14 de março de 2010

ALIENAÇÃO NO LIVRO DE DANIEL

Ler Daniel 1:3-7.
“3 Então disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos que trouxesse alguns dos filhos de Israel, dentre a linhagem real e dos nobres,
4 jovens em quem não houvesse defeito algum, de bela aparência, dotados de sabedoria, inteligência e instrução, e que tivessem capacidade para assistirem no palácio do rei; e que lhes ensinasse as letras e a língua dos caldeus.
5 E o rei lhes determinou a porção diária das iguarias do rei, e do vinho que ele bebia, e que assim fossem alimentados por três anos; para que no fim destes pudessem estar diante do rei.
6 Ora, entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias.
7 Mas o chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel, o de Beltessazar; a Hananias, o de Sadraque; a Misael, o de Mesaque; e a Azarias, o de Abednego.” (Daniel 1:3-7)
Chegados a Babilónia, os hebreus foram imediatamente colocados sob ordens de funcionários do rei. Aspenaz, chefe dos eunucos, é responsabilizado de fazer uma especial selecção, ou seja, escolher os mais aptos; selecciona jovens de origem real, de perfeita condição física e intelectual, estes devem tornar-se alunos da Universidade dos Caldeus em vista de serem preparados para servir o rei.
Não devemos ficar surpreendidos sobre a natureza desta formação, nem sobre o objectivo que o rei tem em mente. Estes estudos, que deveriam de ser de três anos, implicavam muito mais do que uma iniciação técnica à escrita e à literatura babilónica da época. Deveriam aprender no mínimo três línguas faziam parte do programa dos escribas. A língua suméria, a língua sagrada tradicional composta de sinais cuneiformes, que era uma língua de inflexão importada do Norte. Aprender a língua babilónica (o acádio) a língua nacional do país, bem como, o aramaico, língua internacional do comercio e da diplomacia (o inglês de hoje) escrita em alfabeto quadrado que conhecemos no Antigo Testamento. Mas sobretudo, era necessário familiarizar-se com as técnica magicas dos Caldeus. A palavra “caldeus”, ela encerra em si esta função. Derivava da raiz babilónica kaldu (ou kashdu), e significa “construir cartas astronómicas”. O caldeu era aquele que se tornava mestre na arte de estabelecer a carta do céu.
Os babilónicos tinham-se tornado especialistas em astronomia. Os documentos antigos testemunham que eles já conheciam há muito tempo (747 a.C.) os fenómenos e os prediziam relacionados com eclipses, e isto com uma precisão impressionante. Mas a sua ciência tinha um outro objectivo que ia além do simples conhecimento do movimento dos astros, a observação do céu tinha como principal intuito prever o futuro.
A astronomia caldeia era antes de tudo uma astrologia. A tradição do horóscopo data desta época. Os babilónicos de então, como muito dos nossos contemporâneos, acreditavam que o movimento dos astros determinava o destino do homem e mesmo da história universal. O programa do curso, destes aprendizes de escribas era fundamentalmente religioso, e pretendia-se que os nossos amigos hebreus se tornassem verdadeiros sacerdotes caldeus abertos a todos os métodos secretos da adivinhação.
O propósito da alienação pretendido pelo rei em relação a este jovens não se limitava ao conhecimento intelectual. O programa deveria também tocar os hábitos de vida de todos os dias, e especialmente os hábitos da mesa. O rei “determinou” qual seria o menu que lhes seria servido. O verbo utilizado aqui sob a forma de wayerman (determinar) não tem na Bíblia hebraica (Antigo Testamento) não tem Deus como sujeito, esta palavra só aparece no contexto da criação (Jonas 2:1; 4:6-8). A presença inesperada deste verbo com Nabucodonosor como sujeito sugere que o rei, ao “determinar” o menu, toma o lugar do Criador. Ou seja a intenção do rei não é inocente.
A associação “carnes e vinho” aparece geralmente na Bíblia e no Médio-Oriente antigo para caracterizar a refeição ritual do culto de adoração (Deuteronómio 32:38). Participar numa tal refeição tinha um significado de sujeição ao culto de Nabudonosor como seu deus. porque, segundo a religião babilónica, o rei era considerado como Deus sobre a terra. O consumir a carne era parte não só da alimentação, mas de um ritual de adoração ao rei. A expressão hebraica do verso 5, que se traduz literalmente: “para que no fim destes pudessem estar diante do rei”, faz claramente referência a esta expressão técnica de uma consagração religiosa.
Encontramos por exemplo em 2ª de Crónicas 29:11 “Filhos meus, não sejais negligentes, pois o Senhor vos escolheu para estardes diante dele a fim de o servir, e para serdes seus ministros e queimardes incenso.” Este texto refere a função do levita ao serviço de Deus. os hebreus não estão só a ser ensinados; eles estão a ser ameaçados nos mais ínfimos pormenores, na perspectiva de afectar profundamente a sua mentalidade e de os converter ao culto de Nabucodonosor. Para bem marcar esta transferência de autoridade, é-lhes mudado o nome. Tudo o que no nome pudesse lembrar a antigo Deus deve ser apagado e substituído por uma referencia aos novos deus de babilónia:
- Daniel, que significa em hebraico “Deus é o meu juiz” passa a chamar-se Beltessazar que significa “que Bel (titulo de Marduque, o principal deus babilónico) protege a sua vida”.
- Hananias, que significa em hebraico “graça de YHWH”, que se chama agora Sadraque e que significa “ordem de Aku” (deus sumério da lua).
- Misael, que significa em hebraico “quem é o que Deus é”, chama-se agora Mesaque e significa “o que Aku é”.
- Azarias, que significa “YHWH ajudou”, chama-se agora Abednego e quer dizer “servidor de Nego” (nome deformado do deus Nabu, deus da seca).
Deixamos algumas ideias por forma a entendermos o que estava por detrás dos bastidores quando Daniel e os seus companheiros são confrontados com uma ementa de culinária. Estudaremos no próximo estudo a “resistência”. Será que Deus pede hoje homens, mulheres e jovens resistentes? Será que o mesmo Deus de Daniel ainda quer pessoas perseverantes que O amem a Ele acima de qualquer outra coisa? Ou o nosso Deus mudou de atitude? Adaptou-se aos tempos modernos?
Sabe onde se encontra um texto que diz: “Ele é o mesmo hoje, ontem, e eternamente.”?

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