4 de dezembro de 2011

TODA A BÍBLICA SE EXPLICA E CUMPRE NO APOCALIPSE

Neste último livro da Palavra de Deus existem inúmeras referências aos restantes livros. Esta constatação leva-nos a concluir que não podemos compreender nem interpretar este último livro das Sagradas Escrituras sem o conhecimento dos restantes livros. Digamos que este último livro da Bíblia tem a grande particularidade de harmonizar os textos sagrados que o antecedem.
a) Apocalipse 19.15
Para ilustrarmos o que queremos dizer vejamos este texto do livro do Apocalipse: - “E da sua boca saia uma aguda espada para ferir com ela as nações; e ele as regerá com vara de ferro; e, ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-poderoso” - Apocalipse 19.15. Este texto aborda o tema da vinda de Cristo. Vejamos, de seguida, o v.13 – “E estava vestido de uma veste salpicada de sangue; e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus”. Será que Cristo quando vier virá com vestes brancas, imaculadas? Segundo o texto – não. As Suas vestes estão salpicadas de sangue. Como é que devemos interpretar a 1ª parte deste versículo? Devemos, antes de mais, estar sensíveis a algumas palavras-chave no próprio texto para nos ajudar numa pesquisa mais profunda.
O texto que nos ocupa – Apocalipse 19.15 - é original ou uma citação? Este excerto é uma citação de Isaías 63.1-6. Convém ter em mente que o livro do Apocalipse é composto por 404 versículos e destes, 278 são citações do Antigo Testamento. Vejamos o que nos revela o texto de Isaías: - (v.1)- “Quem é este que vem de Edom com vestidos tintos de Bozra? Este que é glorioso em sua vestidura, que marcha com a sua grande força? Eu que falo em justiça, poderoso para salvar. (2)- Por que está vermelha a tua vestidura? E os teus vestidos como os daquele que pisa no lagar? (3)- Eu sozinho pisei no lagar; e dos povos ninguém houve comigo; e os pisei na minha ira; e os esmaguei no meu furor; e o seu sangue salpicou os meus vestidos e manchei toda a minha vestidura. (4)- Porque o dia da vingança estava no meu coração, e o ano dos meus redimidos é chegado. (6)- E pisei os povos na minha ira e os embriaguei no meu furor; e a minha força derribei a terra” – Isaías 63.
Vejamos o texto mais de perto: - No v.1 encontramos a palavra “Edom” que significa: vermelho. De quem os de Edom (Edomitas) descendiam? É evidente que é de Esaú. E o que é que o caracterizava? Diz o relato bíblico que, quando nasceu ele era muito “cabeludo” – Génesis 25.25 – e, por esta razão lhe chamaram assim. Depois, o texto bíblico afirma que este vendeu a sua primogenitura ao seu irmão Jacob – v. 30-34 – por um guisado de lentilhas vermelhas – v. 30. Isto quer dizer que a cor vermelha106 está directamente ligada a Esaú - Edom. Este 1º versículo de Isaías 63, contém, todo ele, a coloração tinta, vermelha, sangue – tal como as uvas maduras. No v.2 encontramos a seguinte pergunta: – “Por que está vermelha a tua vestidura? E os teus vestidos como os daquele que pisa no lagar”? Como responder a esta pergunta? Sem muito esforço daremos a resposta visto que esta é fornecida pelo próprio texto, ou seja: - é o resultado de ter pisado uvas num lagar – v. 3.
Aqui é mencionado um lagar. Mas, o que é que este representa? Certamente que não será unicamente a referência a um lugar onde se esmagam as uvas para que estas possam libertar o sumo que contêm. Enquanto estas estão a ser esmagadas, aqueles que as pisam, tal como refere o profeta Jeremias vão cantando “(…) como os que pisam as uvas (…)”. E quando estes estão a pisar as uvas, a sua roupa fica salpicada de “sangue”, de vermelho. No v.3 é dito que: - “Eu sozinho pisei no lagar (…); e os pisei na minha ira; e os esmaguei no meu furor; e o seu sangue salpicou os meus vestidos e manchei toda a minha vestidura”. O texto em causa tem uma conotação de ajuste de contas, ou seja, um fim de um período. Esta cor vermelha aponta para a existência de sangue, até porque as uvas do lagar foram “pisadas na minha ira” - disse o Senhor. O texto aponta para o que resulta, ou seja, a consequência da vinda de Jesus Cristo, pois Ele virá para pisar, aniquilar os ímpios, os injustos.
Façamos uma breve incursão ao texto do Apocalipse 14.19: - “E o anjo meteu a sua foice à terra e vindimou as uvas da vinha da terra lançou-as no grande lagar da ira de Deus”- (sublinhado nosso). O que significará esta “vinha da terra”? Sem sombra de dúvida que são os maus, ímpios – por contraste, visto que “a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel” – Isaías 5.7. Vejamos o v.20: - “E o lagar foi pisado fora da cidade e saiu sangue do lagar até aos freios dos cavalos pelo espaço de mil e seiscentos estádios”. Este texto nos mostra que, contrariamente ao que se poderia esperar, deste lagar sai sangue e não sumo de uva, como seria de esperar. E ele foi de tal maneira abundante que subiu “(…) até aos freios dos cavalos”. Portanto, não os cavalos ficam manchados de sangue como aqueles que neles estavam montados. E quem são estes? Uma vez mais, a Palavra de Deus nos dá a resposta.
Vejamos, de novo, alguns versículos do capítulo 19 do Apocalipse: - (v.11)- “E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça. (13)- E estava vestido de uma veste salpicada de sangue; e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus. (14)- E seguiam-no os exércitos no céu em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e puro” – Apocalipse 19. Quando deixam o céu - Cristo e os Seus anjos – de que cor são os seus vestidos? Branco, não é verdade? Mas, quando chegam à Terra, segundo o texto, estes pisam, aniquilam os ímpios, os injustos. É evidente que toda esta linguagem é simbólica. Devido a esta acção – pisar os ímpios – as suas vestes salpicam-se de sangue. Tudo isto que estamos a ver não é mais do que uma imagem viva do que acontecerá no tempo do fim. Mas, uma vez mais, todo este panorama só é possível observar quando se comparam os textos bíblicos, tal como a própria Bíblia o aconselha: - “(…) regra sobre regra, regra sobre regra; um pouco aqui, um pouco ali” – Isaías 28.10.
b) Apocalipse 6.17
Para uma melhor compreensão do texto, vejamos o seu contexto: - (v.12)- “E havendo aberto o sexto selo, olhei, e eis que houve um grande tremor de terra; e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua tornou-se como sangue. (13)- E as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte. (14)- E o céu retirou-se como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares. (15)- E os reis da terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo o servo, e todo o livre se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas. (16)- E diziam aos montes e aos rochedos; Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro”.
Esta lista de acontecimentos, inerentes ao fim dos tempos, é a mesma dita por Cristo no Monte das Oliveiras – “E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas” - Mateus 24.29.
Perante o quadro acima podemos constar que: 1º- a lista revelada a João é um pouco mais longa; 2º- e, quase na sua totalidade já está cumprida, faltando, portanto os dois últimos anúncios, ou seja, - o Céu ainda não se enrolou, nem os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares. Vejamos, sumariamente estes eventos:
1- “houve um grande tremor de terra” - Um dos terramotos mais extensivamente sentidos de que se tem notícia é sem dúvida o de Lisboa, ocorrido no dia 1 de Novembro de 1755 “um terramoto que destruiu meia Lisboa e boa parte do Sul de Portugal”.
2- “sol tornou-se negro como saco de cilício” e “a lua tornou-se como sangue” – Pouco depois do anterior acontecimento outros sinais surgiram, tal como foram previamente anunciados. Este fenómeno ocorreu no dia 19 de Maio de 1780 na Nova Inglaterra (Estados Unidos da América). “O nascer do sol na sexta-feira, dia 19, foi visível na maior parte da Nova Inglaterra. “(…). A Assembleia Legislativa de Connecticut suspendeu a sessão, pois os deputados não conseguiam ver os rostos uns dos outros. (…). A estranha escuridão, em alguns lugares, parecia até mesmo impedir que se propagasse a luz das velas”. Outros comentários abordavam esta mesma ocorrência – “Que as trevas não foram causadas por um eclipse é manifesto pelas diferentes posições dos planetas de nosso sistema nessa ocasião; pois a Lua estava a mais de cento e cinquenta graus do Sol nesse dia”. “Na noite seguinte a Lua mostrou-se de um vermelho sanguíneo. A causa exacta para isto jamais foi estabelecida”.
3- “as estrelas do céu caíram” – Este fenómeno constituiu um “brilhante espectáculo de estrelas cadentes que foi contemplado na memorável madrugada de 13 de Novembro de 1833. Esse extraordinário espectáculo estelar começou a atrair a atenção das pessoas que viviam ao longo da costa leste da América do Norte, por volta das vinte e uma horas, quando a frequência de meteoros se tornou maior que a normal. (…). Cálculos subjectivos na ocasião do evento de 1833 estimaram em mais de 60 mil os meteoros observados durante uma hora”.
Que acontecimentos estão acima descritos? Claro, o tempo que antecede a gloriosa vinda do Senhor Jesus. Como reflexão sobre estes acontecimentos é dito que: - “(…) estes acontecimentos coincidem com o tempo identificado pelo profeta Daniel como tempo do fim da opressão. Este período é, com efeito, marcado no calendário profético. É um momento de calmia para os perseguidos do poder eclesiástico. Aqui estamos no final dos “três tempos e meio” de perseguição de que fala o profeta Daniel (Daniel 7.25). Sob os efeitos da Revolução francesa, todas as estruturas ruíram. A Igreja já não ameaça ninguém. Os sinais cósmicos acompanham, portanto, a história como para a confirmar e a investir num novo sentido que orienta o acontecimento na direcção do fim da história terrestre do homem. Da fase do tempo do fim, passa-se à fase do fim dos tempos”.
Vejamos Apocalipse 6.17 – “Porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir?”. Tudo isto dito de outra maneira, diríamos: - quando vier a perseguição, será que alguém poderá prevalecer? O capítulo seguinte dá a única resposta possível – unicamente aqueles que forem selados com o selo de Deus. Se ficarmos só com a leitura destes versículos não ficaremos na posse de tudo o que eles encerram, assim como do significado de selamento. Existem noutros livros da Palavra de Deus informações que complementam esta – desde o significado deste selo, como até encontramos a mesma pergunta que aqui encontramos. Onde, portanto, podemos encontrar o texto que serviu de base a este do livro do Apocalipse? O nosso princípio é sempre o mesmo, questionar a Palavra de Deus acerca do quanto ela anuncia para que a possamos compreender.
O texto paralelo que nos interessa é o que encontramos no livro do profeta Joel 2.1-11. Vejamos: - (v.1)- “Tocai a buzina em Sião, e clamai em alta voz no monte da minha santidade. Perturbem-se todos os moradores da terra, porque o dia do Senhor vem, ele está perto”. Eis o mesmo contexto – a vinda do Senhor. Este dia, assim como este glorioso acontecimento não será, como alguns crêem e afirmam ligado ao silêncio, antes pelo contrário, nada terá de secreto, visto que, tal como o texto afirma, tudo isto será precedido de um “Tocai a buzina em Sião”. Aqui é apresentado este cenário que, o iremos encontrar noutro texto paralelo, que diz: - “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro” – I Tessalonicenses 4.16. Portanto, nada neste texto corrobora qualquer situação secreta ou silenciosa inerente à vinda de Jesus, antes pelo contrário.
Quando Ele vier tocar-se-á trombeta em Sião. À luz do texto, o leitor está confinado a um local geográfico. Mas, quando na verdade Ele vier, no final dos tempos, não será tocada esta trombeta em Sião literal mas, a nível mundial, visto que, como está escrito: - “Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem” – Mateus 24.27; Apocalipse 1.7. Passa-se do cenário local para o universal. Sião, neste contexto preciso, representa a Igreja; e esta encontra-se, no momento da gloriosa vinda do Senhor Jesus, em todo o mundo. Vejamos o v.3 do profeta Joel: - “Diante dele um fogo consome; e atrás dele uma chama abrasa; a terra diante dele é como o jardim do Éden, mas atrás dele um desolado deserto; sim, nada lhe escapará”. Isto significa que à vinda de Cristo a Terra ainda é habitável mas, após esta visita esta será “um desolado deserto” como refere o texto. Na verdade, como estará a Terra durante o Milénio, período que começa logo após a 2ª vinda de Cristo? Será, como já vimos anteriormente, um verdadeiro deserto de desolação – cf. Jeremias 4,23,27; 25.33.
Vejamos agora o v. 4 – “O seu parecer é como o parecer de cavalos; e correrão como cavaleiros”. Terá este versículo alguma ligação com Apocalipse 19.11,14? Nós pensamos que sim pois trata-se de Cristo com os seus anjos. O v.5: - “Como estrondo de carros sobre os cumes dos montes irão eles saltando, como o ruído da chama de fogo que consome a pragana, como um povo poderoso, ordenado para o combate”. E de que combate, batalha se trata? A do Harmagedom – a que precede a vinda de Jesus. O v.8: - “Ninguém apertará a seu irmão; irá cada um pelo seu carreiro; sobre a mesma espada se arremessarão e não serão feridos”. À luz deste texto estamos perante um exército invulgar, sobrenatural, pois caem sobre a espada e nada lhes acontece! O v.9: - “Irão pela cidade, correrão pelos muros, subirão às casas, pelas janelas entrarão como um ladrão”. Não deixa de ser curiosa esta referência a ladrões! É a expressão directamente ligada à Sua vinda para descrever que esta será inesperada. O próprio Jesus a utilizou: - “Eis que venho como ladrão (…)” – Apocalipse 16.15. Podemos, desde já, ver alguns paralelismos nestes textos, nomeadamente: - fogo, cavalos, ladrões – o que significa que os textos estão ligados entre si, que apontam para os mesmos eventos. O v.10: - “Diante dele tremerá a terra, abalar-se-ão os céus, o sol e a lua se enegrecerão, e as estrelas retirarão o seu resplendor”. Este teor é o mesmo que já vimos em Apocalipse 6.12,13. O v.11: - “E o Senhor levanta a sua voz diante do seu exército, porque muitíssimos são os seus arraiais; porque poderoso é, executando a sua palavra; porque o dia do Senhor é grande e mui terrível, e quem o poderá sofrer?” (sublinhado nosso). Aqui vemos que o Senhor pronunciará uma voz de comando ao Seu exército. Depois o texto termina exactamente com a mesma pergunta que é feita em Apocalipse 6.17 – (…) e quem poderá subsistir?”
c) Apocalipse 7.1-3
“Depois destas coisas vi quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos da terra, retendo os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra árvore alguma. (v.2)- E vi outro anjo subir da banda do sol nascente, e que tinha o selo do Deus vivo; e clamou com grande voz aos quatro anjos, a quem fora dado o poder de danificar a terra e o mar. (3)- Dizendo: Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que hajamos assinalado nas suas testas os servos do nosso Deus” .
Aqui é dado a conhecer que não só haverá um selamento, como também refere o tipo de selo em causa – o selo do Deus vivo. Qual o significado de ser selado com o selo do Deus vivo? De certa maneira, encontramos a resposta dado no texto do profeta Joel que nos ocupa e, desta vez, é o v.12 – “Ainda assim, agora mesmo diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, com choro e com pranto” – Joel 2. Na verdade, ser selado, consiste em ir a Cristo com: 1- Jejuns: 2- choro; 3- pranto. Ser selado é isto mesmo, ou seja, o contrário do que a maioria da cristandade faz, visto hoje o que se faz é prestar culta à deusa televisão várias horas por dia e afins. Esta atitude e outras similares não nos levará, de modo algum, a chorar pelo pecado, antes pelo contrário, a acariciá-lo, a amá-lo. Assim, a maneira como cada um de nós viver determinará se queremos ser selados ou não. Vejamos o v.13: - “E rasgai o vosso coração, e não os vossos vestidos, e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em beneficência, e de arrepende do mal”. Este é o verdadeiro retrato de Deus nesta Terra, a melhor representação do Seu carácter. Continuando no v. 14: - “Quem sabe se se voltará e se arrependerá, e deixará após si uma bênção em oferta de manjar e libação para o Senhor vosso Deus. (…). (17)- Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre o alpendre e o altar e digam: Poupa a teu povo, ó Senhor e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que as nações façam escárnio dele; porque diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?” Vejamos alguns enquadramentos com o Antigo Testamento:
É evidente que no livro do Apocalipse não encontramos todo o texto que serve de base ao que aborda. Mas por esta forma de proceder convida-nos a mergulhar na fonte – texto e contexto – para que conheçamos melhor o que está em causa e a razão pela qual o vidente de Patmos recorreu a esse texto. Este é o princípio para podermos compreender que, para conhecermos bem o livro do Apocalipse temos que examinar toda a Bíblia.114 João ao recorrer a estas fontes está a dizer ao leitor que o que se passou literalmente no passado, passar-se-á, num tempo determinado, o mesmo cenário, só que à escala global. Iremos ilustrar o que queremos dizer, através de um exemplo bem conhecido do Antigo Testamento – o Cântico de Moisés e do Cordeiro. À primeira vista, que relação poderá existir entre o Cântico de Moisés com o Livramento final, assim como com as pragas? Quanto ao do Cordeiro, compreendemos facilmente, pois nele reside o garante da nossa libertação. Mas, e quanto ao de Moisés? O livro do Apocalipse, ao mencioná-lo está, de certa forma, a mostrar-nos que devemos analisar este episódio do Antigo Testamento para que possamos ter uma maior e melhor compreensão do todo – Êxodo 14-15. Na verdade, contrariamente ao que poderíamos pensar à primeira vista, aqui encontramos um paralelismo entre o que aconteceu no Mar Vermelho e o que se passará no final dos tempos – as águas secaram – para que, desta forma, fosse preparado um caminho para o remanescente. De seguida, estas mesmas águas que foram de libertação, a dado momento, ao terminar o seu propósito e a sua missão, elas terão um efeito totalmente contrário e nefasto para com os inimigos do povo de Deus – vida e libertação para o povo de Deus e desgraça e morte para os seus inimigos, afogando-os – cf. Êxodo 14.26-28.
Tudo isto está descrito no livro do Apocalipse. No tempo da 6ª praga, as águas do rio Eufrates espiritual secam-se para preparar o caminho para o povo de Deus – Apocalipse 16.12 – e, de seguida, estas mesmas águas destruirão os inimigos de Deus. Na orla do Mar Vermelho, antes de entrarem na água, a Bíblia revela que a “coluna de nuvem (…) colocou-se atrás deles (…)” - Êxodo 14.19 - para fazer a divisão entre Israel e os exércitos Egípcios que os queriam neutralizar. Esta “nuvem” tinha uma função dupla e simultânea, pois provocava “escuridão para os egípcios” – v.20 - enquanto que, para Israel “esclarecia a noite” – v.20. Todo o cenário repetir-se-á no final dos tempos. Assim, quando os inimigos de Israel conseguiram entrar nas águas, tudo era confusão no seio dos exércitos de Faraó – (v.23)- “E os egípcios seguiram-nos e entraram atrás deles (…) até ao meio do mar. (24)- O Senhor viu e alvorotou o campo dos egípcios. (25)- E tirou-lhes as rodas dos seus carros (…). Fujamos da face de Israel, porque o Senhor por eles peleja (…) – Êxodo 14.
No Salmo 77, podemos ver um pormenor do episódio do Mar Vermelho que não é relatado no livro do Êxodo, a saber: - (v.17)- “Grossas nuvens se desfizeram em água; os céus retumbaram; as tuas frechas correram duma parte para outra parte. (18)- A voz do teu trovão repercutiu-se nos ares; os relâmpagos alumiaram o mundo; a terra se abalou e tremeu” – (sublinhado nosso). Neste episódio em que se manifestava o poder de Deus, além do aniquilamento dos inimigos de Deus houve no mundo físico – trovões, relâmpagos, chuva e tremor de terra. Aqui encontramos um paralelo com acontecimentos relativos à 7ª praga: - “E houve vozes, e trovões, e relâmpagos, e um grande terramoto, como nunca tinha havido desde que há homens sobre a face da terra; tal foi este tão grande terramoto” – Apocalipse 16.18 – (sublinhado nosso). O paralelismo também o encontramos no próprio Cântico de Moisés – cf. Êxodo 14 e 15; Apocalipse 15.3. Digamos que o relato que encontramos no Novo Testamento - livro do Apocalipse - não é mais do que um eco do quanto está relatado no Antigo Testamento – livro do Êxodo – que se passou com o povo de Israel junto do Mar Vermelho.
d) Apocalipse 13.13
“E faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à terra à vista dos homens”. Este fogo que vem do céu tem como base o conteúdo da história do profeta Elias – I Reis 18.22-40 – mais especificamente o v. 38: - “Então caiu fogo do Senhor e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego” – (sublinhado nosso). Aqui encontramos a manifestação do poder de Deus através do Seu profeta Elias,116 enquanto que no relato do Apocalipse trata-se de um falso profeta na representação do poder de Deus. No Antigo Testamento, Elias fez descer fogo do céu e, como resultado de tal proeza, todo o povo reconheceu e aceitou que ele era o emissário de verdadeiro Deus – “(…): Só o Senhor é Deus! Só o Senhor é Deus” - I Reis 18.39. De igual modo, no final dos tempos, este profeta fará descer fogo do céu, ou seja, uma falsificação do profeta Elias – Apocalipse 13.13,14.
Em que outra ocorrência também teve lugar uma manifestação espiritual semelhante? No Pentecostes. Quando desceu fogo do céu no tempo do profeta Elias, o povo ficou convencido que, por trás de tudo aquilo estava a mão, o poder de Deus. Este fogo representa o Espírito Santo, visto que este está directamente ligado à mensagem à mensagem do profeta Elias – I Reis 18.18,21,39 -; 1- arrependam-se – “(…): Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, seguiu-o (…)” – v.18; 2- guardem os mandamentos de Deus – “(…) porque deixastes os mandamentos do Senhor” – v.21; 3- não adorem o falso deus Baal – “O que vendo todo o povo, caíram sobre os seus rostos, e disseram: Só o Senhor é Deus! Só o Senhor é Deus” – v.39 – o deus Sol – o que nos nossos dias significa o dia do Sol, ou seja – o Domingo. No dia de Pentecostes desceu fogo do Céu, ou seja, desceu o Espírito Santo e, como consequência o resultado, de seguida, foi um grande reavivamento espiritual. Na verdade, segundo o relato bíblico, converteram-se milhares de almas – Actos 2.41; 4.4. Na verdade, o testemunho dos discípulos foi impregnado de grande poder.
O livro do Apocalipse refere que o falso profeta irá trazer, aparentemente, o reavivamento do Espírito Santo vindo do Céu, o qual irá trazer prosperidade; os serviços de adoração irão ser emocionantes. Nesta fase, milhares de pessoas entrarão na Igreja mas, esta é a obra de um falso espírito. Não devemos permanecer em toda e qualquer manifestação sensacional, a não ser na mensagem que proclama Elias. Este, no passado, admoestou o povo a guardar os mandamentos e incentivou o povo a adorar unicamente o Deus verdadeiro e não o deus Baal – o deus Sol. A linguagem do falso Elias será a de que, afinal, não é assim tão importante guardar os mandamentos, pois ninguém os pode guardar até que Cristo venha! Como também irá dizer que se adore no dia do deus Sol – o Domingo. Nos dias de hoje, as Igrejas são muito efusivas. Por esta razão – a celebração – não denuncia o pecado, mas unicamente o amor de Deus – a graça – pois faça-se o que se quiser, Cristo perdoará.

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