O movimento do advento, por volta dos anos de 1840, que mais tarde deu origem à Igreja Adventista do Sétimo Dia, de uma forma muito particular e especial, nasceu do estudo da profecia de Daniel 8:14:
“Até duas mil e trezentas tardes e manhãs, e o santuário será purificado.”
A doutrina da purificação do santuário na sua relação com o evangelho eterno e o dia do juízo é exclusiva da Igreja Adventista, de forma que nenhuma outra denominação religiosa no planeta interpreta esta profecia desta maneira.
A grande questão que deveremos responder é:
Existe base bíblica que fundamente de forma convincente esta doutrina característica da Igreja Adventista do Sétimo Dia?
Ao partirmos em busca desta resposta, precisamos estar cientes que está em jogo algo muito mais importante que a crença em mais uma doutrina entre muitas outras, tais como, a existência ou não de um inferno, a mortalidade ou imortalidade da alma, ou mesmo o próprio sábado do sétimo dia. Está em jogo, nada mais nada menos que a própria existência da Igreja Adventista como um povo que acredita ter surgido de um momento profético com uma mensagem singular.
Dependendo da resposta que encontrarmos para esta pergunta vital, precisaremos fazer outras perguntas. Por exemplo, no caso de ficar comprovada a falta de base bíblica para se sustentar esta doutrina, a questão será: Por que devo continuar a ser um Adventista do Sétimo Dia?
Agora, caso se verifique os fortes e inabaláveis fundamentos bíblicos onde repousa esta peculiar interpretação profética precisamos reavaliar a nossa postura perguntando-nos: Estamos a cumprir a nossa missão peculiar?
Como podemos ver muita coisa poderá estar em jogo neste estudo e em outros que faremos sobre este tema.
O GRANDE CONFLITO ENTRE CRISTO E SATANÁS
Foi em Ohio (USA), num funeral realizado numa tarde de domingo, em Março de 1858, na escola pública de Lovett's Grove, que foi dada à Ellen G. White a visão do grande conflito entre Cristo e Satanás e seus
respectivos anjos, desde o seu início até ao fim. Em 1888 surge o livro O Conflito dos Séculos, onde as cenas que lhe foram apresentadas em visão foram escritas de maneira mais completa. Dois anos depois, em 1890, ela escreveu o livro Patriarcas e Profetas cujo capítulo inicial apresenta impressionantes detalhes de como este conflito que começou no céu.
respectivos anjos, desde o seu início até ao fim. Em 1888 surge o livro O Conflito dos Séculos, onde as cenas que lhe foram apresentadas em visão foram escritas de maneira mais completa. Dois anos depois, em 1890, ela escreveu o livro Patriarcas e Profetas cujo capítulo inicial apresenta impressionantes detalhes de como este conflito que começou no céu.
Quando se fala no grande conflito cósmico entre Cristo e Satanás, imediatamente quase todo o adventista do sétimo dia pensa nos escritos de Ellen White. Portanto, a questão aqui é:
O grande conflito entre Cristo e Satanás está baseado naquilo que a Bíblia ensina ou numa visão que Ellen White teve?
Vamos à Bíblia: Apocalipse 12:7-12
“Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos. Então, ouvi grande voz do céu, proclamando: Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus. Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida. Por isso, festejai, ó céus, e vós, os que neles habitais. Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta.”
Os versos acima são muito claros e diretos, de forma que não deixa qualquer sombra de dúvida quanto ao grande conflito entre Cristo e Satanás ser uma verdade Bíblica.
Por estes versos sabemos:
1- O Conflito começou no céu;
2- De um lado está Miguel (Cristo*) com os seus anjos;
3- E do outro está o dragão (Satanás) com os seus anjos;
4- O dragão foi expulso do céu e tem como objetivo seduzir outros para o seu lado;
5- A identificação do dragão como a antiga serpente (alusão a Génesis 3), o diabo ou Satanás;
6- O conflito transferiu-se para este planeta;
7- A morte de Cristo não somente trouxe salvação para as pessoas que vivem neste planeta, mas estabeleceu novamente a autoridade do Filho de Deus expulsando de forma definitiva os anjos rebeldes do convívio celestial juntamente com todas as acusações que antes faziam diante de Deus;
8- A vitória foi estabelecida mediante o sangue do cordeiro;
9- Aqueles que se posicionaram do lado vitorioso podem ter que selar a sua decisão com a própria vida;
10- Todo o planeta sofre tendo em vista a ação desesperada de Satanás, que já sabe que lhe resta pouco tempo.
É curioso observar que o capítulo 12 do Apocalipse encontra-se no centro deste livro, pois são 194 versículos até ao último verso de Apocalipse 11, e 193 versos do capítulo 13 ao 22. E mais, os versos 7 a 12 são a parte central deste capítulo. Parece que não restam dúvidas quanto à centralidade deste assunto no livro de Apocalipse, bem como o seu inquestionável fundamento na Bíblia.
Este nome só aparece 5 vezes na Bíblia:
Dan. 10:13 – Miguel, um dos primeiros príncipes.
Dan. 10:21 – Miguel, vosso príncipe.
Dan. 12:1 – Miguel, o grande príncipe.
Judas 9 – O Arcanjo Miguel.
Apoc.12:7 – Miguel e seus anjos.
Em Judas (verso 9) Miguel aparece como o Arcanjo (chefe dos anjos), e na Bíblia só existe apenas um outro texto onde a palavra “Arcanjo” aparece, I Tess. 4:16. Neste texto o Senhor Jesus é descrito pelo Apóstolo Paulo como aquele que irá descer “do céu com grande brado, à voz do Arcanjo”, por ocasião da primeira ressurreição, ou seja, na Bíblia só existe um Arcanjo, e este é claramente identificado como sendo Jesus (comparar com João 5:28 e 29).
Jesus usa o nome Miguel só quando aparece enfrentando a Satanás, o qual tinha a pretensão de ser como Deus (ver Isa. 14:14).
JUSTIFICAÇÃO E VINDICAÇÃO
Vimos em Apoc. 12:7-12 que no grande conflito universal, Satanás está em acção “de dia e de noite” e acusa a todos diante de Deus. Em Zacarias 3:1-4 encontramos mais detalhes deste processo:
“Ele me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do anjo do Senhor, e Satanás estava à sua mão direita, para se lhe opor. Mas o anjo do Senhor disse a Satanás: Que o Senhor te repreenda, ó Satanás; sim, o Senhor, que escolheu Jerusalém, te repreenda! Não é este um tição tirado do fogo? Ora Josué, vestido de trajes sujos, estava em pé diante do anjo. Então falando este, ordenou aos que estavam diante dele, dizendo: Tirai-lhe estes trajes sujos. E a Josué disse: Eis que tenho feito com que passe de ti a tua iniqüidade, e te vestirei de trajes festivos.”
Este texto amplia uma faceta do grande conflito entre Cristo (o Anjo de YHWH) e Satanás:
1- O sumo sacerdote Josué diante do Anjo do Senhor tendo à sua direita Satanás a fazer oposição (resistência, acusação);
2- O Anjo do Senhor repreende a Satanás em nome do Deus eterno;
3- O sumo sacerdote Josué é comparado a um tição tirado ou resgatado do fogo;
4- O sumo sacerdote Josué estava vestido com trajes sujos simbolizando a sua iniquidade ou pecaminosidade;
5- O Anjo do Senhor ordena que os trajes sujos sejam retirados e substituídos por trajes limpos.
Encontramos aqui uma descrição que pode muito bem assemelhar-se às cenas de um julgamento:
O réu = O sumo sacerdote Josué
O advogado de defesa = O Anjo do Senhor
O advogado de Acusação = Satanás
A acusação = Iniquidade
A prova = Roupas sujas
A sentença = Morte pelo Fogo
Caso o Anjo do Senhor não tivesse falado nada e não tivesse feito nada, parece-nos que a condenação do sumo sacerdote Josué era líquida e certa, pois para a acusação que lhe foi imputada existiam provas suficientes para a sua condenação. No entanto, de forma surpreendente o advogado de defesa levantou-se para fazer calar a acusação e mudar o estatuto do réu de culpado a inocente.
Como pode ser isto?
Como pode as provas serem trocadas?
Como pode a acusação ter sido cancelada?
Como pode alguém comprovadamente culpado ser tido como inocente?
A resposta que o Deus eterno deu a todo o universo está na CRUZ DE CRISTO:
“Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e o seu descendente; este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” (Gén. 3:15).
“Fez o Senhor Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher, e os vestiu.” (Gén. 3:21).
“Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto ... tomou o carneiro e o ofereceu em holocausto em lugar de seu filho.” (Gén. 22:8 e 13).
“Aos dez deste mês tome cada homem um cordeiro para a sua família, um cordeiro para cada casa ... os guardareis até o décimo quarto dia deste mês, quando toda a assembléia da congregação de Israel o matará ao crepúsculo. Tomarão o sangue e o porão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerem ... esta é a páscoa do Senhor ... o sangue vos será por sinal nas casas que estiverdes.” (Êxodo 12:3, 6, 7, 11 e 13).
“Também cada dia prepararás um novilho como oferta pelo pecado para as expiações ... cada dia continuamente ... este será o holocausto contínuo.” (Êxodo 29:36, 38 e 42).
“Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si ... mas ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados ... o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos ... pela transgressão do meu povo foi ele atingido ... o meu servo, o justo, justificará a muitos, e as iniqüidades deles levará sobre si ... pois ele levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu.” (Isa. 53:4, 5, 6, 8, 11 e 12).
Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! (João 1:29).
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16).
“Pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, e são justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Deus o propôs para a propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos sob a tolerância de Deus.” (Rom. 3:23-25).
“Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” (Rom. 5:8).
“Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressurgiu dentre os mortos, o qual está a direita de Deus, e também intercede por nós.” (Rom. 8:33 e 34).
“Pois Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós.” (I Cor. 5:7).
“Pois primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as escrituras.” (I Cor. 15:3).
“Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.” (II Cor. 5:21).
“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós, pois está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro.” (Gálatas 3:13).
“Nós temos a redenção pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo as riquezas da sua graça.” (Efésios 1:7).
“Havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus.” (Col. 1:20).
Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual se deu a si mesmo em resgate por todos, para servir de testemunho a seu tempo. (I Tim. 2:5-6).
“Jesus, coroado de glória e de honra por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos.” (Hebreus 2:9).
“Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver ... mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha.” (I Pedro 1:18 e 19).
“Ele mesmo levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; pelas suas feridas fostes sarados.” (I Pedro 2:24).
“O sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado.” (I João 1:7).
“Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, porém, alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. Ele é a propiciação pelos nossos, e não somente os nossos, mas também pelos de todo o mundo.” (I João 2:1 e 2).
“Aquele que nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados.” (Apoc. 1:5).
“Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo e nação.” (Apoc. 5:9).
“Estes são os que vieram de grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do cordeiro.” (Apoc. 7:14).
“Bem aventurados aqueles que lavam as suas vestes no sangue do cordeiro para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas.” (Apoc. 22:14).
É desta maneira que o pecador pode ser justificado e o caráter de Deus pode ser vindicado perante todo o universo.
“Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro.” (Apoc. 12:11)
É por este motivo que no grande conflito entre Cristo e Satanás, no qual todos nós participamos, o segredo da vitória, tanto de Deus como nossa, está única e exclusivamente no SANGUE DO CORDEIRO:
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