O ventre e as coxas de bronze. O reino que segue ao reino de prata é representado por bronze. Da mesma maneira que a prata caracterizava a riqueza do reino dos Medos e dos Persas, o bronze deve caracterizar o poder grego que lhe sucede. O bronze parece ter tido sido uma das artes dos gregos. O profeta Ezequiel faz referência ao bronze como símbolo principal de troca e do vigor dos Gregos (ver Ezequiel 27:13). Mas o bronze era particularmente usado pelos soldados gregos. A sua armadura, o capacete, o escudo e mesmo os seus machados de guerra, tudo era em bronze. É dito que quando Psamético I do Egipto consultou o oráculo de Latone para saber como vingar-se dos seus inimigos persas, o oráculo respondeu-lhe que “a vingança viria do mar quando os homens de bronze aparecessem”. Esta resposta deixa o monarca por algum tempo cético até ao dia em que os piratas gregos, completamente equipados das suas armaduras de bronze, desaguaram nas margens egípcias em consequência de uma tempestade. Testemunha desta cena, um indígena precipitou-se a informar o rei Psamético I que “homens de bronze tinham chegado do mar e estavam a chegar, devastando a planície como se fossem gafanhotos…“. Vendo nisto o cumprimento do oráculo, o rei egípcio fez aliança com eles contra os seus inimigos. (Heródoto I, 152,154).
Para além da ideia de decadência, que está implícita entre o ouro, a prata e agora o bronze exprime-se a ideia de conquista, na medida em que este metal evoca igualmente a vinda do soldado invasor. Por outro lado, esta armadura de bronze, famosa entre os Gregos desde os tempos de Homéro, era tanto mais impressionante por contrastar com a simples toga de tecido com que geralmente os soldados se vestiam e em especial os soldados medos e persas (Heródoto VII, 61,62).
Por tanto nada de admirar que o bronze sema colocado em relação com a ideia de conquista. Encontramos aqui uma característica essencialmente deste “terceiro reino, de bronze, o qual terá domínio sobre toda a terra.” (Dan. 2:39). A história uma vez mais confirma a profecia. Graças ao exército de Alexandre o Grande, a Grécia tornar-se-á em breve, uma dezena de anos mais tarde, o reino mais vasto desse tempo, estendendo-se até aos confins da Índia e da Pérsia, passando pela Fenícia, Palestina e Egipto. Alexandre o Grande foi não só o maior sucessor dos reis medo-persas – ele arrogou para si o título de “rei dos Persas” – mas mais ainda ele estabeleceu-se como mestre do mundo daquele tempo. Este domínio não se limitava ao plano militar, era extensivo ao plano da cultura e da civilização.
Alexandre compreendeu que não era possível controlar um território tão vasto se não ganhassem a confiança dos habitantes. Alexandre impõe, assim, aos seus soldados de se misturarem à população e mesmo de casar com mulheres dos países conquistados. Ele deu o exemplo em casando com uma princesa persa. Desde então, a língua e a cultura grega espalharam-se por toda a parte até tornar-se um facto mundial, com consequências palpáveis ainda nos nossos dias. A hegemonia grega que durou de 331 a.C., data da vitória de Alexandre sobre os persas, até 168 a.C., momento em que a Macedónia passa para o controlo romano e anexada no ano 142 a.C.
Estamos com estes estudos bíblico-históricos a criar a base para uma compreensão séria das profecias de Daniel. Deus o/a abençoe e anime a prosseguir nesta estudo fantástico.
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