O Apocalipse de João menciona repetidas vezes que a igreja de Cristo caracteriza-se por um duplo princípio de fé: “a Palavra de Deus e o Testemunho de Jesus.” Com algumas variações, essa marca é descrita seis vezes em Apoc 1:2, 9; 6:9; 12:17; 14:12; 20:4. Esta dupla descrição funciona como o padrão divino que define a fidelidade do Cristão a Deus. A aplicação histórica desses textos em Apocalipse cobre toda a era cristã.
Um paralelo básico da marca da igreja pode ser encontrado no teste de lsaías para Israel: “A lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva” (Is 8:20). Este duplo padrão representava a autoridade final em Israel: “Moisés e os Profetas” (cf. 2Rs 17:13).
Jesus referiu-se a esta dupla autoridade em Mateus 7:17: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir.” Novamente em sua parábola do rico e Lázaro: “Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos” (Lc 16:29; cf. 24:27).
Paulo também resumiu o Antigo Testamento como “a Lei e os Profetas” (Rm 3:21). Essas duas partes constituintes da Bíblia Hebraica formavam a norma canônica para determinar a verdadeira adoração no antigo Israel.
A unidade das Escrituras Hebraicas podia até ser sumariada em um termo: a Lei (em hebraico: Torah), como Jesus fez quando citou um salmo perguntando: “Não está escrito na vossa lei: Eu disse: sois deuses?” (Jo 10:34; SI 82:6).
Contudo, Jesus reivindicou que Seu próprio testemunho expandiu o cânon da autoridade divina: “Quem me rejeita e não recebe as Minhas palavras tem quem o julgue; a própria palavra que
tenho proferido, essa o julgará no último dia” (Jo 12:48).
O Novo Testamento proclama o testemunho de Cristo como a Palavra de Deus expandida: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo” (Hb. 1:1-2).
A igreja apostólica aceitou o testemunho de Jesus como autoridade final para interpretar a Lei e os Profetas. Jesus explicou Sua autoridade desta maneira: “Quem veio do Céu está acima de todos e testifica o que tem visto e ouvido; contudo, ninguém aceita o Seu testemunho” (Jo 3:31-32).
O testemunho de Jesus era a Palavra de Deus, pois Deus não deu a Cristo Seu Espírito “por medida” (Jo 3:34; Is 42:1). Jesus possuía o Espírito de profecia em plenitude divina. Assim, o testemunho de Jesus colocou Israel diante do supremo teste de fé na revelação progressiva da Palavra de Deus.
Esse testemunho de Jesus é incorporado aos quatro evangelhos e interpretado nas epístolas inspiradas do Novo Testamento. Paulo foi o apóstolo que deu à frase, “o testemunho (rnartyrion) de Cristo,” seu conteúdo evangélico e significado definitivos.
Ele escreveu à igreja de Corinto que “o testemunho de Cristo tem sido confirmado” entre eles, como evidenciado pelos seus muitos dons do Espírito (I Cor. 1:6). Paulo empregou a frase “o testemunho de Cristo” no sentido de evangelho, a mensagem proclamada de salvação em Cristo.
Para Paulo, o “testemunho de Cristo” era igual ao “testemunho de Deus” (I Cor. 2:1). Ele não se envergonhava de morrer pelo “testemunho de nosso Senhor” (2Tm 1:8).
João escreveu que ele estava na ilha de Patmos “por causa da Palavra de Deus e do Testemunho de Jesus” (Ap 1:9). Alguns exegetas entendem as expressões no genitivo “de Deus” e “de Jesus,” em Apocalipse 1:2, 9, como genitivos subjetivos, ou seja, como auto-revelações de Deus e de Jesus à Igreja.
Em outras palavras: A revelação progressiva de Deus põe a Igreja diante da autoridade do Filho de Deus (ver 1:1,2; 2:1-4; 10:26-31; 12:22-29). O livro de Apocalipse prepara a Igreja para severas perseguições no futuro. Um grande número de crentes deveriam ser trazidos diante dos tribunais humanos e condenados até mesmo a morte. Por isso, Cristo encorajou-os a sustentarem o ‘testemunho de Jesus,” assim como Ele havia testemunhado fielmente diante de Pôncio Pilatos (ITm 6:12-14: Ap 1:5, 9: 2:25: 3:11; 5:9; 12:11, 17).
O próprio “apocalipse de Jesus Cristo”(Ap 1:2) torna-se uma parte constitutiva do testemunho de Cristo às igrejas. E Seu testemunho às igrejas em particular (Ap 22:16: 1:2). Tudo isso diz respeito aos testemunhos bíblicos do Espírito que proclamam o evangelho de Jesus Cristo. É por causa deste “testemunho de Jesus” que João sofreu em Patmos (Ap 1:9), e mártires incontáveis sacrificaram a vida no transcurso da história (Ap 6:9).
É este “testemunho de Jesus” que também a Igreja remanescente terá ou sustentará durante o conflito final com o anticristo (Ap 12:17), mesmo quando estiver sob a ameaça de um decreto de morte (Ap 13:15-17).
Isso aponta para a permanente validade do “testemunho de Jesus” para a igreja dos séculos. “Ter” o testemunho de Jesus não se restringe à Igreja do tempo do fim, mas é a marca essencial dos seguidores de Cristo durante toda a era cristã. Isso pode ser visto no seguinte diagrama:
Apocalipse 1:9 - Eu. João, irmão vosso e companheiro na tribulação, no reino e na perseverança, em Jesus, achei-me na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus.
Apocalipse 6:9 - Quando ele abriu o Quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam.
Apocalipse 12:17 - lrou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus, e se pôs em pé sobre a areia do mar
Ao comparar as três passagens paralelas, descobrimos que Apocalipse 12:17 deve ser compreendido à luz das duas passagens anteriores. Apocalipse 1:9 e 6:9 são aparentemente nossas diretrizes primárias para interpretar a marca da igreja remanescente em Apocalipse 12:17.
A “Palavra de Deus e o Testemunho de Jesus” era a “fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (ver Judas 3). É necessário perseverança para guardar “a fé de Jesus” (Ap 14:12). No conflito final dos séculos, a Igreja de Deus é chamada a permanecer firme no evangelho eterno e na lei de Deus, em continuidade com a igreja dos apóstolos e mártires (ver Ap 14:6).
A Igreja do tempo do fim será novamente conhecida por sua fidelidade aos mandamentos bíblicos de Deus e ao Testemunho bíblico de Jesus (Ap 12:17). Dessa maneira o povo de Deus no tempo do fim demonstra sua verdadeira sucessão apostólica.
“O testemunho” que os mártires “deram” em Apocalipse 6:9 está em paralelo com ‘o testemunho de Jesus” que o povo remanescente de Deus “tem” em Apocalipse 12:17.
Este importante paralelo é normalmente negligenciado. O verbo “ter” (echein) em 6:9 e 12:17 é o mesmo e requer, naturalmente, o mesmo significado. Esse significado pode também incluir a ideia de “guardar,” “preservar,”“manter,” como Paulo empregou o verbo “ter” (echein) em I Timóteo 3:9 e II Timóteo 1:13.
Vários eruditos têm argumentado persuasivamente que o “testemunho” que os mártires da era da igreja deram (Ap 6:9) é idêntico ao “testemunho de Jesus” mencionado em outros lugares de Apocalipse, como em 1:9; 12:17; 19:10; 20;4. Gerhard Pfandl aceita corretamente isso para Apocalipse 6:9 ao afirmar:
Concordamos com Mounce o qual diz que o testemunho dos mártires não era, primariamente, o testemunho deles acerca de Jesus, mas o testemunho que eles receberam d´Ele (cf. 12:17; 20:4). Eles o
aceitaram, recusaram-se a desistir e, consequentemente, foram mortos, O testemunho, não menos que a “palavra,” era uma posse objetiva dos mártires.A seguinte questão é crucial: por que tipo de testemunho de Jesus “objetivo” estavam os mártires dispostos a dar a vida? Um erudito explica, corretamente, como sendo, “um depósito de ensinos do Senhor, mandamentos e ensinos que têm conteúdo e forma específicos, de forma que possam ser guardados e sustentados.”
Os mártires em Apocalipse 6:9 e 20:4 morreram por causa do próprio testemunho histórico de Jesus e, em sentido subordinado, por terem testificado do testemunho de Jesus. O mesmo vale para a geração final do povo de Deus em Apocalipse 12:17. Beatrice S. Neall confirma essa exegese:
“A palavra de Deus e o testemunho de Jesus’ devem ser compreendidos como o evangelho da morte e ressurreição de Jesus (Ap 1:18), Seu poder para salvar do pecado (1:5; 12:10-11) e transformar homens a sua semelhança (14:1) mediante o sangue do cordeiro (7:14; 12:11)”.
Notavelmente, Apocalipse 20:4 menciona a fidelidade ao “testemunho de Jesus” até mesmo como a característica primaria dos mártires do tempo do fim:
“E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão (Ap 20:4).
Dessa forma, a Igreja remanescente, em sua batalha com a “besta,” permanecerá fiel ao “Cordeiro.” Sua controvérsia não é essencialmente diferente das crises anteriores no livro do Apocalipse. O assunto foi esclarecido várias vezes por Kenneth Strand:
“No livro de Apocalipse a fidelidade á ‘palavra de Deus’ e ao ‘testemunho de Jesus Cristo’ separa o fiel do infiel, e provoca perseguição que inclui o próprio exílio de João e o martírio de outros crentes (ver novamente 1:9; 6:9; 12:17; 20:4; etc.).’
O testemunho do AT e o testemunho apostólico … levaram uma mensagem que propiciou conforto e esperança para os cristãos do primeiro século e tem feito o mesmo por todos os crentes desde aquele tempo”.
O povo remanescente e sua lealdade a Cristo são mencionados novamente em Apocalipse 14:12, o que funciona como um paralelo explicativo para Apocalipse 12:17, como pode ser visto no seguinte diagrama:
Apocalipse 12:17 - E o dragão irou-se contra a mulher e foi fazer guerra ao resto da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo.
Apocalipse 14:12 - Aqui está a paciência dos santos: aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus.
O povo remanescente não apenas “guarda” os mandamentos de Deus, mas também “guarda” a “fé de Jesus” (14:12). Esta “fé de Jesus,” a qual Seus seguidores “guardam,” não é simplesmente a fé subjetiva deles em Jesus, mas a fé objetiva dos ensinamentos de Jesus, que os apóstolos ensinaram e guardaram fielmente (At 2:42; 2Tm 4:7). Judas o irmão de Tiago, urgiu a igreja “a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 3, ver também v. 20).
O comentário de William G. Johnsson sobre Apocalipse 14:12 é instrutivo:
“Eles guardam a fé de Jesus. Essa expressão não significa que o povo de Deus tenha fé em Jesus (embora a tenham), porque a fé de Jesus é algo que eles guardam. “A fé” provavelmente refere-se á tradição cristã, ao corpo de ensinos que se centralizam em Jesus. Judas 3 pode prover um paralelo: ‘fé que uma vez foi dada aos santos.’ Quando os seguidores leais de Deus guardam a fé de Jesus, eles permanecem leais ao cristianismo básico — eles ‘guardam a fé.”
A expressão “a fé de Jesus” em apocalipse 14:12 esclarece “o testemunho de Jesus em 12:17 e não acrescenta necessariamente uma terceira característica da igreja remanescente. “Guardar a fé de Jesus” implica guardar os ensinos de Jesus (ver Ap 3:8; 10; 22:7).
Para sua aplicação histórica, merece menção que um pequeno grupo de seguidores do pregador batista Guilherme Miller, em Battle Creek, Michigan, decidiram em 1861, associar-se a uma nova denominação eclesiástica, “tomando o nome de Adventistas do Sétimo Dia, fazendo um pacto de guardar os mandamentos de Deus e a fé de Jesus Cristo.”
Esse evento mostra quão influentes são as profecias do tempo do fim do Apocalipse de João na história da Igreja. Também revela que obrigação solene uma denominação aceita ao reivindicar ser a verdadeira Igreja.
Em Apocalipse 19:10 o anjo esclarece o “testemunho de Jesus”:
“E eu lancei-me a seus pés para o adorar, mas ele disse-me: Olha, não faças tal; sou teu conservo e de teus irmãos que têm o testemunho de Jesus; adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia”.
Cada texto deve ser interpretado por seu contexto. A abordagem contextual serve de salvaguarda contra a manipulação inconsciente de um texto ou frase. Pelo fato de a expressão “testemunho de Jesus” ocorrer duas vezes em Apocalipse 19:10, esse texto tem recebido escrutínio especial e exegese cuidadosa da parte de alguns exegetas profissionais.
Surge um problema quando a última sentença de Apocalipse 19:10 é retirada de seu contexto e dotada de um significado que substitui o testemunho de Jesus, tal como registrado no Novo Testamento pelo dom permanente de profecia. Tal compreensão tomaria o testemunho de Jesus em Apocalipse 12:17 exclusivamente um dom de visões para alguns crentes escolhidos no tempo do fim.
Este conceito reduz o significado do testemunho de Jesus no livro de Apocalipse. O anjo não tenciona substituir o Espírito de profecia pelo testemunho histórico de Jesus, como se o Novo Testamento fosse repentinamente excluído ou ignorado. Sua última declaração em 19:10 não é tanto uma definição, como uma explicação. Ela explica como o anjo e João são conservos e, assim como todos os profetas, compartilham do testemunho de Jesus, porque o testemunho de Jesus é o Espírito de profecia.
Richard Bauckham oferece esta explicação muito útil:
“O Espírito divino, que dá a João a experiência visionária na qual ele pode receber revelação, não comunica os ensinos de um anjo, mas o testemunho que Jesus dá… O equivalente á referência ao ‘testemunho de Jesus’ em 19:10 é agora encontrado nas palavras do epílogo, no qual o anjo desaparece de vista e Jesus testifica diretamente: ‘Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas.”
Cristo explicou que o Espírito da verdade “não falará de si mesmo,… Ele me glorificará, porque há de receber do que é Meu e vo-lo há de anunciar” (João 16:13, 14; ver também 14:26). Isso tem sido realizado pelo Espírito de Profecia nas Escrituras do Novo Testamento, o qual, portanto, comunica à Igreja o testemunho de Jesus com autoridade canónica.
O que o Espírito diz, é Cristo quem diz. Isso ocorre sete vezes nas cartas de Cristo, as quais concluem cada vez com as palavras: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas” (2:7, 11, etc.).
O anjo explica a João que, quando o Espírito inspira a profecia, seu conteúdo e autoridade vem do próprio Jesus (19:10). Assim, o Espírito de profecia revela o testemunho de Jesus. Todos os verdadeiros profetas “têm o testemunho de Jesus” (19:10; comparar com 22:9).
O anjo instrui a João para que ele não adore um anjo, ou qualquer conservo seu, porque eles são apenas instrumentos de Deus e Cristo. O livro de Apocalipse é um livro orientado para a adoração. O grande objetivo – “Adorai a Deus” – é o tema central de todo o apocalipse.
Especialmente suas profecias do tempo do fim exigem a distinção entre adoração verdadeira e idolatria (14:6-12). O anjo faz dois apelos a João para adorar a Deus (19:10 e 22:9): um na conclusão da visão acerca de Babilónia, a prostituta (17:1-19:10); outro, na conclusão da visão acerca de Jerusalém, a noiva (21:9-22:9). Cada vez o anjo reforça o ponto: não adore a besta, nem mesmo os servos de Deus, os anjos. Adorai a Deus!
O verso paralelo de Apocalipse 22:9 expande o grupo que tem o testemunho de Jesus a todos os membros da igreja: “eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro.” Este círculo ampliado de cristãos fiéis que “têm” o testemunho de Jesus também está em vista em Apocalipse 6:9 e 12:17.
Bauckham extrai esta conclusão prática:
“Isto (Ap 19:10) é um reconhecimento de que a função para a qual o Apocalipse chama todos os cristãos é, em essência, o mesmo dos profetas: dar o testemunho de Jesus, permanecendo fiel em palavras e atos ao Deus único verdadeiro e Sua justiça.”
Essa responsabilidade compartilhada, da Igreja, não nega a liberdade do Espírito de conceder a indivíduos escolhidos o dom espiritual de profecia (ver Icor. 12:7-11) para a edificação da Igreja (I Cor. 14:1, 4). A manifestação do dom permanente de profecia na Igreja pós-apostólica é parte deste cumprimento expandido de Joel 2:28-29.
O anjo ensina a João, contudo, que o “testemunho de Jesus,” já concedido, é o teste da verdade para João, para seus conservos profetas, para a igreja e para os anjos de Deus (cf. 22:9). Este “testemunho de Jesus” é a norma suprema para toda adoração cristã e manifestações do dom de profecia)5 Sustentar fielmente este “testemunho de Jesus” canónico é o dever sagrado de anjos e profetas. Esse é o testemunho do anjo intérprete em Apocalipse 19:10.
Em um tempo em que João estava lutando contra uma crescente onda de falsas profecias nas igrejas da Ásia (Ap 2:20; IJoão 4:1), algumas das quais estavam enganando os crentes de Tiatira com “as profundezas de satanás” (Ap 2:24), João é lembrado de que o Espírito de profecia medeia “o testemunho de Cristo.”
Beasley Murray comenta: “O fardo da profecia, portanto, é o testemunho que Jesus deu”. Todas as mensagens inspiradas dos profetas pós-apostólicos devem ser testadas pelo testemunho canónico de Jesus (veja-se Ap 22:18, 19; 1 Ts 5:19-21; 2 Pe 3:2, 15, 16; Mt 24:24).
Este testemunho normativo de Jesus vai desmascarar as alegações enganosas do “falso profeta” no tempo do fim (ver Ap 16:13; 19:20 e 20:10). A Igreja remanescente de Apocalipse 12:17 e 14:12 é caracterizada pela restauração dos mandamentos históricos de Deus e do testemunho ou fé histórica de Jesus.
Essas duas características eram a marca identificadora da Igreja apostólica (Ap 1:9) e dos santos pós-apostólicos (Ap 6:9). Também constitui-se na marca da Igreja remanescente, a qual Deus se dignou em conceder o dom do Espírito de profecia.
O testemunho bíblico de Jesus, contudo, traça a linha de demarcação entre o fiel e o infiel no livro de Apocalipse. Concordamos com a conclusão de Kenneth A. Strand que “a Palavra de Deus” e “o testemunho de Jesus” no livro de Apocalipse referem-se ao “que hoje chamaríamos de mensagem profética do Antigo Testamento e testemunho apostólico do Novo Testamento”.
Autor: Hans K. LaRondelle, Th.D, professor emérito da Andrews University. Artigo publicado na Revista Teológica do SALT-IAENE, Janeiro-Junho de 1999.
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