13 de maio de 2008

PAZ PARA VIVER: 02 - Vencer as Sombras

Introdução: Quando conhecemos Deus temos um privilégio especial de conhecer a Pessoa mais importante do Universo. Através d’Ele temos a possibilidade real de nos conhecermos a nós próprios.

Alguém disse o seguinte: “Se Deus me concedesse a Sua omnipotência por vinte e quatro horas, vocês veriam quantas coisas eu faria no mundo. Mas se Ele me desse também a Sua sabedoria, eu deixaria as coisas como estão.”

A verdade é que só Ele pode ajudar-nos a compreender as razões profundas do nosso proceder, do nosso agir, da razão por que fazemos as coisas de uma certa maneira. Só Ele nos pode ajudar a compreender como funcionamos, mas muito mais do que isto, Ele é o único que nos pode curar intervindo na capital do nosso ser, no centro das nossas motivações, no núcleo da alma.

Ele pode curar toda a anomalia:
– A solidão
– A tristeza
– A amargura
– A frustração
– O desespero

Estas são as piores doenças da nossa sociedade, não só em Portugal mas em toda a Europa e ....

O ser humano é uma tricotomia.

Segundo o versículo muito conhecido: “E todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis, para a vinda do nosso Senhor Jesus Cristo.” I Tessalonicenses 5:23.

Alguns teólogos defendem a seguinte tese: Como Deus, o homem e o mundo são três realidades essenciais que existem, então ao homem foram dadas as três faculdades que são inerentes a Deus e a este Planeta:

a) Deus: Pai, Filho e Espírito Santo
b) Natureza: Terra, ar e água.
c) Homem: corpo, alma e espírito.

– Pelo corpo, o conhecimento do mundo.
– Pela alma, a consciência de si próprio.
– Pelo espírito, a consciência de Deus.

Este esquema não é inteiramente satisfatório porque na realidade o apóstolo Paulo diz: “que o nosso corpo é o Templo do Espírito Santo”. (I Coríntios 6:19) O que significa que existem inter-relações que são indissociáveis. Creio que o importante é poder compreender esta relação e como o sofrimento da alma atinge a alma e o corpo.

– O que é a alma?
– O que é o espírito?
– O que é o corpo?

Esta noite quero dar só uma ideia desta tricotomia: alma, espírito e corpo. Uma próxima palestra falaremos de novo deste tema. Por esta razão, hoje focaremos a parte que tem mais a ver com os nossos sofrimentos psicológicos.

Vejam o que diz a Virgem Maria:
“Disse Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador.” Lucas 1:46, 47.

A alma de Maria engrandecia ao Senhor – alma, sede da vontade, do querer.
O espírito se alegra – emoções, alegria ou tristeza.

Porque diz a Bíblia em Hebreus 4:12: “Pois a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”?

A alma é a sede dos sentimentos. Nós dizemos: “amo-te de toda a minha alma.” A alma é a sede dos sentimentos.

Com isto afirmamos que os que amamos é lá que passam a morar, a viver dentro de nós. Porém se aqueles que amamos nos fazem mal, ou nós lhes fazemos mal a eles. Onde fica o sofrimento?

Os sentimentos estão ligados ao sistema nervoso, e entender o sistema nervoso é como tentar entender um país inteiro. Tantas coisas se passam simultaneamente em tantos sítios que temos de o dividir em partes. No caso de um país, podemos estudá-lo cidade a cidade ou fazer mapas das estradas ou dos rios.

Com o sistema nervoso, os cientistas abordam as respectivas funções como se elas fossem executadas por sistemas independentes, quando na verdade são apenas parcelas de um todo harmónico e interdependente.

Então só alguém que conheça perfeitamente o todo que somos nós, pode entrar em nós e curar-nos: “Pois criastes o meu interior...quando fui entretecido nas profundezas da terra.” Salmo 139:13-15

Deus tinha-nos, a cada um de nós, no pensamento quando criou o primeiro átomo. Ele conhece a nossa estrutura, Ele sabe onde está a ferida que nos fizeram ou que nós próprios provocámos. E Ele, pelo Seu Espírito, entra lá e repara.

Mas para isso precisamos de nos ligar ao Senhor: “E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de Seu Filho, que clama: Aba, Pai.” Gálatas 4:6

“Porque o que se liga ao Senhor torna-se um só espírito com Ele”. I Coríntios 6:17

Isto é, Deus fala pelo Seu Espírito ao nosso espírito, que é o canal ou meio através do qual Deus age na nossa alma. Em todo o nosso ser.

Muitas vezes, oro: “Espírito de Deus, desce sobre o meu coração; desliga-o da terra; move-Te em todo o seu pulsar; Senhor, sê condescendente com a minha fraqueza, faz com que Te ame como devo amar.”

Deus quer curar-nos. Mas só o pode fazer através do amor, o amor é o espaço em que Deus age. O médico que precisa de entrar na nossa parte doente, por exemplo no coração, ele necessita de abrir a caixa torácica, para poder agir no órgão doente. Tratá-lo, repará-lo e finalmente curar.

Da mesma forma Deus precisa de entrar na nossa alma doente, abatida, triste, cheia de solidões e tristezas. Mas como entrar?

Os médicos não o podem fazer, nem os psicólogos têm verdadeira resposta para este tipo de doença. É preciso ir lá e retirar a parte doente, a parte ferida. Quem pode entrar na alma?

Pelo Espírito. Mas o nosso espírito está sob o comando da nossa vontade, é ela que decide, se deixa ou não deixa o Espírito de Deus entrar.

Podemos dizer: “mas o Espírito de Deus é mais forte do que a nossa vontade. Deus é Todo Poderoso, pode tudo.” E isso é verdade. Porém, Ele não usa de violência: “Nem por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos.” Zacarias 4:6

“Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.” Apocalipse 3:20

A nossa alma é a sede da nossa vontade.

Na nossa alma encontra-se a chave das nossas decisões, boas ou más. O Espírito Santo deseja influenciar-nos para que a nossa vontade entre em harmonia com a Sua, e quando esta harmonia acontece, tudo acontece: Sentimos a presença de Deus, sentimo-nos em paz connosco e com os outros e desta maneira progressivamente, mas de forma correcta, vivemos ao ritmo do Criador: “Porque Deus é o que opera em vós, tanto o querer como o efectuar, segundo a sua boa vontade.” Filipenses 2:13

Compreenderemos que Deus não nos quer mal, que não nos faz mal. Com Ele não há incertezas ou receio das coisas correrem mal. Porque Ele conhece o caminho e Ele conduz e conduz bem.

Acontece, porém, que a nossa alma é essencialmente alimentada pela nossa inteligência e é extremamente sensível ao que acontece à sua volta. Ela é informada especialmente pela vista – a leitura, o ver filmes e assim por diante.

O cheiro, o tacto, o ouvido ou seja os sentidos, que nos levam:

– A opções
– Aos preconceitos
– A orientações de vida
– À bagagem cultural e intelectual que nos permite uma forma de estar no mundo.
– Às nossas reacções automáticas contra ou a favor
– Às nossas convicções culturais, sociais e religiosas.

Devemos reconhecer que há livros fascinantes, bem como filmes, que especulam sobre a existência de Deus. Colocam a nossa origem sob uma luz de contradição, e assim levam muita gente a uma terrível angústia mental.

Mas os homens e mulheres preocupados com todas estas coisas e insatisfeitos com as respostas, alimentam-se de uma outra fonte que é a Bíblia. Esta apresenta-se como a informação mais correcta colocando-se na nossa origem e tendo como Autor Aquele que dá sentido às coisas e à vida.

Há muitas informações sobre Deus. Mas só a Bíblia tem o cunho da inspiração divina. É ela que realmente nos diz quem Ele é. A Bíblia é um livro fiável. Durante décadas ela foi posta em causa. Mas descobertas arqueológicas e outras técnicas científicas, têm mostrado que a Bíblia é um documento muito antigo, e hoje ela é vista como um livro que deve merecer toda a confiança.

Antes de afirmar que a Bíblia é um livro inspirado por Deus, gostaria de evidenciar algumas coisas que me parecem muito importantes: A melhor prova de que a Bíblia é uma mensagem vinda de Deus, está na própria natureza dos seus ensinos. Nenhum outro livro, sobre a face da Terra, tem provado o seu poder de transformar a vida do ser humano.

Experiência:
Conta-se que um oficial inglês se encontrava numa ilha do Pacífico ainda habitada por canibais. Ele encontrou um velho chefe, sentado ao lado da sua cabana lendo a Bíblia que tinha sido traduzida para o seu dialecto. O oficial ousou perguntar: – O que é que está a ler?

Levantando os olhos da sua leitura, o homem idoso, disse: – Eu, ler o livro de Deus.

O oficial respondeu-lhe: – O conteúdo desse livro está ultrapassado. No meu país ninguém lhe dá o mínimo crédito. Descobrimos que não passa de um conjunto de fábulas e mitos.

O velho chefe ficou pensativo durante alguns momentos. Finalmente disse: – Talvez tu não mais crer neste livro, mas este livro fez de mim homem bom. Antes deste livro vir para a minha ilha, eu comer a ti. Este livro mudou mim. Este livro mudou o meu coração. Homem branco, estás a dizer a mim para eu queimar este livro e comer a ti?

O oficial corou, apertou a mão do velho carinhosamente e disse-lhe ao ouvido, antes de se afastar: – Continua a ler o teu livro, ele é muito bom.

Este livro é uma fonte de poder, não só transforma os que apreciam a carne humana em homens respeitadores do seu semelhante, mas tem a particularidade de responder às nossas necessidades.

II Timóteo 3:16, 17 afirma que as Escrituras são inspiradas por Deus, ou seja que elas são efectivamente a Palavra de Deus.

“Toda a Escritura, divinamente inspirada, é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.”

O apóstolo Pedro afirma também em II Pedro 1:21. Que os homens que a escreveram falaram da parte de Deus.

“Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram, inspirados pelo Espírito Santo.”

Encontramos mais de 2.500 vezes na Bíblia expressões como esta: “Assim fala o Senhor”; “O Senhor disse”; “A Palavra do Senhor me foi dirigida”.

A Bíblia tem, nas suas santas páginas, cerca de mil profecias, acontecimentos futuros. A maior parte já se cumpriram com todo o rigor, outras cumprem-se no presente de forma impressionante: Guerras, conflitos entre nações, pestes, vírus e bactérias que atacariam o ser humano levando-o irremediavelmente à morte.

Não podemos ter dúvidas de uma coisa, sendo a Bíblia a Palavra de Deus, é natural esperar que Satanás, o inimigo de Deus, a ataque de forma feroz. Ele faz com que se crie, à volta do livro Santo, a suspeição, a mentira e a incredulidade.

Voltaire declarou de forma orgulhosa: “Já estou cansado de ouvir que doze homens fundaram a religião cristã. Eu mostrarei que um só homem é suficiente para a destruir.”

Voltaire chegou mesmo a fazer futurologia, do género: “dentro de cem anos a Bíblia estará no esquecimento”.

Os séculos passam, e a Bíblia caminha rapidamente no sentido de estar traduzida em todas as línguas do mundo e, também, em todos os dialectos. Estudos recentes provaram que 99% das línguas e dialectos do mundo podem ler a Bíblia. No entanto, no tempo de Voltaire só estava traduzida em 50 idiomas.

É verdade que o argumento mais forte que Satanás tem encontrado nos últimos tempos, é o seguinte: “A Bíblia é como uma guitarra na qual se pode tocar qualquer tipo de música”. Ou seja, que ela pode ser interpretada como nos convier.

Na verdade em II de Pedro 1:20 lemos que “nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação.”

A Bíblia avisa que nenhuma profecia, ou seja nenhum versículo ou capítulo é para interpretação particular. Nenhuma porção da Sagrada Escritura é para ser adaptada ao meu desejo, mas o meu desejo deve estar em sintonia com o desejo de Deus.

Mas como identificar se é ou não a vontade de Deus? Eu quero afirmar publicamente que não tenho a mínima dúvida de qual é a vontade de Deus. Sabem porquê? Porque ao ler a Bíblia ouço a voz de Deus. Mais do que ouvir a voz de Deus, ouço a voz do meu Pai. A Sua voz é inconfundível.

Um romancista inglês (nome dele???) conta a história de um menino que era aluno interno num Colégio. O pai trabalhava num país estrangeiro, a sua mãe tinha morrido quando ele nasceu. Era frequente os seus colegas falarem dos seus lares. O menino ficava muito triste quando os seus colegas partiam nas férias para visitarem os pais.

Não se pode dizer que este menino não recebesse uma educação esmerada. Com certeza que sim. Recebia prendas e cartas do pai com regularidade. Havia uma moldura com a sua fotografia no seu quarto. Mas tinha-se passado tanto tempo que o menino ansiava ver o pai.

Um dia recebeu uma carta que dizia que o pai ia chegar e que gostava muito que ele estivesse no cais, e que o reconheceria entre a multidão. Ele pensava no filho de noite e de dia. Apesar de terem passado anos, ele reconheceria o seu filho. O menino via o barco aproximar-se, mas apesar da foto que tinha no seu quarto, ele não era capaz de reconhecer o pai.

O menino reparou em alguém que se debruçava no barco e que olhava ansioso para um lado e para o outro. A determinada altura, não teve dúvida, era o seu pai. Assim que o barco atracou, viu aquele homem descer as escadas a correr, passar pelo meio de toda a gente e dirigir-se para ele. O seu pequeno coração batia aceleradamente. De repente sentiu-se envolvido nos ternos braços daquele ser querido e pronunciou a palavra “pai, paizinho”.

Até àquele momento pai, era só uma palavra. Agora era uma realidade. E ele sentia que era amado e amou.

Prezados amigos, eu não tenho dúvida de que o Espírito de Deus virá ao vosso coração dizer-vos se falo verdade ou se falo mentira.

Experiência:
Há alguns anos realizei uma série de conferências numa cidade Romena. Quem sabe se esta noite as pessoas de quem vou falar me estarão a ouvir?!

Havia muitas centenas de pessoas a assistir. Entre elas havia três jovens. Os três eram irmãos, duas raparigas e um rapaz. Naquela noite, reparei especialmente neles. Cada vez que olhava naquela direcção percebia que eles se riam.

E isso começou a incomodar-me. Disse a mim próprio que deveria manter-me tranquilo e que não devia olhar. Passados instantes esqueci-me deles e continuei a pregar com todo o amor do meu coração. Porém, fixei-os sem querer e reparei que riam de forma a que eu os notasse.

No final, disse ao tradutor que queria falar com os jovens. Estávamos à porta e eles eram os últimos a sair. Pude perceber que eles também queriam falar comigo. Apressei-me a perguntar-lhes:

– Por que razão vocês se riem? Não gostam de ouvir falar de Deus? Se não gostam porque estão aqui?

– O senhor está completamente enganado. Nós gostamos muito de ouvir. Não perdemos nenhuma noite desde que começou. Mas você fala em francês, e nós sabemos falar essa língua e gostamos muito do seu sotaque. E queremos convidá-lo a vir jantar a nossa casa esta noite.

– Mas isso não é possível. Não conheço os vossos pais e isso pode criar problemas.

– Não se preocupe, os nossos pais aceitam tudo o que nós fazemos. Fomos. Os pais receberam-nos muito bem. Comemos comida típica romena, muito boa. A mãe estava muito preocupada porque os filhos estavam a frequentar uma religião moderna, e ela era Ortodoxa bem como o seu marido. Quis saber quem era eu e qual a minha religião.

– Disse-lhe que a minha religião era a religião do Livro de Deus.

Bom, tudo ficou esclarecido e ficámos bons amigos.

Uma outra noite, fiquei surpreendido. Desta vez não só se riam sempre que eu olhava para eles mas faziam gestos. Devo confessar que fiquei bastante nervoso.

À saída eram eles que estavam à minha espera. Disseram que naquela noite tinha forçosamente que ir a casa deles porque a mãe queria falar comigo.

Fomos. Qual não foi a surpresa ao ver uma mesa posta com comida óptima! Sem demora a mãe começou a dizer-me que era enfermeira, o seu marido engenheiro. E que estavam muito surpreendidos com o que se estava a passar com os seus filhos. Eram agora muito amigos, enquanto antes estavam em permanente conflito uns com os outros. Mostravam-se mais estudiosos, prontos a ajudar na lida da casa e que tinham tudo arrumado.

– Senhor Costa, quem é o senhor ?

– Sou um servo do Deus Altíssimo – disse-lhe eu.

– Realmente – continuou ela, sem parar – esta manhã quando cheguei a casa depois de fazer noite, ajoelhei-me e fiz uma prece ao Senhor. Perguntei-lhe: Senhor, Criador do Céu e da Terra, quem é este pregador Costa? Adormeci e sonhei. Sonhei que estava numa montanha, e via um caminho coberto de neve. Havia muitas pegadas no caminho. No sonho perguntei: que caminho é este? Ouvi uma voz que dizia: Este é o meu caminho e o DaCosta prega toda a verdade sobre o meu caminho e como chegar até mim.”

– Que quer dizer este sonho? – perguntou-me. Olhei para ela com lágrimas nos olhos e perguntei-lhe:

– A senhora, o que acha?

– Acho que Deus respondeu à minha prece.

– Essa é também a minha convicção – respondi.

Ela, o marido, os filhos juntamente comigo e o pastor que me traduzia, experimentámos a atmosfera do Céu. Sentíamos a presença de Jesus que tinha vindo para confirmar a Verdade inspirada pelo Seu Espírito.

Por intermédio da Bíblia, o Espírito Santo dá-nos novos pontos de referência. Paulo diz em Romanos 12:2: “Transformai-vos pela renovação do vosso entendimento.” Noutra versão podemos ler: “Sede renovados e transformados pela vossa inteligência.” (???)

Portanto a nossa inteligência não será aniquilada, nem substituída por uma mentalidade irracional e sem sentido, mas renovada.

Deus quer curar-nos e Ele pode fazê-lo. Mas Ele precisa que tenhamos esta base de confiança. Confiança não no homem, mas na Sua Palavra.

Paulo, que era tão sensível porque o seu espírito estava em sintonia com o Espírito de Deus, estabelece uma linha de direcção orientada pelo Espírito Santo: “Examinai, discerni, julgai e provai...”

Os nossos sentimentos

A língua portuguesa tem mais de mil palavras para exprimir os diferentes sentimentos. Na verdade os sentimentos são uma parte importante do nosso ser, mas podemos agrupá-los em quatro grandes categorias:

– o medo, ou ansiedade, angústia: receio do futuro
– a tristeza: é a perda de um bem passado ou a presença dum mal actual.
– a cólera: é a reacção perante um mal presente e actual.
– a alegria: está ligada ao amor, à simpatia, ao louvor, ao prazer, a tudo o que é positivo.

O amor de Deus (ágape), que nos enche permite-nos controlar todos estes sentimentos.

Jesus revitaliza a minha alma.

Deus criou-me para que seja criatura Sua, à Sua imagem. Ele deu-me o reflexo da Sua natureza.

Para que eu seja o reflexo da Sua santidade e do Seu amor, Ele deu-me a vontade.

Para que eu seja o espelho da Sua espiritualidade, Ele deu-me a inteligência.

Para que eu reflicta a Sua alegria, Ele deu-me os sentimentos.

Todo o meu ser foi afectado pelo pecado. A minha vontade tornou-se rebelde, a minha inteligência foi obscurecida, os meus sentimentos tornaram-se negativos.

A redenção do meu ser por Jesus inclui três coisas, e Ele pode fazer isso porque Jesus desempenha um triplo ministério:

– Como rei, Jesus reina sobre a minha vontade.
– Como profeta, Jesus introduz na minha inteligência, a luz e arranca a minha inteligência das trevas, da sepultura da morte e renova-me.
– Como Sumo sacerdote, Ele ofereceu o sacrifício, apaga a minha culpa e liberta os meus sentimentos da opressão, da tristeza e de uma consciência acusadora. Ele dá-me o amor-ágape, a alegria e a paz.

O Senhor é o Senhor do corpo.

Os coríntios limitavam a acção do Espírito Santo ao espírito e à alma. Faziam o que queriam com o corpo e Paulo teve que os repreender severamente.

Admoestou-os que não tinham o direito de fazer o que queriam com os seus corpos. Vejamos o texto bíblico:

“Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus, no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.” I Coríntios 6:19, 20

Não só no que diz respeito ao comer. A Palavra de Deus diz-nos o que nos faz bem e o que nos faz mal. Porque Deus ama o nosso corpo.

Este corpo foi comprado e resgatado por Jesus Cristo. O meu corpo pertence-lhe. Ele é que é o verdadeiro dono do meu corpo.

O coração e o interior do coração.

Não há dúvida de que o nosso ser é de uma grande complexidade. O nosso corpo, alma e sentimentos, são como uma casa.

Não uma casa de três andares diferentes, mas um ser extremamente complexo, onde os três níveis se interligam de forma tão bela que os três são indissociáveis. Na verdade os três são como um só e quando um deixa de funcionar bem os outros ficam muito afectados.

Mas a Bíblia aborda o ser humano sobre um outro ângulo.

Coração.

Esta palavra designa a personalidade, o que está escondido, o que é íntimo, por isso quando Jesus falou com Nicodemos disse-lhe que o que Nicodemos precisava era de um coração novo. Não se trata de um transplante, mas de uma acção do Espírito Santo. Ele leva a pessoa a ver as coisas e as pessoas de outra maneira. Especialmente a ter a capacidade de perdoar.

O interior do coração.

O interior do coração é a parte ainda mais profunda do ser. Quero dizer, esta parte que nós conhecemos tão pouco, ou mesmo nada, no interior da consciência. O Dr. António Damásio, considerado mundialmente, um dos mais extraordinários neurologistas no que respeita às funções cerebrais, escreve: “Nenhum aspecto da mente humana é fácil de investigar, para aqueles que desejam compreender os fundamentos da mente. A consciência é, geralmente, encarada como o problema dominante. Se a elucidação da mente é a última fronteira das ciências da vida, a consciência parece ser o último mistério da elucidação da mente.” – O Sentimento de Si, p. 22; Publicações Europa América (Outubro de 2000).

A Bíblia falou da consciência muito antes que os psicólogos a tivessem descoberto. Deus conhece-nos muito bem e ama-nos.

Sinceramente creio que é isso que Jesus quer dizer quando, em Apocalipse 3:20. Ele diz: “Eis que estou à porta e bato.”

Onde a Sua luz e a cura ainda não entraram, e isso explica a pobreza, a nudez e a cegueira.

Convidar Jesus para o interior do coração.

Imaginemos que recebemos uma pessoa na nossa casa. A primeira vez, levamo-la para a sala de estar. Mais tarde, conhecendo-a melhor, falamos com ela sem grande etiqueta, e até a levamos para a cozinha enquanto preparamos o almoço e conversamos.

Depois gostamos de lhe mostrar o quarto dos nossos filhos. Se esta pessoa ganhou toda a nossa confiança, não teremos segredos para ela. Ela irá procurar uma vassoura e ajudar-nos a varrer as partes mais sujas da nossa casa, partes que nós não ousaríamos mostrar-lhe, se não tivéssemos confiança total.

Da mesma forma, Jesus visitará e curará o nosso interior na medida em que O formos convidando, com confiança sincera, para entrar mais e mais dentro de nós até ao lugar onde guardamos os segredos.

Claro que se sofremos grandes traumatismos na nossa vida. E isso levará mais ou menos tempo conforme a confiança que n’Ele depositarmos, mas nessa medida Ele curará progressivamente.

Mesmo que não tenhamos sofrido grandes traumatismos, pode levar algum tempo a que Jesus faça a cura do nosso inconsciente. Mas Ele quer. Ele bate.

Sentimentos recalcados.

De facto o que nós vivemos, vimos, sentimos, sofremos, pensamos, desde o nosso nascimento, dizem os psicólogos e médicos, que desde o momento da nossa concepção, não se evaporou, mas continua em estoque, como se estivesse num computador, no mais profundo da nossa mente (coração), no subconsciente.

Lá no fundo repousam as boas e as más experiências e em determinadas alturas, certas recordações podem vir à superfície de uma ou outra forma.

A nossa vida não se limita àquilo que está no nosso consciente e que recordamos, porque a nossa consciência é simplesmente uma camada muito fina do que está dentro da nossa mente (coração).

Por baixo estão acumulados sentimentos psíquicos recalcados, dos quais ignoramos muitas vezes a existência.

Trata-se não somente de pulsões sexuais, mas também, por exemplo, de sentimentos de inveja, de cobiça, de amor ou de raiva. De forma geral, todos estes impulsos ou tendências, nunca confessados, nós enterramo-los fora do campo da nossa consciência.

Estas pulsões exercem uma grande influência em nós, determinando a alegria ou a tristeza na nossa vida. Muitas pessoas que não gostam da sua personalidade, do seu feitio, perguntam: “Porque razão sou assim?”

1- Os psicólogos dizem que agimos ou reagimos de certa maneira, porque o que existe em nós, em primeiro lugar, é o pensamento.

Quando se fala em pensamento quer-se dizer:

a) Pensamento inconsciente, ou o que está dentro da mente (do coração), de que a pessoa não se lembra. Não se sabe que aquele pensamento lá está.

b) O pensamento consciente: o que está na mente (no coração), e que nós sabemos que lá está.

2- Dos pensamentos resultantes dos sentimentos.

3- Dos sentimentos nascem os nossos comportamentos e atitudes.

4- As nossas atitudes e comportamentos provocam nas pessoas com quem convivemos (família, colegas e amigos) reacções, consequências das nossas atitudes.

Quer dizer que as consequências dos nossos comportamentos voltam para nós como o boomerang (objecto que lançado faz um trajecto e volta ao ponto de partida). Então, podemos dizer que o que se passa connosco é mais ou menos assim:

Os meus pensamentos (inconscientes e conscientes), resultam em sentimentos, estes em comportamentos e finalmente, consequências.

É como um círculo fechado, vicioso! Para romper esta cadeia, necessitamos de romper um destes elos. Frequentemente cansamo-nos a tentar resolver os sentimentos, porque nos fazem sofrer, fazem mal, são dolorosos. Outros tentam agir sobre o comportamento: onde está a nossa capacidade para agir sobre o nosso comportamento?

A verdade, porém, é que com relativa facilidade voltamos a agir como sempre agimos. O que seria neste caso, extremamente insensato, era pedir às pessoas que nos rodeiam para mudarem as suas reacções, tendo sido nós a provocá-las! Não teria sentido.

Aqui, vou dizer com toda a sinceridade da minha alma, é um testemunho pessoal: "Só há uma forma de agir correctamente e é, pedir ajuda a Deus."

Experiência: No jardim de Tuileries, em Paris:

Há uma estátua de uma mulher, provavelmente uma bailarina, cujo rosto está coberto com uma máscara. Vista de frente, a uma certa distância, parece que sorri, mas à medida que nos aproximamos e a olhamos de perto, principalmente de perfil, vê-se um rosto mergulhado na mais profunda angústia, provocada por uma dor escondida. Esta mulher quer mostrar ao público um rosto sorridente, mas na realidade está consumida por uma dor profunda.

O mesmo se passa com muitas pessoas. Estão preocupadas em mostrar alegria, satisfação, mas o que sentem é amargura, uma ferida profunda, uma ferida não exposta, mas que consome.

A Bíblia diz assim: “Porque todos os dias são dores, e a sua ocupação é desgosto, até de noite não descansa o seu coração.” Eclesiastes 2:23

Há muitas pessoas que se deixam esmagar pelos problemas, vivem angustiadas, com doses enormes de medicamentos, bebidas alcoólicas, droga, sexo. E isso não elimina o sofrimento!

Outras pessoas recorrem a Jesus Cristo para receberem força e vencer. Isto não quer dizer que os cristãos estejam livres de problemas, mas em Cristo, com a Sua graça, encontramos força para agir de forma diferente.

Eis o que diz o apóstolo Paulo: “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desesperados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos.” II Coríntios 4:8, 9.

Esta passagem é fantástica! É a resultante de um homem que tinha a mão posta em Alguém que nunca falha. Sim, Paulo não nega que havia tempestades na sua vida.

Mas, não estava só. Ele sabia em Quem se podia refugiar: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia.” Salmo 46:1

Meus amigos, quem somos nós para ir a Deus? Quem nos pode recomendar ao Altíssimo? Os nossos méritos!

Sim, os nossos méritos. Estão surpreendidos? Eu sei que estão. Mas reafirmo, a única coisa que nos pode recomendar a Deus é o mérito da nossa necessidade.

Quando, humildemente, reconhecemos que não podemos continuar a lutar sozinhos, abrimos a porta da nossa necessidade, da nossa fraqueza, da nossa dependência. Ele ouve! Isto eu sei!

Não precisamos de ir ter com Deus com um protocolo complicado. Encontramos em David um exemplo: “Clamou este pobre, e o Senhor o ouviu, e o livrou de todas as suas angústias.” Salmo 34:6.

Experiência: Há alguns anos, dirigi um Congresso de Universitários na Lousã. Uma manhã, por volta das três da madrugada, acordei com uma terrível dor de cabeça. Era insuportável, orei ao Senhor, senti que a resposta era “vai a uma Farmácia”. Mas, Senhor, a esta hora da manhã?! Sem receita médica?!

A dor era cada vez mais intensa. Fui, com muita dificuldade. Às 4 horas da manhã, toquei à campainha da Farmácia. Passados minutos veio o farmacêutico, aborrecido. O seu olhar dava sinais de que tinha sido desperto de um sono profundo.

Entreabriu a porta e perguntou:
– O que é que quer?
– Preciso de um medicamento, estou com muitas dores de cabeça.

Deixou a porta aberta, para que eu o seguisse. Atrás do balcão interrogou-me:
– Onde está a receita médica?
– Não tenho, só tenho a dor de cabeça.
– Então, a esta hora, vem aqui e não traz a receita?
– É verdade – respondi – mas a dor de cabeça é cada vez mais forte.

Trouxe-me uns comprimidos e um copo de água. Agradeci. Entrei no carro, andei alguns metros. Parei, porque não era capaz de conduzir. Fechei os olhos e orei.

Não é a nossa aparência, não são os nossos recursos intelectuais, não é o nosso dinheiro que nos recomenda a Deus. Mas a nossa tragédia, a nossa necessidade. Este é o maior argumento que podemos e devemos, com sinceridade, apresentar a Deus. E assim, Ele pode abrir a porta e derramar a Sua graça para nos curar a ferida da alma.

Quando expomos o nosso coração a Deus, como a um amigo, estamos a realizar um acto que na Bíblia se chama “oração”.

Deus escuta a oração sincera. Não as palavras memorizadas que fazem parte duma recitação que não tem nada a ver com as minhas necessidades, as minhas dores e sofrimentos. Mas um abrir do coração sinceramente.

Deus “atende à oração do desamparado, e não despreza a sua oração.” Salmo 102:17.

Há pessoas que se consideram demasiado insignificantes para que o Senhor as escute. Será o seu caso?

Ilustração: Perguntaram a uma menina.
– Crês que Deus cuida de ti? Assim pequena como és?
– O meu irmão é muito mais pequeno do que eu e a minha mãe passa mais tempo a cuidar dele que de mim. Sou pequena, por isso Deus terá de cuidar mais de mim.

Fulton Shin disse: “Hoje em dia há milhares de doentes deitados de costas que se sentiriam muito melhor se se colocassem de joelhos.”

Como orar?

Muitas pessoas sentem que recitar uma reza, não as conforta. Os discípulos, que estavam habituados a recitar os Salmos de forma repetida e nem sempre sentida, perceberam que Jesus orava de modo diferente. Procurava um lugar a sós para, em voz alta, falar com o Pai “como um homem fala face a face com o seu amigo.” E pediram a Jesus que os ensinasse, queriam saber como é que Ele orava.

Jesus então orou diante deles a oração que chamamos o “Pai Nosso”.

Eu creio que há coisas que se deve ter em conta na oração de poder, na oração que nos coloca directamente em contacto com a Fonte do Poder:

1. Orar em nome de Jesus, Ele é o nosso único Mediador.
“E, tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.” João 14:13, 14.

2. Orar com fé.
“E Jesus, respondendo, disse-lhes: Tende fé em Deus; porque, em verdade vos digo, que, qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será feito.” Marcos 11:22, 23.

3. Estar pronto a fazer o que o Senhor nos disser na oração.
“E qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos; porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos o que é agradável à sua vista.” I João 3:22.

4. Pedir a Deus que se faça a Sua vontade. Ele conhece tudo e sabe o que é melhor.
“E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve.” I João 5:14.

Isto ajuda-nos a crescer na confiança, na paz interior e a depositar o fardo nas Suas mãos. Saber transferir os nossos cuidados para Ele.

Experiência: Durante a doença do meu filho, lutei em oração para que Deus o curasse. Receava tanto perdê-lo que não era capaz de dizer: “Faça-se a Tua vontade”. Um dia, caminhava sozinho ao longo da praia da Costa de Lavos, e comecei a orar em voz alta. Era já o entardecer, o sol aproximava-se do horizonte, os raios tocavam-me como um suave convite a confiar. Então senti que Jesus estava ali ao alcance da mão, podia até tocar na orla do seu vestido como a mulher que sofria de hemorragia. E disse: "Senhor, faça-se a Tua vontade."

A partir daquele dia, eu sei que Jesus acorrentou a febre, a doença do meu filho, da mesma forma que fez com a doença de Jób. E o meu filho começou a melhorar.

Alguém até hoje não foi capaz de orar?
Alguém até hoje não foi capaz de abrir o coração?
Alguém tem um problema tão grave que nem a Deus o ousa confiar?

Hoje o Raio de Sol vem do Horizonte para aquecer a sua alma e dizer: “Amo-te e quero que repouses nos Meus braços.”
Pr. José Carlos Costa

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