18 de março de 2010

A LIBERTAÇÃO NO LIVRO DE DANIEL

“17 Ora, quanto a estes quatro jovens, Deus lhes deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras e em toda a sabedoria; e Daniel era entendido em todas as visões e todos os sonhos.
18 E ao fim dos dias, depois dos quais o rei tinha ordenado que fossem apresentados, o chefe dos eunucos os apresentou diante de Nabucodonozor.
19 Então o rei conversou com eles; e entre todos eles não foram achados outros tais como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso ficaram assistindo diante do rei.
20 E em toda matéria de sabedoria e discernimento, a respeito da qual lhes perguntou o rei, este os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores que havia em todo o seu reino.
21 Assim Daniel continuou até o primeiro ano do rei Ciro.” Daniel 1:17-21.
Enfim, Deus intervém. Até aqui, Deus parece ausente. A última vez que Deus foi evocado foi na introdução em relação com o cativeiro. Na introdução ainda vimos que Deus tinha “dado” o rei de Judá e os utensílios do Templo ao rei Nabucodonosor. Agora vemos que Deus “dá” a este quatro jovens “conhecimento” e “inteligência” (v.17). é a mesma palavra (ntn) que é utilizada para realçar a simetria das duas situações, e ao mesmo tempo sublinhar a existência da Providência. Deus esteve presente em todos os momentos, e é Ele que decide o curso dos acontecimentos. É Ele que “”. Se os Hebreus se tornaram o que se tornaram, não foi qualquer coisa mecânica ou mágica, nem sequer é graças ao seu empenhamento ou falta dele, mas é o resultado de uma graça do Alto.
Com verdade, parece sugerir uma ligação entre o estado presente e a prova dos dez dias à qual eles foram submetidos. Eles foram encontrados dez vezes mais sábios a todos os mágicos do reino (v.20). o número “dez” é repetido como se o grau de sabedoria que lhes é reconhecido tivesse qualquer coisa a ver com a sua “obra” os dez dias. Não nos devemos surpreender. Não é o esforço dietético que produziu tal resultado. Daniel não tomou estes alimentos como uma poção mágica ou como um regime ideal que se destinasse a dar-lhe algo superior aos outros, mas antes, por cuidado, por fidelidade a Deus. Esta prova é um acto de fé e não uma obra justa. De facto, Daniel e os seus companheiros correram um risco, o risco da fé, e foi o que os salvou. À saúde e à graça física deve-se acrescentar a sabedoria, a inteligência e a ciência. E este todo é reconhecido como um dom de Deus.
Ao mesmo tempo que esta lição da graça de Deus uma outra lição flui relacionada com a natureza do homem. As dimensões espirituais vão a par com as qualidades intelectuais e físicas. O homem segundo Daniel não é um ser dividido mas é considerado como um todo. É isto que altera uma vez mais os nossos clichés. O homem de fé é frequentemente julgado como sendo uma pessoa pouco inteligente e que se satisfaz com apreciações simplórias sobre religião. Daniel ensina-nos o contrário que a fé, a inteligência e o vigor físico se conjugam. A reunião harmoniosa destas faculdades constitui um ideal a seguir. Não, que nos tenhamos que empenhar de forma stressante por um perfeccionismo para fazermos parte da elite dos super-homens ou concentrarmos até esgotar as nossas energias para termos corpos esbeltos. A atenção a todas as dimensões do ser humano vive-se na abertura humilde na direcção do Altíssimo, numa perspectiva da fé. Porque o que somos não é só o resultado do que fazemos, uma obra terrena, mas é essencialmente, o resultado de um dom, de uma graça de Deus. Assim, Deus nos encontre seja onde for para Lhe dar honra e o nosso coração receberá o sucesso na aflição.
Mas Deus não fica por aqui. Para além do presente e do exílio vivido por Daniel e os seus companheiros, Deus prepara para o futuro uma outra intervenção histórica, desta fez de dimensão cósmica. A conclusão do primeiro capítulo faz alusão a Ciro, o rei que está associado na Bíblia ao regresso do exílio e à salvação de Israel (2ª Crónicas 36:21-23), a resposta divina às orações e às predições dos profetas (Isaías 45:1-13). Porque a felicidade dos hebreus exilados permanece amputada e ambígua enquanto estiverem longe de Jerusalém e do templo. Tanto quanto possam ser felizes no exílio, a salvação só será concretizada no retorno à Terra de Israel. Amigos isto faz pensar em qualquer coisa, não acham? Tanto quanto possamos ser felizes aqui, a nossa plena felicidade só concretizável no Retorno de Jesus para nos guiar para a Terra de Sião (Céu). Amem.
Enquanto isto uma tensão permanece. A presença imediata de Deus conjuga-se com uma espera apaixonada da Sua intervenção histórica e cósmica. A experiencia religiosa não se limita à felicidade do presente. A visita de deus na nossa vida e no nosso coração nutre a esperança por uma visita mais completa e mais real. A alegria da certeza da presença de Deus no coração do crente, terá também a presença do sofrimento, da infelicidade que de uma hora para a outra nos surpreende. Razão pela qual a salvação é também e sobretudo o evento “histórico” do futuro, uma promessa ainda não cumprida, uma profecia. É a última lição de todo o capítulo, uma mensagem que trata justamente da promessa e da salvação tanto histórica (Israel histórico) e cósmica (Israel espiritual), a promessa do Reino de Deus.
1. Que significa Babilónia na simbologia bíblica?
2. Quem é Daniel e quais são as suas qualidades de carácter?
3. Quais são as intenções de Nabucodonosor em relação aos exilados?
4. Até que ponto este texto dá conta do Deus Criador e da Sua graça?
5. Como a unidade da pessoa humana é apresentada neste texto do 1º capítulo de Daniel?

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