29 de março de 2010

DANIEL - O SONHO ESQUECIDO

"Ora no segundo ano do reinado de Nabucodonozor, teve este uns sonhos; e o seu espírito se perturbou, e passou-se-lhe o sono." (Daniel 2:1)
Nabucodonosor lembra-se que teve um sonho, ele percebe de forma confusa que este sonho é importante, mas ele esqueceu o sonho. Há aqui um paradoxo. Se ele se esqueceu do sonho, como pode ele saber da sua importância e porque razão fica tão ansioso? Nabucodosor sabe que o seu sonho é importante porque o teve repetidamente. A palavra “sonhos” está de facto no plural (verso 1). Esta repetição do mesmo sonho é em todo o caso estranha, e o facto de o ter esquecido torna o rei mais desejoso e consciente que tudo deve ser feito para saber do que se trata, porque para ele, estão reunidos todos os ingredientes que confirma que este sonho é de carácter sobrenatural. A isto acresce uma outra questão: se Nabucodonosor recebeu o sonho repetidas vezes, e se ele percebeu a importância, como pôde tê-lo esquecido?
O esquecimento explica-se pelo facto de Nabucodonosor ter ficado ansioso, ou seja, o rei compreendeu que era uma mensagem dos deuses, mas esta revelação levou-o a um estado de recusa que o sonho se escondeu no esquecimento, evitando (inconscientemente) deste modo a realidade que ele percebe ameaçadora. Esta explicação de ordem psicológica é confirmada mais tarde por Daniel ao afirmar que este sonho foi dado afim de permitir a Nabucodonosor um melhor conhecimento de si mesmo: “para que entendesses os pensamentos do teu coração.” (Daniel 2:30.
A esta razão acresce uma outra, de ordem sobrenatural. Deus está na origem deste sonho e desta amnésia. O facto de não se recordar de um sonho no conceito babilónico era um sinal que prevenia: “Se um homem não se recorda do seu sonho, isto significa que o seu deus está em cólera contra o homem.” (Leo Oppenheim, Le rêve, son interpretation dans le Proche-Orient ancien, Paris, 1959). O carácter desta revelação é sublinhado por duas vezes pelos caldeus: “Não há ninguém sobre a terra que possa cumprir a palavra do rei; pois nenhum rei, por grande e poderoso que fosse, tem exigido coisa semelhante de algum mago ou encantador, ou caldeu. A coisa que o rei requer é difícil, e ninguém há que a possa declarar ao rei, senão os deuses, cuja morada não é com a carne mortal.” (Daniel 2:10,11), e ele chegam a reconhecer “senão os deuses, cuja morada não é com a carne mortal” (v.11). O que significa dizer que só uma revelação do Alto permitiria revelar o sonho ao rei. O próprio Daniel realça perante o rei: “O mistério que o rei exigiu, nem sábios, nem encantadores, nem magos, nem adivinhadores lhe podem revelar; mas há um Deus no céu, o qual revela os mistérios,” (Daniel 2:27,28).
De facto, este esquecimento deveria permitir ao rei e a todos os outros a prova que o seu sonho era uma revelação do Alto, e não o efeito de uma fantasia subjectiva. O seu sonho é certamente uma mensagem que lhe permitirá ter um critério objectivo, um teste que lhe permitirá julgar a qualidade da mensagem através dos candidatos que irão ser protagonista da interpretação do sonho: “se não me fizerdes saber o sonho, uma só sentença será a vossa; pois vós preparastes palavras mentirosas e perversas para as proferirdes na minha presença, até que se mude o tempo. Portanto dizei-me o sonho, para que eu saiba que me podeis dar a sua interpretação.” (Daniel 2:9).
Nestas circunstâncias, não havia nenhuma pista que permitisse a especulação sobre os dados. Nabucodonosor não se contentará de uma simples explicação astrológica de carácter profissional. Ele quer saber a explicação do sonho, a única que seja correcta. Não dá espaço para a diversidade de opiniões. A verdade implicada na revelação exclui o pluralismo, assim, não pode ser uma explicação qualquer. Tem que ser única e afirmativa. Em comparação com a revelação, todas as outras verdades só podem ser “palavras mentirosas e perversas” (v.9), um meio de “ganhar tempo” (v.8).
Nabucodonosor já tinha compreendido, e nestas circunstâncias actuais, mais claro ficava, que já tinha sido enganado noutras ocasiões. O rei passa da angustia natural a uma fúria de morte. De facto, é porque o rei tem medo que ele ameaça de morte. O crime e a cólera são frequentemente a expressão da angústia provocada pelo medo.
O carácter desmesurado do castigo a aplicar confirma este diagnóstico: Respondeu o rei, e disse aos caldeus: “Esta minha palavra é irrevogável se não me fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis despedaçados, e as vossas casas serão feitas um monturo.” (Daniel 2:5). Nabucodonosor não está a brincar, a ameaça não deve tomada com ligeireza. Os assírios eram conhecidos na Antiguidade pela sua crueldade. A prática que consistia em cortar os corpos dos seus inimigos em pedaços e a queimar as suas casas era normal na Mesopotâmia antiga. A cólera do rei teria efeitos terríveis, não pouparia ninguém. Dado que os caldeus (os sábios) são uns charlatães e mentirosos serão todos executados. Todos, inclusive Daniel: “saiu, pois, o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os sábios; e buscaram a Daniel e aos seus companheiros, para que fossem mortos.” (Daniel 2:13).
O nosso próximo estudo será sobre a “Oração para que Deus desvende o segredo.” Estou ansioso para começar, vou deixar alguns dias para que todos os amigos leiam o tema que agora terminámos, eu não o perderia!
Um abraço.

25 de março de 2010

DANIEL: O REI INCOMODADO COM O SONHO

“E ao fim dos dias, depois dos quais o rei tinha ordenado que fossem apresentados, o chefe dos eunucos os apresentou diante de Nabucodonozor.
Então o rei conversou com eles; e entre todos eles não foram achados outros tais como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso ficaram assistindo diante do rei.” (Daniel 1:18,19).
Três anos se passaram desde que eles tinham chegado como cativos vindos de Jerusalém. Estamos em 603 a.C., é o momento de terminar este primeiro capítulo. Daniel e os seus companheiros acabaram os seus estudos nas Escolas dos babilónios e com êxito passaram nos exames presididos pelo próprio rei.
A partir de agora, serão membros com toda a propriedade da alta classe dos caldeus. É agora que vai explodir na corte real um drama que altera e coloca em risco Daniel e os seus companheiros, mas também, os da sua classe. Nabucodonosor é visitado por um sonho. Um simples sonho, eis todo o reino empolgado. Hoje, não se daria nenhum valor a um caso destes. Não haveria nenhum drama. A questão está que nas camadas da consciência da época crê-se que um sonho é uma mensagem de deus, do deus que o povo adora. Torna-se tanto mais importante, quanto é importante é aquele que tem o sonho, e este é o rei, o representante de deus na terra.
Os reis, chegavam a passar noites nos templos por pensarem ser ali o local mais apropriado para receberem os sonhos. Portanto, não nos devemos admirar da emoção que atinge o rei: “Ora no segundo ano do reinado de Nabucodonosor, teve este uns sonhos; e o seu espírito se perturbou, e passou-se-lhe o sono.” (Daniel 2:1). O verbo titpaem aqui utilizado para traduzir os sentimentos do rei transmite a intensidade da perturbação que o atinge. Esta palavra deriva da raiz que significa “ficar sem respiração”, sugerindo deste modo o choque que perturba o rei: o coração do rei bate explosivamente no seu peito e ele não consegue respirar. E isto porque Nabucodonosor não só está desejoso de conhecer a explicação do seu sonho; curiosamente, ele quer também saber o que há no sonho. “E o rei lhes disse: Tive um sonho, e para saber o sonho está perturbado o meu espírito.” (Daniel 2:3)

18 de março de 2010

A LIBERTAÇÃO NO LIVRO DE DANIEL

“17 Ora, quanto a estes quatro jovens, Deus lhes deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras e em toda a sabedoria; e Daniel era entendido em todas as visões e todos os sonhos.
18 E ao fim dos dias, depois dos quais o rei tinha ordenado que fossem apresentados, o chefe dos eunucos os apresentou diante de Nabucodonozor.
19 Então o rei conversou com eles; e entre todos eles não foram achados outros tais como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso ficaram assistindo diante do rei.
20 E em toda matéria de sabedoria e discernimento, a respeito da qual lhes perguntou o rei, este os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores que havia em todo o seu reino.
21 Assim Daniel continuou até o primeiro ano do rei Ciro.” Daniel 1:17-21.
Enfim, Deus intervém. Até aqui, Deus parece ausente. A última vez que Deus foi evocado foi na introdução em relação com o cativeiro. Na introdução ainda vimos que Deus tinha “dado” o rei de Judá e os utensílios do Templo ao rei Nabucodonosor. Agora vemos que Deus “dá” a este quatro jovens “conhecimento” e “inteligência” (v.17). é a mesma palavra (ntn) que é utilizada para realçar a simetria das duas situações, e ao mesmo tempo sublinhar a existência da Providência. Deus esteve presente em todos os momentos, e é Ele que decide o curso dos acontecimentos. É Ele que “”. Se os Hebreus se tornaram o que se tornaram, não foi qualquer coisa mecânica ou mágica, nem sequer é graças ao seu empenhamento ou falta dele, mas é o resultado de uma graça do Alto.
Com verdade, parece sugerir uma ligação entre o estado presente e a prova dos dez dias à qual eles foram submetidos. Eles foram encontrados dez vezes mais sábios a todos os mágicos do reino (v.20). o número “dez” é repetido como se o grau de sabedoria que lhes é reconhecido tivesse qualquer coisa a ver com a sua “obra” os dez dias. Não nos devemos surpreender. Não é o esforço dietético que produziu tal resultado. Daniel não tomou estes alimentos como uma poção mágica ou como um regime ideal que se destinasse a dar-lhe algo superior aos outros, mas antes, por cuidado, por fidelidade a Deus. Esta prova é um acto de fé e não uma obra justa. De facto, Daniel e os seus companheiros correram um risco, o risco da fé, e foi o que os salvou. À saúde e à graça física deve-se acrescentar a sabedoria, a inteligência e a ciência. E este todo é reconhecido como um dom de Deus.
Ao mesmo tempo que esta lição da graça de Deus uma outra lição flui relacionada com a natureza do homem. As dimensões espirituais vão a par com as qualidades intelectuais e físicas. O homem segundo Daniel não é um ser dividido mas é considerado como um todo. É isto que altera uma vez mais os nossos clichés. O homem de fé é frequentemente julgado como sendo uma pessoa pouco inteligente e que se satisfaz com apreciações simplórias sobre religião. Daniel ensina-nos o contrário que a fé, a inteligência e o vigor físico se conjugam. A reunião harmoniosa destas faculdades constitui um ideal a seguir. Não, que nos tenhamos que empenhar de forma stressante por um perfeccionismo para fazermos parte da elite dos super-homens ou concentrarmos até esgotar as nossas energias para termos corpos esbeltos. A atenção a todas as dimensões do ser humano vive-se na abertura humilde na direcção do Altíssimo, numa perspectiva da fé. Porque o que somos não é só o resultado do que fazemos, uma obra terrena, mas é essencialmente, o resultado de um dom, de uma graça de Deus. Assim, Deus nos encontre seja onde for para Lhe dar honra e o nosso coração receberá o sucesso na aflição.
Mas Deus não fica por aqui. Para além do presente e do exílio vivido por Daniel e os seus companheiros, Deus prepara para o futuro uma outra intervenção histórica, desta fez de dimensão cósmica. A conclusão do primeiro capítulo faz alusão a Ciro, o rei que está associado na Bíblia ao regresso do exílio e à salvação de Israel (2ª Crónicas 36:21-23), a resposta divina às orações e às predições dos profetas (Isaías 45:1-13). Porque a felicidade dos hebreus exilados permanece amputada e ambígua enquanto estiverem longe de Jerusalém e do templo. Tanto quanto possam ser felizes no exílio, a salvação só será concretizada no retorno à Terra de Israel. Amigos isto faz pensar em qualquer coisa, não acham? Tanto quanto possamos ser felizes aqui, a nossa plena felicidade só concretizável no Retorno de Jesus para nos guiar para a Terra de Sião (Céu). Amem.
Enquanto isto uma tensão permanece. A presença imediata de Deus conjuga-se com uma espera apaixonada da Sua intervenção histórica e cósmica. A experiencia religiosa não se limita à felicidade do presente. A visita de deus na nossa vida e no nosso coração nutre a esperança por uma visita mais completa e mais real. A alegria da certeza da presença de Deus no coração do crente, terá também a presença do sofrimento, da infelicidade que de uma hora para a outra nos surpreende. Razão pela qual a salvação é também e sobretudo o evento “histórico” do futuro, uma promessa ainda não cumprida, uma profecia. É a última lição de todo o capítulo, uma mensagem que trata justamente da promessa e da salvação tanto histórica (Israel histórico) e cósmica (Israel espiritual), a promessa do Reino de Deus.
1. Que significa Babilónia na simbologia bíblica?
2. Quem é Daniel e quais são as suas qualidades de carácter?
3. Quais são as intenções de Nabucodonosor em relação aos exilados?
4. Até que ponto este texto dá conta do Deus Criador e da Sua graça?
5. Como a unidade da pessoa humana é apresentada neste texto do 1º capítulo de Daniel?

14 de março de 2010

ALIENAÇÃO NO LIVRO DE DANIEL

Ler Daniel 1:3-7.
“3 Então disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos que trouxesse alguns dos filhos de Israel, dentre a linhagem real e dos nobres,
4 jovens em quem não houvesse defeito algum, de bela aparência, dotados de sabedoria, inteligência e instrução, e que tivessem capacidade para assistirem no palácio do rei; e que lhes ensinasse as letras e a língua dos caldeus.
5 E o rei lhes determinou a porção diária das iguarias do rei, e do vinho que ele bebia, e que assim fossem alimentados por três anos; para que no fim destes pudessem estar diante do rei.
6 Ora, entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias.
7 Mas o chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel, o de Beltessazar; a Hananias, o de Sadraque; a Misael, o de Mesaque; e a Azarias, o de Abednego.” (Daniel 1:3-7)
Chegados a Babilónia, os hebreus foram imediatamente colocados sob ordens de funcionários do rei. Aspenaz, chefe dos eunucos, é responsabilizado de fazer uma especial selecção, ou seja, escolher os mais aptos; selecciona jovens de origem real, de perfeita condição física e intelectual, estes devem tornar-se alunos da Universidade dos Caldeus em vista de serem preparados para servir o rei.
Não devemos ficar surpreendidos sobre a natureza desta formação, nem sobre o objectivo que o rei tem em mente. Estes estudos, que deveriam de ser de três anos, implicavam muito mais do que uma iniciação técnica à escrita e à literatura babilónica da época. Deveriam aprender no mínimo três línguas faziam parte do programa dos escribas. A língua suméria, a língua sagrada tradicional composta de sinais cuneiformes, que era uma língua de inflexão importada do Norte. Aprender a língua babilónica (o acádio) a língua nacional do país, bem como, o aramaico, língua internacional do comercio e da diplomacia (o inglês de hoje) escrita em alfabeto quadrado que conhecemos no Antigo Testamento. Mas sobretudo, era necessário familiarizar-se com as técnica magicas dos Caldeus. A palavra “caldeus”, ela encerra em si esta função. Derivava da raiz babilónica kaldu (ou kashdu), e significa “construir cartas astronómicas”. O caldeu era aquele que se tornava mestre na arte de estabelecer a carta do céu.
Os babilónicos tinham-se tornado especialistas em astronomia. Os documentos antigos testemunham que eles já conheciam há muito tempo (747 a.C.) os fenómenos e os prediziam relacionados com eclipses, e isto com uma precisão impressionante. Mas a sua ciência tinha um outro objectivo que ia além do simples conhecimento do movimento dos astros, a observação do céu tinha como principal intuito prever o futuro.
A astronomia caldeia era antes de tudo uma astrologia. A tradição do horóscopo data desta época. Os babilónicos de então, como muito dos nossos contemporâneos, acreditavam que o movimento dos astros determinava o destino do homem e mesmo da história universal. O programa do curso, destes aprendizes de escribas era fundamentalmente religioso, e pretendia-se que os nossos amigos hebreus se tornassem verdadeiros sacerdotes caldeus abertos a todos os métodos secretos da adivinhação.
O propósito da alienação pretendido pelo rei em relação a este jovens não se limitava ao conhecimento intelectual. O programa deveria também tocar os hábitos de vida de todos os dias, e especialmente os hábitos da mesa. O rei “determinou” qual seria o menu que lhes seria servido. O verbo utilizado aqui sob a forma de wayerman (determinar) não tem na Bíblia hebraica (Antigo Testamento) não tem Deus como sujeito, esta palavra só aparece no contexto da criação (Jonas 2:1; 4:6-8). A presença inesperada deste verbo com Nabucodonosor como sujeito sugere que o rei, ao “determinar” o menu, toma o lugar do Criador. Ou seja a intenção do rei não é inocente.
A associação “carnes e vinho” aparece geralmente na Bíblia e no Médio-Oriente antigo para caracterizar a refeição ritual do culto de adoração (Deuteronómio 32:38). Participar numa tal refeição tinha um significado de sujeição ao culto de Nabudonosor como seu deus. porque, segundo a religião babilónica, o rei era considerado como Deus sobre a terra. O consumir a carne era parte não só da alimentação, mas de um ritual de adoração ao rei. A expressão hebraica do verso 5, que se traduz literalmente: “para que no fim destes pudessem estar diante do rei”, faz claramente referência a esta expressão técnica de uma consagração religiosa.
Encontramos por exemplo em 2ª de Crónicas 29:11 “Filhos meus, não sejais negligentes, pois o Senhor vos escolheu para estardes diante dele a fim de o servir, e para serdes seus ministros e queimardes incenso.” Este texto refere a função do levita ao serviço de Deus. os hebreus não estão só a ser ensinados; eles estão a ser ameaçados nos mais ínfimos pormenores, na perspectiva de afectar profundamente a sua mentalidade e de os converter ao culto de Nabucodonosor. Para bem marcar esta transferência de autoridade, é-lhes mudado o nome. Tudo o que no nome pudesse lembrar a antigo Deus deve ser apagado e substituído por uma referencia aos novos deus de babilónia:
- Daniel, que significa em hebraico “Deus é o meu juiz” passa a chamar-se Beltessazar que significa “que Bel (titulo de Marduque, o principal deus babilónico) protege a sua vida”.
- Hananias, que significa em hebraico “graça de YHWH”, que se chama agora Sadraque e que significa “ordem de Aku” (deus sumério da lua).
- Misael, que significa em hebraico “quem é o que Deus é”, chama-se agora Mesaque e significa “o que Aku é”.
- Azarias, que significa “YHWH ajudou”, chama-se agora Abednego e quer dizer “servidor de Nego” (nome deformado do deus Nabu, deus da seca).
Deixamos algumas ideias por forma a entendermos o que estava por detrás dos bastidores quando Daniel e os seus companheiros são confrontados com uma ementa de culinária. Estudaremos no próximo estudo a “resistência”. Será que Deus pede hoje homens, mulheres e jovens resistentes? Será que o mesmo Deus de Daniel ainda quer pessoas perseverantes que O amem a Ele acima de qualquer outra coisa? Ou o nosso Deus mudou de atitude? Adaptou-se aos tempos modernos?
Sabe onde se encontra um texto que diz: “Ele é o mesmo hoje, ontem, e eternamente.”?

10 de março de 2010

A DEPORTAÇÃO: INCURSÃO AO PENSAMENTO DE DANIEL

E o Senhor lhe entregou nas mãos a Jeoiaquim, rei de Judá, e uma parte dos vasos da casa de Deus; e ele os levou para a terra de Sinar, para a casa do seu deus; e os pôs na casa do tesouro do seu deus. (Daniel 1:2)
É em primeiro lugar, sem dúvida, o acontecimento da usurpação da parte de Babilónia que é denunciado! O povo de Deus e o s utensílios sagrados do templo tornaram-se propriedade de Nabucodonosor.
Para alcançar toda a dimensão e até a importância deste episódio, torna-se necessário situá-lo no contexto histórico.
Estava-se no ano 605 a.C., Jerusalém, a capital de Judá, foi cercada pelos Caldeus e os seus habitantes são deportados. Um século antes (722 a.C.), o reino irmão do Norte tinha sofrido a mesma sorte por parte dos Assírios (2ª Reis 17:4-23). O reino de Judá representa, portanto, o último Estado que subsiste do grande reino do rei Davi.
De facto, com a morte do rei Salomão, segue-se a revolta, o reino de Davi é dividido em dois. As dez tribos do Norte organizam-se sob o nome de Israel. As três do Sul (Judá, Benjamim e Levi) unem-se sob o nome de Judá.
No seguimento deste sisma, e para além das lutas fratricidas que opuseram os dois reinos, a história exterior de Israel e de Judá apresenta mais ou menos as mesmas características. Acantonadas entre as duas superpotências da época, o Egipto ao sul e Assíria e Babilónia ao norte e a este, Israel e Judá são frequentemente tentadas a aliar-se ao poder do Sul para resistir ao Norte; enfim, os dois reinos (Israel e Judá) experimentarão o mesmo destino num cenário parecido. É no entanto a aliança com o Sul que desencadeará a sua queda.
Em Israel, o rei Oséias alia-se ao Egipto para tentar libertar-se do jugo da Assíria. Segue-se uma campanha desastrosa durante a qual o território israelita é ocupado, Oséias é preso, acorrentado e lançado na prisão (2ª Reis 17:4). Samaria, a capital, resiste durante três anos, finalmente cai no ano 722. o rei da Assíria, Sargão, aplica a politica da deportação começada pelo seu avô Tiglate-Piliser III (746-727). Os israelitas são deportados para as regiões orientais da Assíria e substituídos por colonos assírios de originários de Babilónia e de outras partes, formarão os futuros samaritanos. A maioria do povo hebraico desapareceu nesta tormenta. Dez tribos sobre treze são assimiladas na massa assíria.
O reino de Judá com as suas três tribos sobrevivem durante algum tempo, mas vão conhecer a mesma sorte. Os habitantes de Judá são também exilados por se terem aliado ao Egipto.
É desta maneira que para Babilónia são arrastados numa imensa viagem Daniel e os seus companheiros, bem como milhares de outros. A viagem é feita sob grande pressão da parte dos soldados de Nabucodonosor. Muitos prisioneiros morrem pelo caminho. O percurso é também um exame onde o rei e os seus conselheiros vão observando os prisioneiros e percebendo onde estão os mais nobres, inteligentes e fortes. Não devemos esquecer que são mil e quinhentos quilómetros que serão feitos, o caminho inverso de Abraão o pai da fé. E é nesta mesma estrada que mais uma vez Deus vai suscitar os que escutam o Seu chamado e se identificam com os princípios do Céu. Há seguramente uma diferença, Abraão foi voluntariamente, Daniel e os seus companheiros são arrancados da sua terra como árvores que se arrancam com violência, atrás não ficam memórias a não ser de raízes que se quebram com terrível sofrimento.
Assim, o seu passado, a sua esperança, a sua identidade, os seus valores, tudo é agora comprometido. No exílio terão que aprender a esquecer quem eles eram. Este é o objectivo principal do opressor. Deportavam-se os habitantes para os sujeitar, os oprimir. Ocupados a adaptar-se, estrangeiros em inferioridade, perdidos na massa de outros estrangeiros que com eles são deportados, tornam-se indígenas revoltados. Por fim, acabariam por se tornar fiéis servidores da nação – como todos os outros. Eram assimilados.
Mas a prova que os magoa mais é que para além dos seus destinos particulares, o que se trata é do fim de Judá, e isto significa de facto os últimos representantes dos filhos de Jacob.
O fim que os ameaça não é só de ordem politica; esta ameaça comporta uma ameaça de dimensão espiritual e cósmica. Com a desaparição da última testemunha de Deus, na perspectiva bíblica é a sobrevivência do mundo que é ameaçada. Porque Babilónia pretende substituir Jerusalém (quem está por detrás dos bastidores?), a implicação religiosa desta usurpação é evidente. De uma forma bem significativa o texto sublinha por três vezes o facto de que Nabucodonosor transportou os utensílios do templo de Deus para o seu próprio templo em Babilónia.
“E o Senhor lhe entregou nas mãos a Jeoiaquim, rei de Judá, e uma parte dos vasos da casa de Deus; e ele os levou para a terra de Sinar, para a casa do seu deus; e os pôs na casa do tesouro do seu deus.” Daniel 1:2.
Este texto é de capital importância, direi mesmo, há nele um tom dramático e Daniel é bem consciente que algo de tremendo se passa: o rei Nabucodonosor queria não só apagar o povo de Judá da face da terra, mas também, o Deus de Judá. O pior, o povo tinha chegado a um ponto de apostasia, que Deus exerce juízo: “o Senhor lhe entregou nas mãos a Jeoiaquim, rei de Judá,” (v. 2). É o cumprimento das profecias que tinham sido pronunciadas pelos antigos profetas, mas também um apelo ao arrependimento (Isaías 39:5-7; Jeremias 20:5).
Sou dado a pensar que vivemos um tempo muito semelhante. Estás tu pronto para ser como Daniel, no caminho da deportação a estar em sintonia com Deus e perceberes os sinais?

8 de março de 2010

A VITÓRIA DE BABILÓNIA

O livro de Daniel abre-se sobre um acontecimento brutal: Babilónia contra Jerusalém.
“No ano terceiro do reinado de Jeoiaquim, rei de Judá, veio Nabucodonozor, rei de Babilônia, a Jerusalém, e a sitiou.” Daniel 1:1.
Para além do conflito local que opõem dois reinos históricos, o autor visa igualemnte um conflito de uma outra dimensão, um conflito cósmico. Esta leitura do texto encontra-se sugerida pela associação clássica “Babilónia-Jerusalém” e está confirmada com a evocação: “E o Senhor lhe entregou nas mãos a Jeoiaquim, rei de Judá, e uma parte dos vasos da casa de Deus; e ele os levou para a terra de Sinar, para a casa do seu deus; e os pôs na casa do tesouro do seu deus.” Daniel 1:2. “Sinar é o antigo e mítico nome de Babilónia, um nome que é justamente ligado ao episodio da torre de Babel: E deslocando-se os homens para o oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e ali habitaram.” Génesis 11:2.
Você já tinha reparado nesta analogia? Então pode ver que ler a Bíblia tem que ser como diz Isaías (Is. 28:10). Veja bem, acha normal isto? Responda a esta questão: Qual é a relação da Torre de Babel (Sinar) com Israel? Você ficou calado! Dá para pensar? Sim! Esta é a razão de eu ser apaixonado pelas profecias, e postar tão raramente neste blog, quando você encontrar alguma coisa aqui, não encontra em mais lado nenhum, eu sei, muita gente não gosta de ler isto, especialmente aqueles que querem religião, mas não querem saber da Verdade.
Sabia que desde os tempos mais antigos, Babilónia é representada na Bíblia como o poder do mal e por excelência o que se opõe a Deus? Sabia que este poder pretendeu e pretende os direitos e privilégios que pertencem unicamente a Deus? Lembra-se da história da torre de Babel?
O texto de Génesis 11 diz assim (vou postar do verso 1 até 9):
“1 Ora, toda a terra tinha uma só língua e um só idioma.
2 E deslocando-se os homens para o oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e ali habitaram.
3 Disseram uns aos outros: Eia pois, façamos tijolos, e queimemo-los bem. Os tijolos lhes serviram de pedras e o betume de argamassa.
4 Disseram mais: Eia, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo cume toque no céu, e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.
5 Então desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam;
6 e disse: Eis que o povo é um e todos têm uma só língua; e isto é o que começam a fazer; agora não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.
7 Eia, desçamos, e confundamos ali a sua linguagem, para que não entenda um a língua do outro.
8 Assim o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade.
9 Por isso se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a linguagem de toda a terra, e dali o Senhor os espalhou sobre a face de toda a terra.”
Já leu? O que é que diz? Relata que no seguimento do Dilúvio, os primeiros homens, unidos por uma só língua, decidiram construir uma torre, na intenção de subir até ao céu. Deduz-se do texto, relatado com um certo humor, que Deus desce e confunde as línguas e a empresa que eles queriam realizar. Num jogo de palavras, o nome de Babel é agora explicado pela relação à raiz bll que significa “confusão” (Gén. 11:9). Assim, Babel trata-se com outro nome hebraico de Babilónia, foi conservada na memória bíblica como o símbolo do movimento terreno que tenta usurpar o pode celeste. Entendeu?
Por aqui você está a ver que este estudo vai levar-nos numa maravilhosa e longa jornada, se ama a Palavra de Deus, peça ao Espírito Santo para lhe dar força, de outro modo, vai ficar a meio da jornada!
Mais tarde, os profetas retomarão este tema, em particular, quando Babilónia se preparava e se colocava como uma ameaça para o povo de Jerusalém:
“Então tu pronunciarás este cântico sobre o rei de Babilónia, e tu dirás:
E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do norte; subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.” (Isaías 14:13,14; cf. Jeremias 50:17-40; Ezequiel 31).
Por detrás deste evento particular de confronto de forças entre Babilónia e as forças de Jerusalém, o profeta deixa perceber uma batalha de uma outra dimensão e de uma outra ordem. Desde o princípio o tom está dado. Todo o livro de Daniel deve ser lido segundo esta perspectiva. Aliás, a história do primeiro capítulo é relatado neste contexto.
O próximo tema será sobre a deportação. Não falte e Deus o abençoe. Amem.

1 de março de 2010

O TERCEIRO MILÉNIO E O LIVRO DE DANIEL

Estudámos o livro do Apocalipse, não o fizemos de forma exaustiva, foi uma abordagem simples, creio que apesar disso que retiramos ensinamentos e inspiração para a nossa vida.
Os próximos estudos serão sobre o livro de Daniel. Creio que será um percurso espiritual de grande riqueza. É um livro que ultrapassa todos os particularismos. Porque o que une os homens para além de todas as diferenças religiosas, psicológicas, culturais e politicas, é antes de tudo a perspectiva de um destino comum que Daniel chama “o tempo do fim”, “Veio, pois, perto de onde eu estava; e vindo ele, fiquei amedrontado, e caí com o rosto em terra. Mas ele me disse: Entende, filho do homem, pois esta visão se refere ao tempo do fim.” (Daniel 8:17).
Houve um tempo em que estas palavras provocavam o riso. Hoje fazem tremer ou reflectir. Porque os dados são demasiado claros para nos deixar indiferentes ou na ignorância. Esta primeira década do 3º milénio tem trazido muitos avisos; desde as Torres Gémeas, o Iraque, Afeganistão, toda a África, América Central e Sul. O norte, o sul, o este e o oeste, mantém-se graças a Deus que tem os Seus anjos a segurar os “ventos”. É no domínio económico e político, é o desequilíbrio ecológico, são as ameaças nucleares, começamos a compreender que o fim não é uma simples ideia proclamada por um profeta utópico. O fim tornou-se tão provável que os chamados ateus, são os primeiros a fazerem previsões de quanto mais pode durar a terra.
O tempo do fim, faz parte do vocabulário dos ecologistas, dos políticos, dos filósofos e dos economistas. De homens tão diferentes como o são j. Ellul, P. Chauny, S. Pisar, A. Faure-Oppenheimer, M. West, N. Sihanouk, entre milhares de outros que são ouvidos por milhões dos mais exigentes cérebros.
É bom estudar o profeta Daniel, considerado pelos Judeus, o profeta mais sábio, e a quem Deus concedeu uma visão actual e universal. É deste modo que deixo aos meus amigos que seguem este blog as seguintes questões de reflexão:
1. Qual é a estrutura do livro de Daniel e quais são as lições?
2. Que línguas se encontram neste livro?
3. Conhece algum artista, poeta, músico ou filósofo que se tenha inspirado no livro de Daniel?
4. Em que medida é o livro de Daniel universal?
Deixo estas questões e vou-me embora, fiquem com Deus!