7 de fevereiro de 2010

ESTRUTURA “CALENDARIO” DAS FESTAS LEVÍTICAS NO APOCALIPSE

Assim que entramos em contacto com este inspirado Livro o nosso espírito inclina-se humilde face a grandeza do Espírito que esteve sobre João o Apóstolo/Profeta.
Primeiro, ficamos no silêncio da escuta que recebe a Palavra e por ela se deixa sondar com respeito. Sente-se uma exigência ao espírito e à inteligência, no sentido de compreender o sentido da Palavra. Depois, percebemos que este Livro (o Apocalipse) foi escrito numa linguagem de amor, só o amor pode entender, há nestas nas palavras, na sintaxe, na estrutura e nas suas flutuações poéticas, um chamado a ir ao tempo e ao encontro do espaço em que o Apóstolo viveu e o que sentiu.
Mas as palavras destas profecias não se limitam unicamente, ao passado, nem ao presente, mas apontam o futuro. A razão desta bênção encontra-se na espera do grande evento que se aproxima: “porque o tempo está próximo.” (Ap. 1:3)
Esta multiplicidade de orientações para a leitura é assinalada especialmente pela estrutura, esta em forma de candelabro, é recorrente a todo o livro. Vejamos os seguintes elementos:
1- A estrutura desenvolve-se em sete ciclos simultâneos e paralelos às sete visões. É uma estrutura muito semelhante à de Daniel, descrevendo uma curva em forma de quiasma (da letra grega X, chi) seja, a segunda parte está em paralelo inverso com a primeira (ABC/C´B´A´).
2- Normalmente, há um prelúdio a cada um dos sete ciclos, a visão retorna ao contexto do TEMPLO (Templo de Deus) e dá o seu tom em nota litúrgica, seguida pelo calendário dos tempos sagrados de Israel, sobre a base dada em Levíticos 23. Cada etapa profética é deste modo colocada na perspectiva de uma das festas de Israel, cuja evocação é frequentemente tomada no interior do ciclo. João inspirado pelo Espírito Santo, convida-nos a uma leitura a partir dessas festas de Israel cujos rituais são percepcionados para esclarecer de uma maneira simbólica o sentido profundo da história.
3- Mais ainda e, tal como no livro de Daniel, o Apocalipse divide-se em duas fases (histórica/terrestre e escatológica/celeste), o centro concentra-se sobre o julgamento de Deus no fim dos tempos e sobre a vinda do Glorioso Senhor Jesus (Apocalipse 14; cf. Daniel 7). O Apocalipse apresenta-se fundamentalmente como uma visão profética que atravessa a história a partir da época de João até à vinda Gloriosa de Jesus (1ª parte), depois é apresentada a parte que vai da vinda de Jesus até ao descer da Santa Cidade de Deus (2ª parte). Mais que descodificar o Apocalipse como se fosse uma simples evocação dos acontecimentos actuais. É necessário, interpretar segunda a sua própria perspectiva, ou seja, como visão que prediz os acontecimentos da história até ao fim. Isto é importante porque é o ponto de vista do autor, mas é também a mais antiga.
Colocando as coisas deste modo podemos seguir o Livro como se fosse uma sinfonia parecida ao Bolero de Ravel. Esta interpretação não exclui a leitura linear e cronológica, as cartas, os selos, as trombetas e assim por diante. Tem antes, uma preocupação, olhar na perspectiva do Espírito Santo; na oração, na escuta de Deus e não num sentido dogmática que obrigue Deus a fazer como o “futurista” quer interpretar. O Apocalipse é passado, presente e futuro. Amem.
Assim, Deus nos abençoe e dirija no nosso homem interior em Cristo.

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