13 de maio de 2010

A ESTÁTUA DE DANIEL: OS PÉS DE FERRO E BARRO II

Foi graças ao apoio politico de Roma e do Imperador Constantino em particular, que a Igreja pôde assegurar o seu destino; de pobre e perseguida que era, ela torna-se rapidamente a religião do Estado, com tudo o que isto implica de organização hierárquica e bens temporais, mas também de compromissos. Paulatinamente ela torna-se a sucessora, herdando a língua (o latim), a estrutura administrativa, a simbologia (ver Pierre de Luz, Histoire des Papes, Paris, 1960, pp. 81 ss.), e até o mesmo ideal de domínio universal. “Porque a possessão – urbs inclyta et Romani imperii caput, como o escreveu Jerónimo -, observe o nome Roma, encerra em si um atributo que significa a possessão do mundo. Roma é o sinal duradoiro de uma dupla jurisdição, religiosa e politica, com presença à escala universal” (Ch. Pichon, Le Vatican hier et aujourd`hui, p. 71; cf. p. 230).
No seu livro sobre a história dos papas, Pierre de Luz descreve este acontecimento como “o mais prodigioso não só na história da Igreja, mas na história da humanidade” (Pierre de Luz, Histoire des Papes, p. 44).
Desde Constantino até aos carolíngios (O Carolíngios, Que é comummente chamado Carlovingians até ao final do XIXe século, formaram uma dinastia de reis francos que governou a Europa Ocidental 751 até Xeséculo. E cujo pedigree remonta St. Arnulf (V. 582-640?) Bispo de Metz.), os imperadores combateram para defender e assegurar o poder da Igreja. A Igreja instala-se como capital política: Roma torna-se a cidade do Vaticano. Paralelamente, a Igreja envolve-se com compromissos que deveriam afectar a sua identidade religiosa. O Sábado por exemplo, memorial da Criação, foi pouco a pouco substituído pelo domingo, dia sagrado para os romanos adoradores do sol. Era mais cómodo assim, e isto permitia um maior sucesso entre as massas pagãs.
Assim associado ao ferro, a argila perdia gradualmente o seu sentido bíblico de dependência do Alto, conservando no entanto, a sua característica natural de maleabilidade e adaptação. Sacrificando o mandamento do Altíssimo sobre o altar do sucesso, a Igreja preferiu o caminho de se tornar poderosa, mas sem o poder de Deus. a tradição humana sobrepunha-se à revelação de Deus, a Bíblia.
3. “Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo, misturar-se-ão pelo casamento; mas não se ligarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro.” Daniel 2:43. Enfim, o ferro e a argila são de novo vistos em conjunto, mas desta vez numa relação positiva: o ferro “misturado” com a argila significando as tentativas de alianças. Esta última explicação reveste-se de uma importância particular, por ser a única a ser explicitamente situada cronologicamente na história: “Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; nem passará a soberania deste reino a outro povo; mas esmiuçará e consumirá todos esses reinos, e subsistirá para sempre.” Daniel 2:44.
Esta passagem é também a única a realçar a acção: “misturar-se-ão”. Até ao presente, as explicações relacionavam-se a um estado de qualidade, “dividido” (v. 41), e “como os dedos dos pés eram em parte de ferro e em parte de barro, assim por uma parte o reino será forte, e por outra será frágil.” (Daniel 2:42). “forte e frágil”. Na verdade, as duas explicações precedentes descrevem um estado que durará até ao fim.
Por outro lado, e pela primeira vez o verbo está no plural e reporta-se a vários “reis” (ver v. 44), até aqui só se falava que num só reino, “dividido” (v.41) ou em parte “forte e em parte frágil”” (v. 42). O que corrobora uma ideia transversal na Bíblia que as alianças implicam necessariamente a pluralidade: são necessários vários associados para se fazer uma aliança.

Para alguns, especialmente, os que não apreciam a história, o tema será cansativo, sou no entanto, obrigado a avançar para uma terceira parte, a razão é simples; esta é a base para se compreender a história do cristianismo ao longo dos séculos.
Deus vos abençoe em Jesus. Amem.

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