20 de maio de 2011

UMA QUESTÃO CRUCIAL

No monte das Oliveiras, achava-se Jesus assentado, quando se aproximaram dEle os discípulos, em particular, e Lhe pediram: Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da Tua vinda e da consumação do século (Mateus 24:3).
Aproxima-se o supremo Momento. A hora Crucial em que o amor e a dor se abraçarão. O instante do maior sacrifício, da infinita entrega. O Rei dos reis e Senhor dos senhores, Criador do universo e dono absoluto dos céus e da terra, descerá aos níveis mais profundos da humilhação. Será crucificado como um pária em uma cruz reservada para os piores delinquentes. Pagará, assim, o preço da redenção humana. E o pagará com Seu sangue. Resgatará o homem do poder da morte, trazendo-o à dimensão da vida.
A contagem regressiva da misericórdia já começou. Uma densa nuvem de tristeza e dor se move entre eles como presságio de morte. Eles não o percebem. Talvez os discípulos sejam demasiado humanos para entender as coisas do espírito. O Mestre, sim, têm consciência da solenidade do momento. Em poucas horas, a angústia e a solidão se apoderarão deles e Ele não quer que sofram. Ama-os com um amor incompreensível e infinito. Ama-os até a morte.
O relato bíblico diz: “Tendo Jesus saído do templo, ia Se retirando, quando se aproximaram dEle os Seus discípulos para Lhe mostrar as construções do templo” (Mateus 24:1). Marcos relata que um dos discípulos Lhe disse: “Mestre ! Que pedras, que construções” (Marcos 13:1). Você percebe? A dor está próxima, a
hora “h” se aproxima, o destino eterno da humanidade será decidido em poucas horas, e os discípulos estão preocupados apenas com o material: o templo.
O brilho das coisas que podem ser tocadas fascina o ser humano. E, sem dúvida, o templo, com seus enormes pilares de mármore, o ouro dos detalhes interiores e de suas colunas gigantescas, é esplêndido, impressionante. Agradável de ser visto, admirado e tocado.
Vinte e um séculos se passaram e continuamos fascinados pelo que nossos cinco sentidos podem captar. Temos dificuldade para entender a dimensão espiritual da vida. Aproxima-se o momento de glória da Terra, mas somos incapazes de perceber a importância do tempo em que vivemos. A proximidade do evento glorioso dos séculos parece se perder na penumbra da nossa humanidade. Não a vemos. Toda nossa atenção se concentra nas coisas que podemos contemplar com os olhos físicos: guerras, violência, terremotos, furacões, o aquecimento global, os dramas sociais, as injustiças. Nada mais. Ignoramos a essência do que acontece. Buscamos soluções passageiras e humanas para as trevas que se apoderam do planeta. Ignoramos que, em poucas horas, despontará o sol de um dia eterno.
Naquela ocasião a resposta de Jesus aos Seus discípulos os deixou perplexos: “Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada” (Mateus 24:2). O Mestre fala de destruição. Para construir os valores do espírito é necessária a destruição dos valores da carne. O início do reinado da vida requer o fim do império da morte.
Os discípulos sentem o impacto das palavras de Seu Mestre, e começam a refletir. Se esse fabuloso templo chegar um dia a ser derrubado, isso unicamente seria possível com a segunda vinda de Cristo e a consequente destruição do mundo. Esse pensamento lhes é doloroso. Dói a eles com uma dor que não sabem explicar. Dói na alma, no coração, no mundo interior das emoções, onde estão as feridas que não se vêem. Todas as suas esperanças estão relacionadas com a glória e o esplendor desse templo. Sonham se ver livres do jugo romano. Aguardaram o Messias por muitas gerações. Como agora Jesus lhes diz que esse templo vai ser destruído?
O caminho de Jerusalém ao Monte das Oliveiras é um caminho com sabor de fracasso. Eles deixaram tudo para seguir a Jesus. Aceitaram-nO como o Senhor da vida. Mas Jesus lhes fala de morte, de destruição. Por mais que se esforcem, não conseguem entender.
Naquela tarde lúgubre descem ao Vale de Cedrom como se descessem ao coração da Terra. É uma procissão silenciosa e triste. Os discípulos estão perturbados pelo que o Senhor lhes dissera, mas não se animam a Lhe perguntar nada no caminho.
Dos ribeiros de Cedrom sobem até o Monte das Oliveiras. Continuam tristes, preocupados. Ao chegar ao monte, algum tempo depois, voltam ao tema da destruição do templo. Abrem o coração a Jesus e mostram sua curiosidade: “Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da Tua vinda e da consumação do século” (Mateus 24:3).
Então, o Senhor lhes desenha um quadro da situação mundial que precederá Seu retorno à Terra. Fala-lhes de guerras, rumores de guerra, terremotos, falsos cristos, perseguição, escassez de alimentos e fome, e todo tipo de calamidades.
As palavras de Jesus são para eles. Os discípulos serão testemunhas da fúria romana que destruirá o templo. Parte dos sinais de Mateus 24 se refere ao que aconteceria antes da destruição do templo. Outros, entretanto, anunciam o que acontecerá antes do fim do mundo.
Hoje a humanidade precisa urgentemente conhecer a mensagem nas entrelinhas dos acontecimentos aterradores de nossos dias. Nada acontece por acaso. Tudo foi escrito e anunciado nas Santas Escrituras. Os sinais da volta de Cristo, presentes na Bíblia, são uma descrição fiel do que acontece em nossos dias. Um retrato do mundo atual e de suas constantes lutas contra os desvarios da própria humanidade e contra a fúria enlouquecida de uma natureza que não aguenta mais as agressões do ser humano e se rebela, como um potro selvagem, quando tentam lhe roubar seus horizontes infinitos para fazê-la viver aprisionada.
O que escrevo, a seguir, é uma constatação das coisas que estão acontecendo. Ocorrerão ainda mais à medida que o tempo acabar e nos aproximarmos do fim. É uma mensagem de urgência. A urgência nasce do perigo. Mas é também uma mensagem de esperança. Esperança de um novo dia e de um novo mundo.
Ao observarmos o que acontece ao nosso redor, percebemos que já é noite em nosso planeta. Noite alta. Noite escura. As trevas que nos rodeiam assustam, mas são a evidência de que o Rei já vêm. Não há o que temer. Depois da noite sempre vem o dia. Quanto mais densa a escuridão, mais próximo está o novo dia.
Sei por experiência própria, quão valiosa é a esperança. Precisei dela uma noite, perdido na selva. Agarrei-me a ela como a uma tábua de salvação em um mar revolto. Havia andado o dia inteiro e já estava sem forças. O índio que me acompanhava aconselhou que dormíssemos às margens de um rio.
- Amanhã será outro dia – disse – e o senhor estará em melhores condições. Não vale a pena continuar andando na escuridão.
Paramos e mergulhamos na noite, com seus ruídos estranhos. Sentia a escuridão nos meus olhos, no ar que respirava, roçando minha pele, como que procurando me intimidar. Há noites tão densas na vida, tão escuras e tão tristes…Noites da alma. Noites da selva. Noites que dão a impressão de serem eternas. Aquela era uma dessas noites.
Quase não dormi. A escuridão me incomodava. Seus ruídos me perturbavam. Sua intensidade me assustava. Não dormi. Observei a noite, soberana, amedrontadora, dona e senhora da situação. Deveriam ser quatro ou cinco da manhã quando perguntei ao guia:
- A noite está ficando ainda mais escura ou é simples impressão minha?
- Não é impressão sua. A noite realmente ficou mais escura, mas não se preocupe. Isso significa que, de um momento para o outro, vai sair o sol.
Dez minutos depois o sol nasceu. Pude ver seus raios dourados sorrir para mim à distância. Pude desfrutar outra vez sua luz, seu esplendor, sua vida. Estava salvo. Um novo dia havia chegado.
A noite deste mundo está cada vez mais densa. Há dor, tristeza e morte ao nosso redor. Há injustiça, miséria e fome à nossa volta. Às vezes, dá impressão de que tudo está perdido. Não é verdade. A noite deste mundo logo vai cessar. O sol de um novo dia já desponta no horizonte. O Senhor Jesus vem nos buscar.
- Venha a Mim – Ele nos diz com Sua voz mansa. – Confie em Mim para atravessar as horas de escuridão que ainda restam.
O que você vai fazer? Aceitará seu convite?
A resposta é só sua.

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