel.
Daniel 7 e 8. Juízo Pré-Advento
A referência mais evidente ao Santuário se encontra em Daniel 8:14: ''E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado''. De acordo com o dito nos parágrafos anteriores, a referência deve ser ao Santuário Celestial. É necessário, porém, que entendamos que significa a purificação do santuário.
No contexto de Daniel 8 a purificação do Santuário aparece como a reacção divina frente aos ataques do poder opressor representado pelo chifre pequeno (ver Daniel 8:9-14). No capítulo 7, vemos novamente a acção de um poder perseguidor do povo de Deus e a resposta divina, mas desta vez a reacção de Deus contra os Seus inimigos é representada por um juízo que culmina com a destruição dos inimigos de Deus e, por contraste, a final vindicação do povo de Deus ao receberem o Reino (ver Daniel 7:7-10 e 21-26). Devemos notar também que o Dia da Expiação apontava justamente a acção divina que culminaria com a destruição final do pecado e os ímpios. Fundamentados no princípio de paralelismo das profecias de Daniel e sustentados pelo contexto discutido nas linhas anteriores, podemos concluir que a purificação do Santuário, o juízo mencionado em Daniel 7 e o Dia da Expiação descrevem o mesmo acontecimento e portanto são equivalentes. Esta obra de juízo tem sido tradicionalmente chamada de Juízo Investigativo ou melhor, Juizo Pre-Advento, pois ele acontece antes da Volta de Jesus.
Sumário e Comentários Finais
Vimos que Daniel 9 está intimamente relacionado com as festas associadas à Pascoa e que Daniel 7 e 8 relacionam-se às festas associadas ao Dia da Expiação. Podemos dizer que estes três capítulos não são mais do que um profecia acerca do Santuário Celestial ou, equivalentemente, sobre a obra de Cristo primeiro como o sacrifício substitutivo e logo como Sumo-sacerdote. É, em última instância, esta profunda relação entre estes capítulos que nos permitem afirmar que os períodos proféticos de Daniel 8 e 9 devem ter início na mesma data, a saber, 457 A.C. com a promulgação do decreto de Artaxerxes (ver Esdras 7:1-26).
Para finalizar, notemos que os capítulos 4 e 5 de Apocalipse não são mais do que uma versão mais detalhada da visão de Daniel 7:9-14. Assim, a relação entre Apocalipse e o Santuário se torna ainda mais intensa e viva o que nos dá maior e mais forte motivação para o estudo dos assuntos relacionados aos serviços nos Santuário, tanto o terrestre como o celestial.

22 de junho de 2009

JESUS E O SANTUÁRIO EM HEBREUS 9 e 10

O livro de Hebreus em geral, e os capítulos 8, 9 e 10 em particular, é de grande importância para estabelecer o entendimento tradicional Adventista acerca do santuário. Em passagens que tradicionalmente mostravam Jesus a entrar no Santuário, edições modernas (por exemplo a Edição Contemporânea da versão de Almeida) substituiu a palavra “santuário” por “santo dos santos”, dando a entender que Jesus teria entrado no Lugar Santíssimo no ano 31 AD. Vamos analisar de forma sucinta esta questão.
No texto grego, a palavra que designa o Lugar Santo em Heb. 9:2 é "Hagia" ( Agia) que literalmente quer dizer “Santo” ( apalavra "Lugar” não aparece no original). A expressão que designa o Lugar Santíssimo no verso 3 é ``Hagia Hagíon" ( Agia Agiwn) que significa literalmente "Santo dos Santos" (de novo a palavra "Lugar" não aparece).
Nos versos em questão, por exemplo Heb. 9:12, aparece a expressão `ta hagia" (ta agia) que dignifica ``os santos". O verso, então, diz que Jesus entrou ”nos santos (lugares)”, isto é, no Santuário. Aliás, a mesma expressão (só que no caso genitivo em vez do acusativo) aparece em Heb 8:2, sendo traduzida universalmente como “santuário”. Os professores F. Rienecker e C. Rogers na Chave Linguística do Novo Testamento Grego comentam que a expressão significa o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo em conjunto, isto é, santuário.
Portanto concluímos que a tradução certa é “santuário” em concordância com a interpretação Adventista do Sétimo Dia desde a sua origem. Não devemos deixar de registar neste momento o seguinte; em 1844 nenhuma Religião Cristã tinha este ensinamento, os pioneiros Adventistas não eram teólogos, eram sem dúvida homens e mulheres de oração. Sem excluir a inteligência, o conhecimento mais exigente, Deus procura aqueles que são humildes de coração para revelar a Sua justiça “inocência”, encontrou nesse grupo corações plenamente receptivos à revelação do Espírito Santo. Seja Deus louvado pelos séculos dos séculos. Amem.

O TEMPO

“O tempo perguntou ao tempo qual é o tempo que o tempo tem! O tempo respondeu ao tempo que o tempo tem o tempo que o tempo tem.” Esta é uma das lengalengas mais conhecidas e nós temos e continuaremos a falar do “tempo profético” as profecias dos últimos tempos.
Podíamos falar do chamado tempo meteorológico e congratular-nos com a Primavera ou o Verão que com os seus raios de sol afagam e restauram o nosso corpo e mente e nos fortalecem para o tempo de Outono e Inverno. Portugal, é um país com imensas praias e muitas delas hasteiam a Bandeira Azul. Símbolo de qualidade e sustentabilidade das praias.
Poderíamos neste artigo falar uma vez mais do tempo de crise, o tempo das epidemias, pandemias, o tempo da fome, ou…
Mas hoje proponho-me falar do tempo marcado pelo relógio. No tic-tac que comanda as nossas vidas. No tic-tac que nos faz acordar. No tic-tac que nos manda dormir. No tic-tac que marca os nossos compromissos.
Todos sabemos que, ao contrário dos britânicos, os portugueses não são muito dados a pontualidades, seja qual for a ocasião. Ora é daqui que nasce o quarto de hora académico, ou seja se uma aula está marcada para as 8h00 já se sabe que é para estar na porta da sala às 8h15. o mesmo acontece com as inaugurações. Raramente começam à hora marcada, normalmente começam “à boa maneira portuguesa com um quarto de hora de atraso.” Agora é chato quando o quarto de hora se torna quase numa hora e não há meio da festa começar.
Veja bem, o que quero dizer, os atrasos são tão comuns neste país à beira-mar plantado que já há quem marque acontecimentos para um quarto de hora antes do previsto para evitar eventuais atrasos!
“O tempo perguntou ao tempo qual é o tempo que o tempo tem! O tempo respondeu ao tempo que o tempo tem o tempo que o tempo tem.”
O tempo é sempre subjectivo e mesmo que os dias tivessem mais horas o problema do tempo continuaria intemporal.
Será por isso que nós portugueses, brasileiros, cabo-verdianos, angolanos, moçambicanos, guineenses, santomenses e todos os de fala portuguesa não nos preocupamos com o tempo bíblico? Será que este tempo também é subjectivo!
Esta não é uma reflexão bíblica por isso voltemos ao nosso tema para terminar. “O tempo perguntou ao tempo qual é o tempo que o tempo tem! O tempo respondeu ao tempo que o tempo tem o tempo que o tempo tem.”
Faça de cada tempo o melhor tempo do mundo. Pois nunca sabemos o que os próximos tempos nos reservam, a menos, sim a menos que sejamos dirigidos pelo Senhor do tempo. Por falar nisto conhece este texto?
João 1:1-5:
"1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
2 Ele estava no princípio com Deus.
3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
4 Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens;
5 a luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela."
Afinal o tempo não é subjectivo, há o Sehor do tempo: Jesus o "Verbo", a Palavra que fez o tempo e o cotrola, deixe que Ele controle o seu tempo, vai ver como terá mais tempo.
Deus o abençoe em Cristo.

19 de junho de 2009

PROFECIA E ESCATOLOGIA

A escatologia, está cheia de autores que não têm qualquer problema em imaginar cenários, figuras compostas, teorias de conspiração, pessimismo mórbido entre outras coisas que são prejudiciais à credibilidade da Igreja na sua missão de proclamar a Verdade.
Todos nós que de alguma forma já lemos algo sobre esta temática, conhecemos inúmeras figuras que ao longo da história, foram conotadas e apontada como sendo o “tal”, anticristo, aquele que parece ser o mais desejado, que o próprio Cristo, o que sinceramente me parece estranho.
A história mais recente é pródiga em inúmeros candidatos. Tanto em revistas da especialidade, como em artigos e até livros, alguns dos quais ainda se encontram à venda.
Não posso esquecer um livro que li sobre os acontecimentos catastróficos que o “Caos do Ano 2000” (Y2K) iria causar a toda a terra e em como esse livro serviria de manual com instruções para sobreviver a todos os acontecimentos desastrosos.
A razão porque falei deste livro, pasme-se, é que consegui adquiri-lo na livraria de uma igreja depois do referido ano "catastrófico" ter passado.
Nada do que foi previsto tinha acontecido, mas nem assim houve a decência para retirar a referida “obra” dos escaparates. Parece que o “negócio” fala mais alto que a Verdade e o compromisso com a honestidade.
O anticristo, tem sido, usado da mesma forma para que muitos façam dinheiro em adivinhações que se revelam erradas, mas o mais grave, é que nem ainda assim param. Aliás, se as pessoas continuam a consumir para quê tirar-lhes esta “droga” tão apetecível e necessária?
Deut. 18:22 “Quando o tal profeta falar em nome do Senhor, e o que disse não acontecer nem se realizar, essa palavra não procede do Senhor. Com soberba falou o tal profeta. Não tenhas temor dele.”
O cristão é uma pessoa de fé, um crente, mas não um crédulo, antes pelo contrário sabe perscrutar a verdade e não se satisfaz com qualquer coisa só porque alguém usa o epíteto final
“Assim diz o Senhor”.
I Co.14:29 “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.”
O Ap. Paulo ensinou a igreja a ser criteriosa e exigente quando alguém ousa falar algo que considera que recebeu de Deus. Julguem, é uma ordem!
Há quem se entretenha a discutir a cessação ou não dos dons espirituais na liturgia da igreja, outros a contabilizar profecias, ainda há os que se arrogam ter recados pessoais e usar os instrumentos mais sagrados, como a pregação, oração, louvor, profecia, para os transmitir.
A ordem do Apóstolo para julgar as profecias parece ficar no esquecimento ou é inibidor para os cristãos, talvez por julgar ser uma actividade que nos está vedada, mas não neste caso, pois não julgamos a pessoa, nem a intenção, mas a profecia em si.
Qualquer pessoa que tenha a ousadia de prever sobre qualquer área ou matéria que Deus achou por bem ficar em abstracto, deve saber de antemão, e até desejar, que o que diz ou escreve seja julgado pela igreja, pois foi essa a orientação de Paulo.
A palavra de Deus é a verdade a respeito de qualquer assunto a que se refere. Desta forma não pode de maneira nenhuma ser deturpada por interpretações apressadas ou que se provam falaciosas.
A Igreja, os líderes, os pastores, os que exercem funções didácticas, o crente em geral; todos devem ser exigentes e comprometidos com a verdade. Não permitir que os critérios baixem ou sejam considerados como secundários, na busca incessante da Verdade para a vida dos homens em geral.
A profecia e toda a abordagem às questões escatológicas devem ser tratadas com toda a seriedade e ao mesmo tempo exigência de todos.
Núm. 11:29 “Oxalá que todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Espírito.”
Este desabafo e desejo de Moisés tem a oportunidade de hoje se cumprir na igreja, “pois o seu Espírito foi derramado sobre toda a carne.” Act.2:17 no entanto isto não significa a banalização, antes pelo contrário a responsabilização.
Ninguém pense que Deus permite o desleixe ou critérios menos exigentes, só porque o seu Santo Espírito agora habita no meio do seu povo. Ao contrário, devemos ser mais exigentes e criteriosos, pois quando falamos está em causa a verdade e a autoridade, pois fomos feitos arautos das boas novas que mudam a história da humanidade.
A minha observação vai no sentido em que todos nos tornemos mais comprometidos com a verdade, sejamos criteriosos e forcemos quem aborda estes assuntos a responder pelas tentativas de adivinhação que saem erradas e causam mais confusão e escárnio ao evangelho.
Recomendo até que se comece a exigir, tanto aos autores, como editores, a devolução do dinheiro que foi dispendido em material que se provou ser espúrio e enganoso.
Está na altura da Igreja Adventista do Sétimo Dia elevar a sua exigência ao nível da Verdade e nada menos que isso nos deve satisfazer.
Bem-haja