25 de março de 2010

DANIEL: O REI INCOMODADO COM O SONHO

“E ao fim dos dias, depois dos quais o rei tinha ordenado que fossem apresentados, o chefe dos eunucos os apresentou diante de Nabucodonozor.
Então o rei conversou com eles; e entre todos eles não foram achados outros tais como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso ficaram assistindo diante do rei.” (Daniel 1:18,19).
Três anos se passaram desde que eles tinham chegado como cativos vindos de Jerusalém. Estamos em 603 a.C., é o momento de terminar este primeiro capítulo. Daniel e os seus companheiros acabaram os seus estudos nas Escolas dos babilónios e com êxito passaram nos exames presididos pelo próprio rei.
A partir de agora, serão membros com toda a propriedade da alta classe dos caldeus. É agora que vai explodir na corte real um drama que altera e coloca em risco Daniel e os seus companheiros, mas também, os da sua classe. Nabucodonosor é visitado por um sonho. Um simples sonho, eis todo o reino empolgado. Hoje, não se daria nenhum valor a um caso destes. Não haveria nenhum drama. A questão está que nas camadas da consciência da época crê-se que um sonho é uma mensagem de deus, do deus que o povo adora. Torna-se tanto mais importante, quanto é importante é aquele que tem o sonho, e este é o rei, o representante de deus na terra.
Os reis, chegavam a passar noites nos templos por pensarem ser ali o local mais apropriado para receberem os sonhos. Portanto, não nos devemos admirar da emoção que atinge o rei: “Ora no segundo ano do reinado de Nabucodonosor, teve este uns sonhos; e o seu espírito se perturbou, e passou-se-lhe o sono.” (Daniel 2:1). O verbo titpaem aqui utilizado para traduzir os sentimentos do rei transmite a intensidade da perturbação que o atinge. Esta palavra deriva da raiz que significa “ficar sem respiração”, sugerindo deste modo o choque que perturba o rei: o coração do rei bate explosivamente no seu peito e ele não consegue respirar. E isto porque Nabucodonosor não só está desejoso de conhecer a explicação do seu sonho; curiosamente, ele quer também saber o que há no sonho. “E o rei lhes disse: Tive um sonho, e para saber o sonho está perturbado o meu espírito.” (Daniel 2:3)

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