26 de janeiro de 2012

NOVA ORDEM OU DESORDEM MUNDIAL?


Para a abordagem deste tema teremos como base o capítulo 11 do livro do Génesis. À medida que avançarmos, no desenvolvimento do tema, compará-lo-emos com os capítulos 16 e 17 do livro do Apocalipse. Na verdade, este primeiro livro da Palavra de Deus comporta muito mais do que, à primeira vista parece, porque aqui, ao longo dos seus capítulos podemos perceber todo o Plano da Redenção.
Na verdade, aqui e ali se ouve falar acerca da necessidade de uma Nova Ordem Mundial, ou seja, uma nova forma de governo onde todas as vontades estejam galvanizadas a um poder centralizador e coordenador. Mas, uma vez mais, tal como a Palavra de Deus o diz: - “(…) nada há novo debaixo do sol” – Eclesiastes 1.9. Uma nova tentativa sob um velho e ineficaz sonho. Na verdade, para que possamos compreender o futuro, é necessário que não façamos tábua rasa do que foi feito ou tentado fazer, no passado. Existe, na verdade, este propósito no presente que, mais não é, nunca será demais repeti-lo, que se baseia no efémero episódio relatado no livro de Génesis, sob o nome de: - Torre de Babel.
1- Antigo Testamento - A Torre de Babel- Génesis 11
Pouco tempo, depois do Dilúvio, podemos constatar uma preocupação, a todos os níveis, estranha. A Terra tinha, de certa forma, readquirido vida após aquele grande cataclismo que fez com que – (v.22)- “tudo o que tinha fôlego de espírito de vida em seus narizes, tudo o que havia no seco, morreu (…). (23) (…) desde o homem até ao animal, até ao réptil e até à ave dos céus foram extintos da terra” – Génesis 7.
Onde ficava situada, geograficamente, a “terra de Sinar”? Onde se aglomeraram as populações que construíram esta torre? Esta “terra de Sinar” ou Babilónia, era banhada por um rio da antiguidade, muito conhecido. Os construtores desta torre decidiram construí-la nas margens do rio Eufrates. Este rio desempenha um papel tremendamente importante, em termos simbólicos, no livro do Apocalipse, nos acontecimentos directamente relacionados com o tempo do fim da história desta Terra. Na Palavra de Deus, este rio e Babel ou Babilónio são inseparáveis – o rio e a cidade = Babilónia. Desta forma, esta população de construtores se une para construir uma cidade na terra de Sinar. Este lugar o iremos encontrar, posteriormente, ligado ao famoso rei de Babilónia – Nabucodonosor – Daniel 1.2. Aqui ele irá erigir um colossal monumento para enaltecer o seu poder – a famosa estátua em honra de si mesmo – Daniel 3. Vejamos o texto de Génesis 11:
-V.1- “E era toda a terra duma mesma língua e duma mesma língua e duma mesma fala. (2)- E aconteceu que, partindo eles do oriente, acharam um vale na terra de Sinar e habitaram ali”.
Aqui encontramos a informação que “partindo eles do oriente, acharam um vale na terra de Sinar”. Note-se que estes saíram do “oriente” na direcção ao Sul “terra de Sinar”. Como já vimos, a referência a esta direcção geográfica é muito significativa. O Norte, o Oriente são os quadrantes inerentes à divindade – a Deus. O Oeste e o Sul são os de Satanás, lugares associados às trevas – ausência de Deus – “terra de Sinar”. Portanto, desde já, está denunciado um claro abandono dos caminhos de Deus por muitos destas populações.
Não deixa de ser interessante a descrição que o Espírito de Profecia faz acerca deste êxodo humano, mostrando, exactamente, esta dicotomia – luz/trevas. Eis como é descrita não só a razão que motivou que muitos se separassem do todo, como também a razão de ser deste êxodo: - “durante algum tempo, os descendentes de Noé continuaram a habitar entre as montanhas onde a arca tinha repousado. Mas, como o seu número aumentava, em breve a apostasia levou à divisão. Aqueles que desejavam esquecer-se do seu Criador e afastar-se das restrições da Sua lei, sentiam um incómodo constante com o ensino e o exemplo dos seus companheiros tementes a Deus. E, ao fim de algum tempo, resolveram separar-se dos adoradores de Deus. Como consequência, deslocaram-se para a planície de Sinear, junto às margens do rio Eufrates. Eram atraídos pela beleza do local e pela fertilidade do solo e decidiram estabelecer a sua residência nessa planície”.
-V.3- “E disseram uns aos outros: Eia, façamos tijolos e queimemo-los bem. E foi-lhes o tijolo por pedra e o betume por cal”.
Quem foi o que esteve à frente de toda esta massa humana para a conduzir até a este lugar? Para que possamos responder, em segurança, a esta pergunta, iremos abrir aqui um breve parêntesis. Assim, é necessário examinarmos o capítulo anterior, deste livro, o capítulo 10. Vejamos o que ali é dito a este propósito: - (v.8)- “e Cusi gerou a Ninrode; este começou a ser poderoso na terra. (9)- E este foi poderoso caçador diante da face do Senhor; pelo que se diz: Como Ninrode, poderoso caçador diante do Senhor. (10)- E o princípio do seu reino foi Babel, Ereque, Acade, Calné, na terra de Sinar” – Génesis 10.
Pelo quanto a Palavra de Deus nos revela, ficamos a saber que aquele que liderou todo este processo foi a personagem conhecida pelo nome de Ninrode. Não esqueçamos que os nomes bíblicos são de importância capital para entendermos a razão de ser de muitas atitudes. Assim, contrariamente ao que acontece nos nossos dias, os nomes servem unicamente para diferenciar uma pessoa da outra, nos tempos bíblicos os nomes tinham muita importância, visto que estes estavam directamente relacionados com o carácter do indivíduo que o possuia: Adão, quer significa (o terroso, o que veio da terra); Eva (aquela que dá vida); Caim (significa: posse, aquisição – visto que, Eva, sua mãe, dissera que: - “tinha do Senhor um varão”; Abel (Hèbèl373 – que significa: - o que é um sopro passageiro, fútil e vão); para entendermos o que esta palavra quer dizer, é como soprarmos para a nossa palma da mão; sentimos o impacto deste sopro, não só não o vemos como, de repente, deixou de existir! etc, etc.
Agora, sob este contexto compreendemos melhor a razão pela qual, o rei de Babilónia, Nabucodonosor, após ter submetido Jerusalém e ter feito alguns prisioneiros, a Palavra de Deus dá-nos a conhecer que este levou para cativeiro, para a corte de Babilónia, quatro jovens, o futuro profeta
Daniel e mais três amigos e a primeira coisa que fez foi ordenar a mudança dos seus nomes de nascimento – Daniel 1.1-7. Os nomes antigos honravam o supremo Deus Criador dos Céus e da Terra. E, como mudar tudo isto? Claro, bastava mudar-lhes os nomes, o que, na realidade, veio a acontecer, dando-lhes nomes que, desta vez, honrassem os deuses de babilónia: 1- “A Daniel – cujo nome significa: Deus é meu juiz - foi colocado o nome de – Beltschatsar – que significa: - “Que Bel proteja a sua vida (Bel - título do deus Marduk, o principal deus babilónico)”; 2- A Hananias – cujo nome significa: Graça de Yahweh - foi colocado o nome de – Sadraque – que significa: - Ordem de Aku (deus Sumério da Lua); 3- A Misael - cujo nome significa: Quem é o que Deus é? - foi colocado o nome de – Mesaque – que significa: - “Quem é o que Aku é?; 4- A Azarias - cujo nome significa: Yahweh ajudou - foi colocado o nome de – Abednego - que significa: Servo do deus Nebo, deus da sabedoria”. Fechando o parêntesis.
Dito isto, em relação a estes nomes, o de Ninrode não é, de modo algum, a excepção, muito antes pelo contrário! Assim, destaquemos algumas particularidades desta personagem, a saber: 1- Comecemos pelo seu nome, pois só por si é muito revelador do quanto lhe está associado. Assim, o nome: Ninrode - significa: - rebeldia; 2- O texto refere que Ninrode tornou-se “poderoso caçador”. A palavra - “poderoso” - traduz a hebraica: (Gibor), que, por sua vez, significa: tirano, hostil; 3- Na expressão: - “diante da face do Senhor” – a palavra que foi traduzida por: “diante” – esta, para estar em consonância com o original, deveria ser traduzida por: - contra, desafiante. Assim sendo, teríamos a frase: “contra a face do Senhor”. Ninrode, na mitologia das civilizações antigas é conhecido por – deus Sol. Pois, segundo os antigos, quando ele morreu, o seu espírito foi habitar o Sol, chegando, por isso, a ser o deus Sol. 377 Por esta razão, como vimos, o próprio nome corresponde a um estado de rebelião contra Deus. Assim, este ao identificar-se com o Sol, é de esperar que, tal como sabemos, a última Babilónia mística possua estas mesmas características.
-V.4- “E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra”.
Vejamos alguns pormenores que este verso nos quer mostrar: 1- Que Deus tinha um plano para a raça humana; e este era que o ser humano se espalhasse por toda a Terra. Acerca deste propósito, o Espírito de Profecia diz: - “Deus tinha determinado que os homens se espalhassem por toda a Terra para a povoar e subjugar”;378 2- A intenção humana era de “edificar ali uma cidade, com uma torre de altura tão extraordinária que fizesse dela uma maravilha do mundo. Estes empreendimentos tinham como objectivo impedir que o povo se dispersasse em colónias. (…). Mas estes construtores de Babel resolveram conservar a sua comunidade unida num corpo e fundar uma monarquia que, finalmente, abrangesse toda a Terra. Assim, a sua cidade tornar-se-ia a metrópole de um império universal. A sua glória imporia a admiração e homenagem do mundo, tornando ilustres os seus fundadores”.
Eis o propósito humano para ser de novo instaurado, uma Nova Ordem Mundial. A união dos habitantes desta Terra na grande rebelião sob o comando de Ninrode, o rebelde, o deus-Sol. Sim, rebeldia contra o Deus do Céu para estabelecer um Império para assim poder controlar todo o mundo e vincar a sua rebelião contra Deus.
Qual será a razão do texto bíblico em mencionar a vontade destes construtores, ou seja: - “edifiquemos nós uma torre cujo cume toque nos céus”? Podemos ver que esta intenção era movida por dois motivos: 1- Que tinha ocorrido um Dilúvio, recentemente, em que no qual a geração antediluviana, à excepção dos ocupantes da Arca – Noé e família – desapareceram por causa do seu pecado, por causa da sua desobediência. Assim, quando se reuniram puderam dizer que, caso aquele cataclismo se repetisse não seria apanhados de surpresa uma segunda vez! Vamos construir uma torre mais alta do que a que as águas alcançaram no passado recente. Assim, desta forma, continuaremos não só a pecar, como também salvar-nos a nós próprios, utilizando a nossa tecnologia. Uma forma de salvação própria para poder seguir em frente, pecando; 2- Como pensavam subir até à região das nuvens, esperavam investigar a ou as causas do Dilúvio, cientificamente falando. Eles pensavam explicar, por meios naturais, e usar a sua tecnologia para chegarem até ao Céu para explicar a razão de ser do Dilúvio. Pensaram construir uma torre tão alta que poderiam salvar-se a si próprios, desonrando a Lei de Deus e estando certos que nem Deus os poderia destruir.
Na verdade, quem controla quem? Os construtores pensavam que tinham todo o controlo da situação. Será que Deus nada sabia do que estava a acontecer? Será que Deus não sabia que tinham construído uma torre? Claro que Deus conhecia e conhece o coração do ser humano.
-V.5- “Então desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam”.
Neste versículo encontramos alguns pormenores que merecem a nossa reflexão. Aqueles que edificavam aquela torre são chamados – “filhos dos homens”. Cada vez que esta expressão é empregue é para caracterizar todos aqueles que estão, na verdade, em rebeldia contra Deus. Vejamos o que, a este propósito, é dito noutros textos bíblicos, como por exemplo: - “Havia naqueles dias gigantes na terra e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens (…)” – Génesis 6.4. Aqui é utilizada a mesma expressão, só que no feminino. Aqui é dito que os “filhos de Deus” se misturaram com “as filhas dos homens”. Isto dito por outras palavras: - os santos de Deus misturaram-se com os rebeldes, com quem nada queriam com Deus. Vejamos ainda um outro texto do sábio Salomão que assim se expressa: - “Visto como se não executa logo o juízo sobre a má obra, por isso o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para praticar o mal” – Eclesiastes 8.11. Vemos aqui, uma vez mais a associação da expressão – “filhos dos homens” com a prática do mal.
Deus, no passado recente, tinha afirmado que: - (v.11)- “E eu convosco estabeleço o meu concerto que não será mais destruída toda a carne pelas águas do dilúvio, e que não haverá mais dilúvio, para destruir a terra. (12)- E disse Deus: Este é o sinal do concerto que ponho entre mim e vós e entre toda a alma vivente que está convosco, por gerações eternas. (13)- O meu arco-íris tenho posto na nuvem; este será por sinal do concerto entre mim e a terra”” – Génesis 9. Esta foi a promessa e este constituía o sinal do garante da mesma, visto que, em cada arco-íris estava impresso que a Terra jamais seria destruída por outro dilúvio. É interessante como a mensageira do Senhor comenta esta situação, ao dizer: - “A grandiosa torre, atingindo os céus, tinha o objectivo de ser como um monumento ao poder e sabedoria dos seus construtores, perpetuando a sua fama até às últimas gerações. Os moradores da planície de Sinear não acreditavam na promessa que Deus tinha feito de que nunca mais traria um dilúvio sobre a Terra. Muitos deles negavam a existência de Deus e atribuíam o dilúvio a causas naturais. Outros aceitavam um Ser supremo, que tinha destruído o mundo antediluviano, e o seu coração, como o de Caim, revoltou-se contra aquele Ser. Um dos seus objectivos na construção da torre era garantir a sua segurança em caso de outro dilúvio. Elevando a construção a uma altura muito maior do que a que tinha sido atingida pelas águas do dilúvio, julgavam colocar-se assim fora de toda a possibilidade de perigo. E, como pensavam subir até à região das nuvens, esperavam investigar a causa do dilúvio. Todo aquele empreendimento pretendia exaltar ainda mais o orgulho dos que o projectaram, e desviar de Deus a mente das futuras gerações e levá-los à idolatria.
O que estes construtores tinham fomentado era a ideia de que se poderiam salvar, não do pecado, mas alcançar o Céu, pecando. Este primeiro esboça de uma Nova Ordem Mundial, não era, de modo algum, nenhuma surpresa para Deus. Na verdade, o Senhor sabia tudo o que ia nos seus corações e conhecia qual era o projecto dos líderes deste empreendimento.
-V.6- “E disse: Eis que o povo é um; todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer: E agora não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer”.
Este versículo mostra uma única realidade, mas que se manifesta de tantas e variadas formas. Na verdade, o “povo é um; todos têm uma mesma língua. Aqui está expressa a unidade deste povo com um mesmo propósito – rebelião contra Deus. Estes pensavam que nada nem ninguém poderia fazer algo para impedir os seus objectivos, e estes pensavam, obviamente, instaurar, como o refere o Espírito de Profecia: - “uma monarquia que, finalmente, abrangesse toda a Terra”. E, em paralelo a este projecto centralizador, existiria, aquele grande e faustoso símbolo do seu grande poder – aquela torre - que proclamava a todos que a vissem: – “(…) o poder e sabedoria dos seus construtores, perpetuando a sua fama até às últimas gerações”.
Na verdade, ali estava expressa, em termos humanos, a grandeza deste Ninrode. Todos se galvanizavam à sua volta nesta palavra de ordem que tinha um único propósito – rebelião contra Deus. Mas, será que não existia ninguém que ousasse pensar e agir ao contrário? O que aconteceu ao restante povo descendente, tal como estes, do patriarca Noé? A Palavra de Deus é, em boa verdade, silenciosa a este propósito, mas não o Espírito de Profecia que, sobre este aspecto refere: - “Durante algum tempo, os descendentes de Noé continuaram a habitar entre as montanhas onde a arca tinha repousado. Mas, como o seu número aumentava, em breve a apostasia levou à divisão. Aqueles que desejavam esquecer-se do seu Criador e afastar-se das restrições da Sua lei, sentiam um incómodo constante com o ensino e o exemplo dos seus companheiros tementes a Deus. Ao fim de algum tempo, resolveram separar-se dos adoradores de Deus”.
Na verdade, aqui encontramos expresso, por outras palavras, o que acontece em relação às palavras e ao exemplo; as palavras – convencem; mas o exemplo – arrasta – cf. I Timóteo 4.12. Tudo isto está reflectido nas palavras inspiradas da mensageira do Senhor, ao escrever, como vimos: - “(…) Aqueles que desejavam esquecer-se do seu Criador e afastar-se das restrições da Sua lei, sentiam um incómodo constante com o ensino e o exemplo dos seus companheiros tementes a Deus (…)”. Assim, o remanescente de Deus, ao permanecer íntegro no seu propósito, os filhos dos homens, perante esta pedra de tropeço no seu seio – os filhos de Deus – “resolveram separar-se dos adoradores de Deus”.
-V.7- “Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro”.
Aqui é usada uma linguagem humana para descrever a acção de Deus, visto que é dito que “desçamos”. Deus olha para aquela torre. Como é possível, ao homem, simples “pó e cinza” – Génesis 18.27 – ousar construir um Império em frontal oposição contra Deus – o seu Criador?! Num dos Salmos, o salmista mostra toda a fragilidade do aparente sucesso do ímpio. E, perante estes projectos megalómanos, eis como o salmista expressa a postura de Deus: - “O Senhor se rirá dele (…)” – Salmo 37.13. Ao olhar para aquele projecto, parece-Lhe surreal! Até onde pode chegar a arrogância, a loucura, a rebeldia humana! Mas, mesmo assim, Deus permite que os projectos de raiz humana cheguem até certo ponto, nada mais. Para estes homens, “tudo ia bem, no melhor dos mundos” – até que.
Para Deus alterar tudo o que é humano, basta um simples gesto, um clicar de dedos, uma palavra, um pensamento, uma vontade e tudo o que é humano fica reduzido a pó! Qual foi a solução achada por Deus para alterar o projecto humano? Tal como refere a Palavra de Deus, Deus faz algo de simples, um simples pensamento, uma simples vontade, pois é dito que Deus disse: - “confundamos ali a sua língua (…)” – v.7. Biblicamente falando, isto foi o bastante para que todo este megalómano projecto falhasse. Mas, o detalhe, o contexto, esse é relatado pelo Espírito de Profecia, desta maneira: - “Subitamente, a obra que avançara tão rapidamente, parou. Anjos foram enviados para reduzir a nada o propósito dos construtores. A torre tinha alcançado uma grande altura, e era impossível aos trabalhadores que estavam no cimo comunicar directamente com os que estavam na base. E, assim, foram colocados homens em diferentes pontos, devendo cada um receber os pedidos de material necessário, ou outras instruções relativas à obra e transmiti-las ao que estava imediatamente abaixo. Como as mensagens eram desta forma passadas de um para o outro, a língua foi confundida, pelo que se pedia o material de que não havia necessidade, e as instruções transmitidas eram, muitas vezes, o contrário das que tinham sido dadas. Seguiram-se a confusão e o desânimo. Todo o trabalho parou. Já não podia haver harmonia ou cooperação. Os construtores eram totalmente incapazes de explicar os estranhos mal-entendidos entre eles e, na sua raiva e decepção, censuravam-se uns aos outros. A sua aliança terminou em contenda e carnificina. Raios do céu, como prova do desagrado de Deus, quebraram a parte superior da torre e lançaram-na ao chão. Os homens foram obrigados a convencer-se de que há um Deus que governa nos Céus”.
O que vemos aqui? Várias ideias-força ao longo desta sublime descrição dos acontecimentos, a saber: 1ª- devido à altura da torre, os de cima tinham dificuldade em comunicar com os de baixo; 2ª- agora, a língua é confundida e as instruções não correspondiam aos materiais enviados e vice-versa; 3ª- seguiu-se a confusão e o desânimo; 4ª- todo o trabalho, finalmente, parou; 5ª- incapazes de explicar o que estava a acontecer, na sua raiva e decepção, censuravam-se uns aos outros; 6ª- a aliança até ali perfeita, agora, termina em “contenda e carnificina”; 7ª- raios do Céu derrubaram a parte superior da torre lançando-a no chão; 8ª- os construtores foram obrigados a convencerem-se de que, acima deles, governava nos Céus: - Deus – Aquele que tem o controlo de tudo. Nestes detalhes encontramos alguns que estarão presentes na Babilónia do futuro, quando esta cair.
Abramos um breve parêntesis para que saibamos o que a arqueologia nos dá a conhecer acerca da torre de Babel. No que respeita aos detalhes da construção original desta torre não são conhecidos. Os zigurates, ou torres são frequentemente mencionados na literatura babilónica. Existe documentação da época do fundador da dinastia neo-babilónica – Nabopolasar (625-605 a.C.) – que assim se expressa a propósito da torre que ele restaurou em Babilónia: - “Marduque, o senhor, me ordenou acerca de Etemenanki, a torre com andares de Babilónia (…)”.
Esta construção, tal como é mencionado, era composta por sete andares, dos quais conhecemos as respectivas medidas:
Tudo isto quer dizer que a Torre de Babel tinha como sapata, uma base, quadrada de 90 metros para suportar os andares superiores. Depois se adicionarmos as diferentes alturas dos respectivos andares, a torre tem cerca de 90 metros de altura. Não é de admirar a história acerca da origem da torre, parecida com uma pirâmide, que foi contada por um velho homem Sírio, junto às suas ruínas, a alguém que viajou a Babilónia no séc. IV da nossa era, em que a qual rezava assim: - “ela foi construída por gigantes que queriam escalar o céu. Devido a esta loucura, uns, foram fulminados; outros, sob a ordem de Deus não mais se reconheceram entre si; todo o resto foi cair na ilha de Creta, onde Deus, na sua fúria, os precipitou”. Se tivermos presente as dimensões desta torre (zigurate), para a época, eram simplesmente colossais. Este relato, segundo a documentação humana, o qual se enquadra perfeitamente bem no quanto a Palavra de Deus descreve, nesta tentativa da criatura atingir o divino; tentar ocupar o lugar de Deus, ser adorado, desde o alto como o Deus Criador! Fechar parêntesis.
De novo, na rebelião contra Deus a acontecer no tempo do fim, também existirá uma união de forças contrárias a Deus. Todos os sistemas de governo, a seu tempo, unir-se-ão para formarem uma coligação a nível mundial contra Deus. Sob este tema, no passado recente, encontravam-se em palco três poderes que visavam a liderança mundial sob a sua batuta, a saber: 1º- o Papado; 2º- o Capitalismo; 3º- o Comunismo. Que semelhanças existem entre estes três poderes? À primeira vista, nenhumas. Mas, no passado recente nutriam um mesmo ideal comum, o estabelecimento do que se chama, ainda que timidamente, uma – Nova Ordem Mundial – que vise a negação de Deus, unindo-se ao projecto humano para deificar a grandeza humana para que, desta forma, possa impedir, como se tal projecto fosse possível – a 2ª vinda de Cristo. Todos agem sob a mesma batuta, no passado, sob Ninrode, a personificação do deus-Sol; no presente profético, já não sob o deus Sol, mas sim sob a adoração ao astro Sol – no dia designado para o efeito – o Domingo.
2- As Chaves deste Sangue
Que nos seja permitido um breve parêntesis: - A Igreja é hoje, mais do que nunca, uma força que será preciso ter em conta, pois move-se como ninguém no seu meio ambiente preferido, onde ela é mestre e exímia devido à sua larga experiência de séculos – o xadrez político. Como material de base reportar-nos-emos a um volumoso livro escrito por um teólogo jesuíta chamado Malachi Martin, que foi professor na Universidade Pontifícia, no Vaticano. Este escreveu o livro que fazemos referência, na década de 1980, acerca desta mesma problemática. O livro, todo ele, é sugestivo, pois desde logo, na capa, tem a figura da personagem mais importante, politicamente falando, do passado recente – o Papa João Paulo II.
Como se isto não bastasse, o título do livro em causa é, de igual modo, tremendamente sugestivo: - “As Chaves deste Sangue”. Este tem como subtítulo algo ainda mais extraordinário para um livro de aparência religiosa. Eis o subtítulo em causa: - “O Papa João Paulo II versus Rússia e o Oeste para controlo da Nova Ordem Mundial”. Isto dito por outras palavras, teremos: - a luta pelo domínio do mundo entre: João Paulo II, Mikhail Gorbatchev e o Ocidente capitalista (U.S.A). Abramos aqui um breve parêntesis para analisarmos a, desde já, alguns excertos do livro em causa:
1ª- A competição será a nível global, segundo o autor, entre estas três partes beligerantes, politicamente falando. Diz ele que: - “a vida individual dos cidadãos, das famílias, do comércio, dinheiro, sistemas de educação, religiões e culturas e a identidade nacional, tudo será poderosa e radicalmente alterado para sempre. Ninguém pode estar isento dos seus efeitos. Nenhum sector das nossas vidas será intocável”.
2ª- Ele, o autor, dá um passo em frente na explanação dos seus argumentos e refere que, nesta competição – “o pontificado de João Paulo é o vitorioso nesta competição”.
3ª- Assim, princípios como a “separação da Igreja do Estado foi a causa da ruína moral do Ocidente”. Curiosamente, o Espírito de Profecia, a este propósito refere, exactamente, o contrário – “Foi também concedida liberdade de fé religiosa, sendo permitido a todo o homem adorar a Deus, segundo os ditames da sua consciência. Republicanismo e protestantismo tornaram-se os princípios fundamentais da nação. Estes princípios são o segredo do seu poder e prosperidade”. Nesta qualidade é necessário restabelecer o que se perdeu – moral e espiritualmente – falando. Assim: - “Os valores da libertação e liberdade são garantidos por valores elevados”. Continuando o autor a dizer que: - “A santidade é o objectivo não só das pessoas, mas também das instituições humanas. Tudo isto, claro, é rejeitado pelo actual secularismo”.
Claro, perante a falência dos sistemas políticos, qual será a potência que garante a estabilidade de todos estes valores morais e espirituais? A resposta, para a época, estava no pontificado de João Paulo II – na medida em que “João Paulo II é não só a cabeça espiritual de um corpo mundial de crentes, mas também o líder executivo de um Estado soberano que é membro reconhecido da sociedade de Estados do final do século vinte. Com um objectivo e uma estrutura política? Sim, com um objectivo e uma estrutura geopolítica. Pois, em análise final, João Paulo II, reclamando o título de Vigário de Cristo também reclama ser o tribunal de última instância da sociedade de Estados enquanto sociedade”.
4ª- Alguns ao caracterizarem o papa João Paulo II, dizem: - “Neste século, este Papa é, certamente, depois de Pio XII, o mais fervoroso devoto da Virgem no trono de S. Pedro”. Isto tem que ver como Malachi Martin descreve a relação do 3º segredo de Fátima com o papado – João Paulo II. Ao contexto próximo estão ligadas algumas vertentes, tais como: 1ª- a consagração da Rússia; 2ª- o atentado que este papa foi alvo, etc. O papa, ele mesmo refere, a propósito: - “uma mão que puxou o gatilho e uma outra mão materna que guiou a trajectória da bala”. < (…). A piedade mariana de Wojtyla (João Paulo II) torna-se cristocêntrica. Torna-se o próprio sofrimento de Cristo na cruz>”.
Este terceiro segredo de Fátima foi analisado por três papas e, segundo Malachi Martin: - “João XXIII achou que os acontecimentos ali relatados não tinham relevância para o seu pontificado (…). Paulo VI leu o conteúdo e decidiu não fazer nada acerca do assunto. João Paulo I também lê o documento de Lúcia, mas só vive 33 dias. João Paulo II leu o documento e, a exemplo dos seus antecessores, nada viu de relevante ali. Mas estávamos em 1978”. Na verdade, “o atentado contra João Paulo II mudou o cenário”. Efectivamente, tudo mudou. Desde logo, na compreensão de alguns acontecimentos:
a– Efectivamente, tal como é referido - “para João Paulo II, as profecias de Fátima são . Estas aparições e o atentado de 13 de Maio de 1981 inscrevem-se no mesmo pano de fundo, que é a História trágica do século XX, que começou em 1917 e terminou com a queda do Muro de Berlim em Novembro de 1989”.
b- Para um enquadramento dos factos, vejamos como é descrita a actuação do Pontífice neste contexto agora aflorado, visando o cumprimento do que fora predito por Lúcia em relação à Rússia: - “Se o colapso do comunismo aconteceu, a partir de 1989, sem o terrível derramamento de sangue que poderia tê-lo acompanhado, isso foi também em virtude dos actos de João Paulo II, dos seus firmes e emocionados apelos públicos e da diplomacia subterrânea encorajada por ele. Como testemunhou um qualificado representante político - . Reconheceu-o abertamente o próprio presidente russo Makhail Gorbachov quando afirmou: ” (sublinhado nosso).
c- Ou ainda, recorde-se, a visita espectacular no dia 1 de Dezembro de 1989 de Mikhail Gorbachov, pela primeira vez, ao Vaticano para um encontro com João Paulo II. Qual foi, nas suas grandes linhas, o teor e objecto deste encontro? Ora vejamos quão significativa é a descrição do quanto neste se passou: - “(…) só a força de Deus levou os homens a aceitar a mudança, e ”.
d- Tal como já referimos, com a queda do comunismo, a esta está interligada, nomeadamente, a queda do muro de Berlim a 9 de Novembro de 1989. Uma vez mais, o nome do Pontífice a ela está ligado: - “Do mesmo modo, quando lhe agradeciam porque tinha contribuído para a queda do muro de Berlim, replicava: , seguro da profecia da Virgem de Fátima acerca da conversão da Rússia e da subsequente queda do comunismo”. Assim, em função de todos estes acontecimentos, finalmente, “Em 1992 Gorbachov fez chegar ao Vaticano duas páginas de testemunhos em russo intituladas Sobre o Papa de Roma, nas quais confirmava a sua própria convicção de que a figura do Pontífice tinha sido decisiva para imprimir esta direcção à História”.
5ª- Perante todos estes acontecimentos, nesta “(…) luta de titãs, o comunismo e a Igreja (…) só deveria existir entres estes dois poderes – Europa e Leste – um único vencedor, tal como Malachi Martin o refere – o papado. Na perspectiva de João Paulo II haveria uma outra era, longa ou curta, quando um grande projecto de Deus fosse inaugurado – uma unidade geopolítica de todas as nações. E quem estaria à cabeça deste sistema para reedificar o edifício moral que os Estados não conseguiram manter? Alguém tinha que estar à altura desta grande tarefa e, segundo este autor: - “o Grande Projecto de Deus seria executado. Ele, João Paulo II seria o Servo do Grande Projecto”.
6ª- Porquê o título do livro de Malachi Martin? Porque quis, não só realçar e descrever o nome da pessoa ou do sistema por ele representado – João Paulo II -, como também, a razão do direito do papado a vencer nesta litigância. Para realçar ainda mais o seu propósito, ele cita o resultado de uma visão que Catarina de Siena teve acerca da origem da autoridade papal. Na época, após a morte do papa – Gregório XI (1370-1378) – vários perigos ameaçavam a Igreja na disputa da cadeira de Pedro. Acerca da origem da autoridade papal, eis o que ela conta, a este propósito, de uma das suas muitas visões estáticas:
“Deus, o pai:
– De quem é este sangue?
Catarina:
- O sangue do Nosso Senhor, Vosso divino Filho.
Deus, o pai:
- A quem deu o Meu Filho as Chaves deste sangue?
Catarina:
- A Pedro, o Apóstolo
Deus, o pai:
- Sim. E a todos os sucessores de Pedro até este momento. E a todos os sucessores de Pedro até ao tempo do fim. Isto é porque a autoridade destas chaves nunca fraquejará, porque a força deste sangue nunca poderá ser diluída”.
Assim, segundo a visão, não só a autoridade papal é definitivamente proclamada e, uma vez mais assente, não no homem, na sociedade, como também esta vem directamente de Deus aos sucessores de S. Pedro. Portanto, uma autoridade incontestável.
7ª- É, portanto, relativamente recente ouvir-se falar da temática – Nova Ordem Mundial – visto que esta ideia pressupõe um governo centralizado, advogando a unidade de todos os poderes. Na verdade, para que o velho sonho de Babel possa ser, finalmente, uma realidade, nada mais resta a não ser encontrar - um chefe galvanizador – alguém que tenha algumas particularidades, carisma, ou seja, alguém que seja aceite por todos, independente de todas as nações, que garanta os valores que o tempo e os sucessivos governos foram a causa primeira da sua degradação. Esta resposta a estas questões passa, inevitavelmente, por um sistema que comporte, em simultâneo, estas duas vertentes, a saber: a religiosa e a política. Na área religiosa, apesar de diferente, consegue, por estranho que possa parecer, galvanizar e harmonizar vontades tão distintas umas das outras. Na área política, que país ou Estado na Europa ou no mundo, tem a experiência que o Vaticano tem na arte diplomática, historicamente falando? A resposta é simples: - nenhum.
Na verdade, a figura carismática do papa João Paulo II parecia reunir todos estes ingredientes. Pois não será, certamente por acaso, à luz do que vimos até aqui, que a Revista Time elegeu João Paulo II como sendo o - "Homem do ano" de 1994. Este orgão de informação justificou assim a escolha: - "em um ano em que tantas pessoas lamentam a deterioração dos valores morais ou buscam pretextos diante de um mau comportamento, o Papa João Paulo II levou adiante, com determinação, sua visão de uma vida reta e convidou o mundo a fazer o mesmo. Por essa retidão, ele é o . (…) A sua angústia pela situação da Bósnia e por outras guerras no mundo, pela decadência dos valores morais e, sobretudo, sua preocupação com a santidade do ser humano para a qual, segundo o texto, ”.
Na verdade, todos estes movimentos a nível global que concorrerão para esta unidade de governos para que haja um único líder, um único sistema centralizador, poderá assustar qualquer um. Mas, a exemplo do passado, o povo de Deus nada tem a temer, pois o Deus do passado é o mesmo de hoje e Ele continua no controlo deste mundo, visto ser Ele o seu Criador. Fechar parêntesis.
Voltemos de novo, à Palavra de Deus – Génesis 11. Como vimos atrás, à voz de Deus, tudo o que era normal, de repente, ficou anormal, confuso. Inesperadamente, a união que parecia forte, até então, agora, desfaz-se.
- V.9- “Por isso se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a língua de toda a terra; e dali os espalhou o Senhor sobre a face de toda a terra”.
Aquele lugar passou a chamar-se: - Babel, confusão. Assim sendo, para que a harmonia se restabelecesse, ainda que divididos, aqueles que se compreendiam uniram-se entre si e, cada grupo linguístico, foi para cada lado.








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