“Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demónios” (1 Timóteo 4:1).
Na primeira carta de Paulo a Timóteo, ele alerta para uma futura apostasia nos últimos dias. Seus preceitos já estavam sendo manifestados nos ensinamentos dos gnósticos. Eles estavam proibindo seus seguidores de se casarem ou de comerem determinados tipos de alimentos que Deus havia dado aos homens para comer (1 Timóteo 4:3). A filosofia gnóstica originou-se com a crença pagã de que o mundo material era inferior [1]. Quando misturada com o cristianismo, ela rebaixou Cristo de Sua divindade e de Seu papel como nosso único Salvador. A salvação segundo os gnósticos era para ser alcançada através da intercessão e adoração dos anjos (Colossenses 2:18), Cristo era visto apenas como um desses mediadores. Paulo deixou claro que havia um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem (1 Timóteo 2:5). Os gnósticos viam Jesus como santo demais para ser material e ainda não suficientemente santo para ser igual ao pai. Eles acreditavam que Deus, o Pai era muito puro para se envolver na criação de um mundo material [2], ao contrário do que é registrado nas Escrituras (Génesis 1:1). Para contrariar esta filosofia, Paulo teve de enfatizar que, em Jesus habitava a plenitude da divindade (Colossenses 2:9). Jesus é plenamente Deus, mas também um ser humano real. O ensinamento gnóstico atacou quem Jesus realmente é, e Seu papel central na expiação. Com efeito, isso foi uma negação de Jesus e, como tal, também foi uma negação do Pai (1 João 2:22), este é o espírito do anticristo. Hoje, é popular dizer que há muitos caminhos para Deus, mas as Escrituras reconhecem apenas um nome pelo qual os homens podem ser salvos (Atos 4:12).
Em sua segunda carta a Timóteo, Paulo expande sobre a natureza da apostasia:
“Sabe, porém, isto, que nos últimos dias sobrevirão tempos penosos; pois os homens serão amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a seus pais, ingratos, ímpios, sem afeição natural, implacáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando-lhe o poder. Afasta- te também desses” (2 Timóteo 3:1-5).
Essa apostasia levaria os cristãos a ter uma forma externa de piedade, mas sem o poder de viver uma vida piedosa, que só pode vir de um relacionamento com Jesus, o Filho do Deus vivo. Por rebaixarem o estatuto de Jesus, alguns cortam a si mesmos da fonte da vida eterna (João 15:1-8). A ênfase colocada no conhecimento intelectual em vez de na piedade prática, faz com que eles estejam sempre aprendendo, mas nunca chegando ao conhecimento da verdade (2 Timóteo 3:7). A única maneira de se proteger contra tais ensinos falsos é estar familiarizado com as Escrituras (2 Timóteo 3:16-17).
Podemos esperar que um tipo de ensino similar surgirá no fim dos tempos, antes da volta de Cristo:
“e então será revelado esse iníquo, a quem o Senhor Jesus matará como o sopro de sua boca e destruirá com a manifestação da sua vinda; a esse iníquo cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás com todo o poder e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para serem salvos” (2 Tessalonicenses 2:8-10).
Desta vez, porém os falsos mestres contarão com a ajuda dos poderes das trevas e serão capazes de realizar sinais e milagres para enganar as pessoas. Com efeito, será a última forma de gnosticismo. Este evento está relacionado com o retorno de Cristo, que põe fim a esses falsos mestres e ao anticristo.
A razão pela qual estes enganos serão tão eficientes é que o diabo pode aparecer como um anjo de luz (2 Coríntios 11:14-15), ele ainda tem ministros que aparecem com uma aparência santa, mas estão sob o poder do diabo. As pessoas esperam que o diabo apareça como um monstro horrível, mas na realidade ele se disfarça como um anjo de luz.
O Apóstolo Paulo foi uma vez perturbado por uma escrava possuída por um demónio, que continuou gritando e perturbando seu ministério:
“Ela, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: São servos do Deus Altíssimo estes homens que vos anunciam um caminho de salvação” (Atos 16:17).
Isso mostra que os demónios podem falar a verdade, a fim de enganar as pessoas. No livro do Apocalipse somos informados de que os espíritos maus executam milagres para que possam reunir os reis da terra para a batalha final (Apocalipse 16:14). Tal será o poder desses milagreiros que eles serão capazes de trazer fogo do céu (Apocalipse 13:13), como Elias no Monte Carmelo, mas seu objetivo não é salvar, mas enganar as pessoas. Muitos falsos milagres e sinais abundarão e a única maneira de discernir a verdade do erro será um conhecimento das Escrituras e a orientação do Espírito Santo. Jesus advertiu àqueles que dizem “Senhor, Senhor”, que realizam milagres, e expulsam os demónios que eles não iriam entrar no reino de Deus se praticassem a iniquidade (Mateus 7:21-23). Isto implica que a fonte de seus milagres não era Cristo, mas algum outro poder. Antes do retorno do verdadeiro Cristo muitos falsos cristos e falsos profetas surgirão para enganar, se possível até os escolhidos (Mateus 24:24). O fato de que pessoas possam fazer milagres, ou pareçam ser um anjo de luz não confirma que sejam o que dizem ser. A pista principal é dada em Mateus 7:23, elas são praticantes da iniquidade (grego – anomia). Embora afirmando serem de Deus, elas realmente quebram e ensinam a outros a violarem as leis de Deus! Todo o reino tem leis que governam os seus súbditos, os quais mostram fidelidade ao rei, guardando as suas leis.
As leis de Deus não são pesadas, pois elas existem para nossa própria felicidade e segurança (1 João 5:3). Aqueles que violam as leis do nosso Rei celestial, mostram, assim, que não são verdadeiros cidadãos do céu.
A referência aos espíritos em 1 Timóteo 4 sugere que a apostasia final está ligada ao espiritismo. As antigas religiões pagãs procuravam descobrir o futuro, ou saber a vontade dos deuses através de diferentes métodos incluindo a astrologia, análise de partes de animais, presságios, sorteio e comunicação com os espíritos dos mortos [3]. Hoje temos a contrapartida moderna com os adivinhos, astrólogos, médiuns, curandeiros [4], bem como aqueles que usam cartas de tarô e bolas de cristal. Não importa como as formas modernas do espiritismo estão vestidas, ainda são uma forma de bruxaria, e são uma abominação de acordo com a Bíblia:
“Não se achará no meio de ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador, nem quem consulte um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz estas coisas é abominável ao Senhor, e é por causa destas abominações que o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti” (Deuteronómio 18:10-12).
Os espíritos que se comunicavam com os antigos são os mesmos de hoje, e são identificados como demónios
(1 Timóteo 4:1). Isso é confirmado pelo fato de que quando os pagãos ofereciam sacrifícios aos mortos (Salmo 106:28), pensando que seus antepassados eram seres deificados [5], as Escrituras identificavam esses seres como demónios (1 Coríntios 10:20). O Salmo 106:28 se refere ao tempo quando Israel foi atraído para uma festa pagã, nas fronteiras da Terra Prometida, com consequências trágicas, aqueles que foram ludibriados e não se arrependeram, acabaram perdendo suas vidas quando eles tinham quase chegado ao seu destino
(1 Timóteo 4:1). Isso é confirmado pelo fato de que quando os pagãos ofereciam sacrifícios aos mortos (Salmo 106:28), pensando que seus antepassados eram seres deificados [5], as Escrituras identificavam esses seres como demónios (1 Coríntios 10:20). O Salmo 106:28 se refere ao tempo quando Israel foi atraído para uma festa pagã, nas fronteiras da Terra Prometida, com consequências trágicas, aqueles que foram ludibriados e não se arrependeram, acabaram perdendo suas vidas quando eles tinham quase chegado ao seu destino
Todo o sistema do espiritismo é um grande engodo, de modo que os poderes demoníacos podem ganhar controlo sobre as vidas humanas. Os espíritos malignos podem se disfarçar como santos, seus entes queridos [6], anjos ou até mesmo Jesus, a fim de enganar as pessoas, pois eles são capazes de realizar milagres e falsas curas. A história conta de uma senhora cujo filho foi reportado como desaparecido e depois dado como morto. Em seu sofrimento ela consultou um médium, e logo uma figura fantasmagórica do seu filho começou a aparecer e falar com ela. Então um dia o filho real voltou para casa tendo sido encontrado vivo. Ficou claro então, que o ser que tinha aparecido para ela era uma falsificação!
Deus não permitiria que os seus anjos e santos se comunicassem usando uma prática descrita como uma abominação! A proibição era tão forte que no antigo Israel se alguém fosse apanhado a praticar o espiritismo era condenado à morte (Levítico 20:6, 27; Êxodo 22:18). O profeta Isaías advertiu o povo de sua época para se voltarem ao Deus vivo, à Sua Palavra e Seus profetas: “Quando vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os feiticeiros, que chilreiam e murmuram, respondei: Acaso não consultará um povo a seu Deus? Acaso a favor dos vivos consultará os mortos? A Lei e ao Testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca lhes raiará a alva” (Isaías 8:19-20).
A “lei” (Hb. Torá) é uma referência aos livros de Moisés, e o “testemunho” (testemunha) são as palavras dos profetas de Deus que testemunham Dele. Simplificando, qualquer mensagem que contradiz a Bíblia não vem de Deus, a Sua luz não está nessas coisas. Nós somos aconselhados a não buscarmos aos adivinhos, ou aqueles com espíritos familiares ou seremos contaminados por eles:
“Não vos voltareis para os que consultam os mortos nem para os feiticeiros; não os busqueis para não ficardes contaminados por eles. Eu sou o Senhor vosso Deus” (Levítico 19:31).
Outra forma de verificar a autenticidade destes médiuns é o de verificar se suas profecias são verdadeiras (Deuteronómio 18:21-22). Se você examinar as reivindicações de muitos profetas, assim chamados, você vai descobrir que algumas das profecias falharam e outras são muito vagas. Se é um verdadeiro profeta de Deus, não haverá erros, porque Deus sabe o fim desde o início (Isaías 46:10).
Em resumo, o engano final envolverá uma negação da divindade de Cristo e do Seu papel como nosso único Salvador; este ensino vai levar a um comportamento ímpio e de ilegalidade. A infiltração do espiritismo na igreja sob uma roupagem religiosa será acompanhada por sinais, milagres e curas, todos de natureza espectacular. Você pode perguntar como podemos estar protegidos contra esse engano final. A única maneira de estarmos seguros é através de um profundo conhecimento da Bíblia.
Uma hora de tentação está prestes a cair sobre a terra (Apocalipse 3:10) e o diabo sabe que seu tempo é curto (Apocalipse 12:12), mas se nós nos comprometemos em oração, então não cairemos em tentação (Marcos 14:38). No Jardim do Getsémani, Pedro aprendeu da maneira mais difícil que não se paga para dormir quando somos aconselhados a vigiar e orar (Mateus 26:41). A sua própria força não foi suficiente para o que estava por vir e ele acabou por negar o seu Senhor três vezes (Mateus 26:69-75). Depois da ressurreição o prepotente Pedro tornou-se o humilde e manso Pedro (1 Ped 5:1-7) que viria a morrer por seu Senhor (João 21:17-19). Ele tinha aprendido a lição da submissão a Deus em todas as coisas.
Referências:
[1] Francis D. Nichol, The Seventh-day Adventist Bible Commentary, Volume 6 (Review and Herald Publishing Association, 1978) p. 55
[2] Woodrow Whidden, Jerry Moon, John W. Reeve, The Trinity (Hagerstown, Maryland: Review and Herald Publishing Association, 2002) pp. 126-128
[3] Francis D. Nichol, The Seventh-day Adventist Bible Commentary, Volume 4 (Review and Herald Publishing Association, 1978) p. 763
[4] Ellen White, Prophets and Kings, Conflict of the Ages Series, Volume 2 (Pacific Press Publishing Association, 1917) p. 211; Acts of the Apostles, Conflict of the Ages Series, Volume 4 (Pacific Press Publishing Association, 1911) p. 290; Signs of the Times, March 24, 1887 in Evangelism (Review and Herald Publishing Association, 1946) pp. 608-609
[5] Ellen White, Patriarchs and Prophets, Conflict of the Ages Series, Volume 1 (Pacific Press Publishing Association, 1890) p. 684
[6] Ellen White, The Great Controversy, p. 560
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