8 de janeiro de 2012

O BEM E O MAL EM APOCALIPSE 12

As profecias de Daniel e de Apocalipse complementam-se. A base de todas as profecias é, como já referimos, a profecia de Daniel 2 – a estátua – onde é revelada a sucessão dos impérios no tempo longo. Na verdade, através desta profecia, sabemos onde encaixar as restantes profecias no tempo histórico. As de Apocalipse têm, de igual modo, que se enquadrar ou, se quisermos, encaixar, nas 7 diferentes partes do esquema da estátua de Daniel 2 que acima analisámos.

Neste capítulo encontramos, de uma forma esquemática o conflito entre o Bem e o Mal. No livro do profeta Daniel temos toda a panorâmica desde os dias do profeta até à 2ª vinda de Cristo. Aqui, neste capítulo, encontramos todas as fases desta – Grande Controvérsia – entre estas duas mesmas entidades – o Mal e o Bem – desde o seu início, no Céu, até ao tempo da guerra final contra a verdadeira Igreja de Deus nos últimos tempos. Assim, em Apocalipse 12, qual é a primeira parte, ou fase, deste conflito entre o Bem e o Mal? Vejamos: - “Houve batalha no céu (…)” – v.7. Afinal, onde começou esta guerra? No Céu. E quem foi o vencedor? Claro, Cristo. Assim, se Jesus foi vitorioso, desde o princípio, certamente que também será no tempo do fim. Perante esta realidade, o que é que o ser humano terá que fazer? Sem dúvida que, para sermos vencedores, basta unir-nos ao vencedor, não ao vencido. Portanto, a nossa opção é tremendamente fácil, pois esta não depende de ninguém a não ser de nós próprios.
Continuemos a examinar o texto deste capítulo – (v.7)- “Houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão; e batalhava o dragão e os seus anjos. (8)- Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus. (9)- E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele” – Apocalipse 12. Qual é a primeira grande etapa desta Grande Controvérsia? É, como já dissemos, a que teve lugar, no princípio, no Céu. E onde será, neste contexto, a seguinte etapa? Vejamos o v.1: - “E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça”. Ela terá lugar nesta Terra, com a Igreja verdadeira de Deus, como iremos ver. O que representa, biblicamente falando, uma mulher? Claro, representa uma Igreja. A nossa informação, como sempre, é a própria Palavra de Deus, pois ela interpreta-se a si mesma o confirma, quer no Antigo Testamento, quer no Novo Testamento – II Coríntios 11.2; Efésios 5.21-23.
Esta mulher estava “vestida do sol”. Mas, o que poderá representar este “sol”? Este representa, sem dúvida, a pessoa de Jesus Cristo, ou o Novo Testamento, porque Cristo é “(…) o sol da justiça (…)” – Malaquias 4.2. Por esta razão é que o povo de Deus constitui os “filhos da luz” – Lucas 16.8; I Tessalonicenses 5.5. O texto continua dizendo que tem “a lua debaixo dos seus pés”. O que é que dá testemunho de Jesus, que é, na verdade, o Seu reflexo? A Sua Palavra – a Bíblia – pois desta disse
Jesus: - “Examinais as Escrituras porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam” – João 5.39. Neste caso, a Lua, dá testemunho, reflecte que luz? Sim, a luz vinda directamente do Sol. Continuando a descrição da ornamentação desta mulher, é dito que tem “uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça”. O que é que estas representam? Não somente anjos – cf. Apocalipse 1.20 – como também as pessoas que seguem Jesus. E qual a razão da menção do nº 12, tendo em conta o Antigo Testamento? As 12 estrelas “aparecem aqui para significar a família de Israel – Jacob, Raquel – e os seus doze filhos. Jesus nasceu do povo de Israel; Ele era israelita, descendente de David – Romanos 1.3 - de Abraão – cf. Gálatas 3. 29. Cristo nasceria da mulher (Igreja) do Antigo Testamento. Na verdade, os símbolos - Sol, Lua e as estrelas – não foram escolhidos ao acaso, mas sim para realçar uma grande verdade, visto que estes constituem notáveis símbolos de luz.
Vejamos o verso 2: - “E estava grávida, e com dores de parto; e gritava com ânsias de dar à luz”. Porque é que esta mulher está a gritar com dores de parto? A mulher, a Igreja do Antigo Testamento, chorava com dores de parto visto que este projectava-se na vinda do Messias há tanto tempo esperado. Verso 3: - “E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas. (4)- E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho. (5)- E deu à luz um filho, um varão que há-de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono”.
Podemos ver aqui uma interessante lição. Até aqui vimos o que representa esta mulher. Que período representa esta mulher? Obviamente que representa o período antes do nascimento de Jesus Cristo, pois não existiria a Igreja do Novo Testamento se o filho não nascesse. Qual é a fonte de inspiração, no Antigo Testamento, que serviu de base para estes primeiros versos deste capítulo? Estes versículos têm pontos de contacto com algo que se passou no Antigo Testamento, fonte de inspiração do livro do Apocalipse. Onde se encontra, no Antigo Testamento, a base deste texto do vidente de Patmos? Vejamos, desde já, algo curioso. Não deixa de ser interessante a maneira como o Antigo Testamento caracteriza o Faraó (rei) do Egipto, a saber: - “Fala e dize: Assim diz o Senhor Jeová: Eis-me contra ti, ó Faraó, rei do Egipto, grande dragão (…)” – Ezequiel 29.3.
À luz do texto, Faraó está conectado com o dragão; fazendo agora a devida contextualização – será que o povo de Deus, nos dias de Moisés, clamava e gemia pela sua libertação? Vejamos o texto a que nos referimos: - (v. 23)- “E aconteceu depois de muitos destes dias, morrendo o rei do Egipto, que os filhos de Israel suspirando por causa da servidão e clamaram; e o seu clamor subiu a Deus por causa de sua servidão. (24)- E ouviu Deus o seu gemido e lembrou-se Deus do seu concerto com Abraão, com Isaque e com Jacó”- Êxodo 2. Vemos aqui que os filhos de Israel: 1- suspiravam; 2- clamavam; 3- gemiam. Afinal, o que é que anelava o povo de Deus? Claro, um libertador. Mas, havia, para já, um problema, um obstáculo – no Egipto estava o grande dragão (Faraó). De seguida, eis que irá nascer uma criança à qual será posto, pela filha do Faraó, o nome de Moisés – “(…) porque das águas o tenho tirado” – Êxodo 2.10. Quando a criança nasce, segundo o relato de Apocalipse: - “o dragão parou diante da mulher (…) para que lhe tragasse o filho” – Apocalipse 12.4; cf. Êxodo 1.16,22. Ou ainda, como o evangelho o afirma em relação ao nascimento de Cristo: - “Herodes (…) mandou matar todos os meninos (…) de dois anos para baixo” – Mateus 2.16. Toda esta simbologia do Apocalipse, como dissemos, vem directamente da História de Israel, do passado.
O povo está a gemer para que nasça o libertador e Deus faz nascer Moisés. O grande dragão prepara-se para eliminar a criança e o Egipto a protege. Caso curioso, o mesmo acontecerá com o próprio Jesus, tal como se encontra relatado nos evangelhos: - “(…): Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e foge para o Egipto e demora-te lá até que eu te diga; porque Herodes há-de procurar o menino para o matar” – Mateus 2.13. Agora, na fase adulta, Jesus irá para o deserto e ali permanecerá 40 dias, para ser tentado, enfim, para conhecer o Seu ministério166 – cf. Lucas 4.2. Do mesmo modo, Moisés irá passar 40 anos no deserto para se preparar para o que estava diante de si – o seu ministério – cf. Actos 7.23, Êxodo 2.11; 7.7. Jesus, depois de ter sido tentado dá um Sermão ou a Lei do Reino, sobre a Montanha e ensina a Lei; Moisés, de igual modo, sobe à montanha do Sinai, recebe a Lei de Deus e a transmite.167 Moisés morre e é arrebatado para Deus; Cristo morre e é, igualmente, “arrebatado para Deus e para o seu trono” – Apocalipse 12.5. Todo o substrato do texto do Apocalipse que nos ocupa tem a sua fonte na história de Moisés.
A que período histórico correspondem os factos inerentes ao nascimento de Jesus relatados aqui no Apocalipse? Ou melhor, sob que Império nasceu? O Império Romano – Roma pagã. E agora, o que deverá acontecer, a seguir, para que o ocorrido possa estar no mesmo alinhamento das 7 etapas de Daniel 2? Nos acontecimentos a seguir relatados, o texto catapulta-nos para a 2ª fase do Império Romano – Roma papal. Ora vejamos: (v. 13)- “E quando o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o varão. (14) E foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos e metade de um tempo, fora da vista da serpente” – Apocalipse 12. Para que não haja quaisquer equívocos, o texto precisa que o dragão perseguirá, não uma mulher (Igreja) qualquer, mas unicamente aquela que o desmascara, ou seja aquela que suscita, pela sua fé e modo de viver, aquela “mulher que dera à luz o varão”. Note-se que esta mulher (Igreja) tem outra fase. A 1ª- teve que ver com o nascimento do filho varão; A 2ª- como os planos do dragão (o que ele representa – Roma Imperial – na pessoa do rei Herodes) ficaram frustrados, este vira-se agora, precisamente contra a mulher (Igreja) – a que dera à luz –, sob outro poder perseguidor – Roma papal.
Concretamente, que período está aqui compreendido? Já sabemos que este se estende por um período de “um tempo, e tempos e metade de um tempo”, período que corresponde a 1.260 dias/anos, o qual teve o seu início no ano 538 e que terminou no ano 1798, como vimos anteriormente. Que poder é que ocupou este lugar na História? Não o Imperial, certamente, pois já nãos existia, mas sim a sua continuação - Roma papal (o papado). Existe uma fase que teremos que acrescentar a esta. Depois deste período acima referido vem um outro. Este não está mencionado em Daniel 2, 7 e 8 – ou seja, o período em que a Terra ajuda a mulher – Apocalipse 12.16. Existiu um período em que a Igreja receberá “um pequeno socorro” – Daniel 11.34 – visto que este socorro é uma ajuda. A Terra ajudou a mulher porque “E a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para que pela corrente a fizesse arrebatar” – Apocalipse 12.15. O que representará um rio de água na Palavra de Deus? A própria Bíblia dá a resposta: - “As águas que viste onde se senta a prostituta, são povos, multidões, nações e línguas” – Apocalipse 17.15; Isaías 8.7,8; 17.12,13; Jeremias 46.6-8. Assim sendo – gentes, multidões que têm o propósito de afogar, silenciar o povo de Deus.
No verso 16 refere o seguinte: - “E a terra ajudou a mulher; e a terra abriu a sua boca, e tragou o rio que o dragão lançara da sua boca”. Aqui é dito que a terra ajuda a mulher ao absorver, neutralizar o rio lançado contra a mulher (Igreja) – ou seja as perseguições de que a Igreja era alvo. Quando a Igreja, na Europa, estava a ser perseguida, provada, para onde fugiram os que se identificavam com esta Igreja perseguida pelo dragão? Refugiaram-se na terra que, em termos proféticos, é o contrário da água e do quanto esta simboliza. Isto quer dizer que estes peregrinos e foragidos, foram para um lugar desconhecido, inóspito, quase esvaziado de habitantes. Esta terra que, através da sua forma de governo e actuação sobre estes funcionou como um lugar de refúgio, de repouso e de paz; por outras palavras – tragou a corrente de águas – ou seja a perseguição movida pelo dragão, pelo poder que o representava nesta Terra. Que terra era esta? Esta era, na época a Nova Inglaterra, o que nos dias de hoje tem o nome de Estados Unidos da América. Este país recebeu estes refugiados “(…) que decidiram fundar novos lares nessa América onde pensavam poder viver segundo a sua consciência e aspirações próprias. (…). Assim, no dia 16 de Setembro de 1620, uma centena de peregrinos – como eles próprios se intitulavam – largaram de Plymouth, a bordo de um pequeno barco de 180 toneladas, o Mayflower”, para escaparem à perseguição que pairava sobre eles na Europa. De novo, encontramos aqui, a nosso ver, ao olharmos para o que está escrito no texto do Apocalipse, podemos ver o seu cumprimento na perseguição movida pelo chifre pequeno à Igreja remanescente mencionada nas profecias do profeta Daniel.
Recorde-se o que já dissemos ainda que de forma breve – que o rei do Norte (Daniel 11) – irá receber uma ferida mortal, a qual sarará e que, de novo, este poder iria perseguir, de novo, a Igreja com grande ira para destruir o remanescente – Daniel 11.45 – após o período conhecido por Idade Média. Está, portanto, esta sequência de factos no capítulo 12 do Apocalipse? Quanto a nós ela é bem clara e reforçada no capítulo a seguir. Quando a terra ajuda a mulher através da sua forma de governo, o dragão enfurece-se porque quer tudo para si, não pela persuasão inteligente e pacífica, mas como sempre, pelo que sempre o caracterizou - a violência e a força. Para este poder é detestável a vigência de um sistema de governo que separe a Religião do Estado, pois desta forma não poderá exercer todo e qualquer meio coercivo para se fazer obedecer e, em última instância – ser adorado. Eis o seu maléfico propósito e último objectivo. Aqui vemos na referência a esta – terra – o país que, para a época era a excepção, em termos de método de governo – uma democracia – pois “ninguém é deixado de fora”!
Nos nossos dias, cada vez é menor a fronteira de separação entre o Estado e a Igreja. Até ao presente momento os Estados Unidos ainda continua a ser sólida esta divisão. Mas, até quando esta realidade permanecerá neste grande e maravilhoso país, a divisória – Religião/Estado – a divisa característica de uma verdadeira democracia? Segundo a mensageira do Senhor, o “Republicanismo e protestantismo tornaram-se os princípios fundamentais da nação. Estes princípios são o segredo do seu poder e prosperidade”. Repare-se na semelhança da narrativa, repetimos, entre Daniel 11.45 e a que se irá seguir – Apocalipse 12.17 – após a terra ter ajudado a mulher, postura que enfurecerá o dragão. Vejamos o texto bíblico: - “E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao resto da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo” - Apocalipse 12.17. Estamos agora em presença da fase final do seu ódio contra a Igreja de Deus. Em função do exposto temos: 1- no v.14 - somos informados que a perseguição durará 1260 dias/anos, que terminarão em 1798; 2- no v. 15 - é reforçada a certeza desta perseguição com todos os meios ao alcance deste poder; 3- no v. 16 – somos informados que a Igreja, de uma forma global, é perseguida e ajudada pela poder simbolizado pela terra. Portanto, esta ajuda prolonga-se até ao ano de 1798 – data em que termina este poder opressor e respectiva perseguição ao povo de Deus; 4- no v. 16 – é dito que, de novo, este poder ressurge (ferida mortal que foi curada - Apocalipse 13.3) para empreender, de novo, a perseguição contra a Igreja, de uma forma particular, pois apresenta certas características, únicas; 4- Esta Igreja a que se refere este versículo – aquele que o dragão mais odeia - não poderia surgir antes de 1798, mas depois, visto que a perseguição, em causa, é posterior a esta data.
Sim, esta Igreja que é a remanescente é a que tem estas duas características capitais que a tornarão única no seio de protestantismo, em geral, porque os que a compõem: 1- “guardam os mandamentos de Deus”; 2- “têm o testemunho de Jesus Cristo”. Na verdade, em Daniel 8.13,14, o profeta indica que este povo se irá levantar para anunciar e vincar a verdade inerente ao fim deste longo período das 2300 tardes e manhãs, ou seja, proclamar, repor os direitos do santuário celeste, usurpados, como vimos, pelo poder que o Profeta Daniel apelida de – chifre pequeno. O final deste longo período profético de 2300 tardes e manhãs terminaria no ano de 1844. É nesta data que um punhado de crentes irá lançar os alicerces da que seria, oficialmente, o arauto desta verdade. Esta Igreja foi escolhida por Deus, porque foi por Ele suscitada na data exacta, profeticamente assinalada.

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