30 de maio de 2012

A Donzela e o Dragão

Quando perguntaram a Napoleão Bonaparte quais as três maiores necessidades da França, ele respondeu: “Mães, mães e mães”. Um dos primeiros pais da igreja disse: “ Você não pode ter Deus como Pai, a menos que tenha a igreja como mãe”. Apocalipse 12 fala sobre o grande dragão vermelho. Ele é o vilão da história, mas o personagem realmente importante é a verdadeira igreja de Deus como uma mãe perfeita, em contraste com outra mulher que veremos em outro capítulo, Babilônia, a mãe das prostitutas.

Em sua juventude, o autor do livro de Apocalipse era conhecido como o Filho do Trovão, por causa de seu temperamento colérico. Graças à mudança em seu estilo de vida, por causa de sua convivência com Jesus, ele passou a ser conhecido pelos cristãos como o Apóstolo do Amor. A história deste homem é um capítulo dramático e tocante da história sagrada. Um dia, sua mãe veio a Jesus com um estranho pedido.

“Perguntou-lhe ele: Que queres? Ela respondeu: Manda que, no teu reino, estes meus dois filhos se assentem, um à tua direita, e o outro à tua esquerda. Mas Jesus respondeu: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que estou para beber?” (Mateus 20:21, 22)

O cálice que Jesus bebeu foi o cálice do sofrimento. Mas tarde, Tiago e João tomaram deste cálice. E de certa forma assentaram-se um de cada lado de Jesus. Tiago foi o primeiro dos 12 discípulos a ser martirizado.

Herodes Agripa, quando foi governador da Judéia, suscitou a perseguição contra os cristãos, e assinalou a Tiago como objeto de sua vingança. Quando o apóstolo foi levado para a morte, um homem que havia feito falsas acusações contra ele acompanhou-o até o local da execução. Ele esperava ver Tiago pálido e assustado, mas, ao invés disso, ele o viu como um conquistador que ganhou uma grande batalha. Este homem ficou tão impressionado com um Salvador que podia dar tanta alegria e coragem a um homem que estava prestes a morrer, que ele se converteu ao cristianismo, e também foi condenado à morte. Ambos foram decapitados no mesmo dia, com a mesma espada, em 44 d. C.

João também tinha um lugar especial ao lado de Jesus. Ele foi o último dos doze discípulos a morrer. Ele teve a oportunidade de viver por Cristo. Mesmo que não sejamos chamados para morrer por Ele, podemos viver por Ele. Viver por Ele pode ser ainda mais desafiador do que morrer por Ele.

Como Tiago, João foi condenado à morte. Qual foi seu crime? Foi a pregação do Evangelho de Jesus Cristo. Para intimidar qualquer um que pensasse em seguir seu exemplo, ele foi jogado num caldeirão de óleo fervente. Para a grande surpresa de todos, ele foi protegido pelo poder Divino. Assim como os três dignos hebreus na Babilônia, no tempo de Daniel, não foram queimados na fornalha ardente, João não sentiu o calor do óleo fervente, e ficou andando para lá e para cá como se estivesse fazendo uma agradável caminhada por um parque num dia de primavera.

Quando seus perseguidores viram o que tinha acontecido, ficaram com medo daquele homem corajoso. Para que sua voz não fosse mais ouvida, ele foi exilado numa pequena ilha, a Ilha de Patmos, e foi nesta ilha rochosa que ele teve as visões que o inspiraram a escrever o livro de Apocalipse.

No capítulo 12 de Apocalipse, encontramos o relato sensacional que descreve o percurso do Grande Dragão Vermelho.

“Viu-se grande sinal no céu, a saber, uma mulher vestida do sol com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça.” (Apocalipse 12:1)

Existem três personagens principais neste capítulo. São: a mulher, a criança e o dragão.

Quem é a mulher? Quando comparamos Apocalipse 12 com Gênesis 3:15, nos lembramos de Eva e sua semente prometida. A maioria dos estudiosos concorda que na linguagem figurada da profecia, uma mulher representa o povo de Deus.

No Antigo Testamento, o povo de Israel como um todo, é citado como uma mulher. Algumas vezes, Israel, como nação, é comparada a uma esposa infiel, cujo esposo divino, Deus, irá perdoá-la e restaurá-la. (Oséias 2:19,20; Isaías 54:1-8) Em outras ocasiões, Israel é comparada à uma bela jovem que Deus vestiu com lindas vestes e escolheu para ser Sua noiva. (Ezequiel 16:8-14)

Em Ezequiel 23 a igreja apóstata é representada por uma mulher impura. Em Apocalipse 17, Babilônia, mãe das prostitutas, é usada para representar uma igreja impura.

No Novo Testamento a igreja cristã é tida como a noiva de Cristo. (2 Coríntios 11:2; Efésios 5:21-23)

Quantas noivas existem? A noiva de Deus já foi um único grupo étnico; hoje tornou-se um grupo mundial de todas as etnias. Na Israel renovada de Deus não há “judeu nem grego... nem homem nem mulher”. (Gálatas 3:28) Deus tem apenas uma noiva.

Aqui, em Apocalipse 12, temos a igreja vestida de sol. A igreja é a luz do mundo. O evangelho traz luz. A igreja não é uma construção. Construções podem ser destruídas, mas a igreja permanece.

Luz é a vestimenta de Deus. (Salmos 104:2) Jesus é o sol da justiça. (Malaquias 4:2) O povo de Deus são os filhos da luz. (Lucas 16:8; 1 Tessalonicenses 5:5,8) O sol, a lua e as estrelas são símbolos eminentes de luz. Sua relação com a mulher de Apocalipse 12 mostra que ela é virtuosa e boa, uma esposa fiel e uma verdadeira mãe, gloriosamente vestida com o brilho da justiça.

O que está representado na lua? Assim como a luz brilha com a luz do sol, o mosaico brilhou com a luz do evangelho dissipado. Todo cordeiro indicava Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Lei cerimonial com todos os seus sacrifícios era uma sombra das coisas que viriam a acontecer.

“Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que ano após ano, perpetuamente, eles oferecem.” (Hebreus 10:1)

Colossenses 2 nos diz que esta sombra dos bens vindouros foi pregada na cruz.

A lua sob seus pés indica que o velho concerto, incluindo a lei cerimonial, chegou ao fim. A igreja estava entrando numa nova era, vestida de sol.

“...achando-se grávida, grita com as dores do parto, sofrendo tormentos para dar à luz. Viu-se também outro sinal no céu, e eis um dragão, grande, vermelho, com sete cabeças, dez chifres e, nas cabeças, sete diademas. A sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra; e o dragão se deteve em frente da mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho quando nascesse.” (Apocalipse 12:2-4)

Quem é o Dragão? O dragão é identificado como “o diabo, Satanás”. (Apocalipse 20:2)

Aqui temos a imagem dramática da mulher, a igreja, pronta para dar à luz a um filho, e o grande dragão vermelho diante dela esperando que a criança nasça, para matá-la.

“Nasceu-lhe, pois, um filho varão, que há de reger todas as nações, com cetro de ferro. E o seu filho foi arrebatado para Deus até ao seu trono.” (Apocalipse 12:5)

Quem é este filho varão? Quem foi arrebatado para Deus até ao Seu trono? Quem tem poder para reger as nações? Poderia haver alguma dúvida? Jesus nasceu em Belém, e Satanás estava ansioso para destruí-Lo. Satanás odeia Cristo. Ele O odiava no Céu, e tinha inveja de Sua posição. Agora, eis a sua chance! O Poderoso Criador deixou Seu trono celestial. O Rei Todo-poderoso desceu à terra para tomar a forma da fraca humanidade. Não mais um Rei forte e poderoso, mas um bebê indefeso numa manjedoura. Esta criança chegou num mundo em que Satanás tem o domínio, e agora este aproveita a oportunidade para se vingar. Ele escolhe agentes humanos para este trabalho satânico. Herodes tornou-se seu agente.

Foi Roma que tentou destruir Jesus. O grande dragão vermelho é Satanás, e Roma age em seu favor. O rei Herodes foi um fantoche dos romanos. Durante os séculos II, III, IV e V, junto com a águia, o dragão foi a principal marca das legiões romanas. Este dragão pintado em vermelho, como uma resposta fiel à figura descrita no livro de Apocalipse, eles pareciam dizer: “Somos a nação que aquela figura representa”.

Herodes parecia ser um homem sem sentimentos. Nesta guerra, todo recurso é utilizado. Não há lugar para piedade. Herodes enviou seus soldados à cidade de Belém para matar todos os meninos de dois anos ou menos. Os soldados batiam às portas, entravam nas casas, arrancavam os bebês das mãos de suas mães, e os matavam a sangue frio na frente dos que os amavam.

Seiscentos anos antes, Jeremias profetizou:

“Assim diz o Senhor: Ouviu-se um clamor em Ramá, pranto e grande lamento; era Raquel chorando por seus filhos, e inconsolável por causa deles, porque já não existem.” (Jeremias 31:15)

A cidade, geralmente, pacífica de Belém tem suas ruas cobertas de sangue. Mas Deus não esqueceu Seu Filho unigênito. Sábios do oriente trouxeram presentes, e com este dinheiro José viajou para o Egito com Maria e Jesus.

“A mulher, porém, fugiu para o deserto, onde lhe havia Deus preparado lugar para que nele a sustentem durante mil duzentos e sessenta dias.” (Apocalipse 12:6)

Frustrado em sua tentativa de matar o Filho, o grande dragão vermelho lança seu ódio contra a mãe. Mas a mulher escapa para o deserto, para um lugar preparado por Deus , para ser sustentada por mil duzentos e sessenta dias.

O deserto nos lembra a fuga de Israel do Egito no Antigo Testamento. O povo de Deus acampou como nômade no deserto por 40 anos, onde foram fisicamente alimentados com o maná (Êxodo 16) e, espiritualmente, pelos Dez Mandamentos (Êxodo 20) e os ensinamentos de Moisés.

Os 1260 dias duraram de 538 a 1798. Durante este tempo, uma igreja poderosa mostrou sua autoridade, representada nas catedrais. Em contraste, a igreja que fugiu para o deserto, estava escondida nas cavernas do deserto e das montanhas, adorando a Deus de acordo com o que diziam suas consciências.

Se você visse um trem de passageiros, com vagões brilhantes, entrando num túnel, que tipo de trem você esperaria que aparecesse do outro lado? Seria um absurdo esperar que um trem de carga aparecesse do outro lado do túnel. Você esperaria que o mesmo trem que entrara no túnel saísse dele sem nenhuma transformação drástica.

De alguma forma, parece que a igreja que entrou no túnel no período das trevas sofreu extremas alterações. Sabendo que a verdade não muda, podemos ter certeza de que a verdadeira igreja de Deus consistia, não da maioria que seguiu as multidões, mas do remanescente que continuou fiel à verdade bíblica.

“Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra e, com ele, os seus anjos.” (Apocalipse 12:7-9)

Isto não significa que a guerra no céu tenha começado no fim dos 1260 dias, nem na época em que Jesus foi levado ao céu. Temos um parênteses aqui, sem referência direta de quando aconteceu. O Antigo Testamento mostra que a guerra começou há muito tempo. (Ezequiel 18:12-17; Isaías 14:12-14) Quando Jesus esteve na terra Ele falou sobre isto como algo ocorrido no passado. Ele disse:

“...Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago.” (Lucas 10:18)

O ponto principal de Apocalipse 12 não é quando a batalha começou, mas o fato de que o dragão foi derrotado.

“Então ouvi grande voz do céu, proclamando: Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus. Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram, e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida. Por isso, festejai, ó céus, e vós os que neles habitais. Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta.” (Apocalipse 12:10-12)

Satanás é o acusador de nossos irmãos! Seu trabalho é criticar, e ele nunca cessa de acusar o povo de Deus. Ele os acusa dia e noite. Assim como os anjos louvam a Deus constantemente, Satanás também é constante em suas acusações.

Se isso ocorreu milhares de anos atrás, porque dizer que Satanás tem pouco tempo? A palavra pouco é um termo relativo.

A palavra pouca, quando descreve quantidade, não significa a mesma coisa quando descreve distância. Significaria algo totalmente diferente se fosse usada para descrever a pouca distância entre duas galáxias. Originalmente, foi oferecida a Satanás a vida eterna. Em comparação, os poucos milhares de anos que ele tem na terra são “poucos”. Quanto mais próximos chegamos do fim, menos tempo lhe resta.

“Quando, pois, o dragão se viu atirado para a terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho varão; e foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que voasse até o deserto, ao seu lugar, aí onde é sustentada durante um tempo, tempos e metade de um tempo, fora da vista da serpente.” (Apocalipse 12:13,14)

Esta linguagem vem do Antigo Testamento. Quando os israelitas escaparam do cativeiro egípcio, Moisés disse que Deus os tinha levado sobre “asas de águias”. (Êxodo 19:4) Deus os tinha conduzido em Seus eternos braços. Esses mesmos poderosos braços de amor de Deus ainda nos protegem. (Deuteronômio 33:27)

“Então a serpente arrojou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, a fim de fazer com que ela fosse arrebatada pelo rio.” (Apocalipse12:15)

Na linguagem profética as águas representam povos. (Apocalipse 17:15) Grandes exércitos foram organizados por Roma com o objetivo de perseguir.

Que dilúvio de perseguições! Três milhões de pessoas deram suas vidas pela fé que aceitaram! Infelizmente, não foi só a Roma pagã que foi usada pelo inimigo para atacar os seguidores fiéis de Deus. A igreja matou mais cristãos do que os pagãos! Nenhuma outra instituição na terra derramou mais sangue que a igreja.

Os leais valdenses, que se escondiam nas cavernas, liam a Bíblia e guardavam o sábado, foram caçados como animais. No ano de 1208 foi organizada uma cruzada contra eles. Em um ano, um milhão deles foram mortos. Qual foi seu crime? Foi o mesmo de João. Eles obedeciam a Deus. Eles estudavam Sua palavra. Eles liam a Bíblia. Eles guardavam o sábado. E isso custou suas vidas.

De 1540 a 1580, 900 mil cristãos morreram por obedecerem suas consciências. Durante a inquisição, 150 mil foram mortos.

“A terra, porém, socorreu a mulher; e a terra abriu a boca e engoliu o rio que o dragão tinha arrojado de sua boca.” (Apocalipse 12:16)

Se as águas representam uma população densa, a terra representaria o oposto. Áreas relativamente inabitadas, onde os cristãos puderam encontrar alívio na perseguição, foram descobertas. Eles fugiram para os vales das montanhas dos Alpes, e mais tarde para a América do Norte. Dessa forma a terra ajudou a mulher.

A terra abriu sua boca! Foi através da boca da serpente que as primeira mentiras foram contadas, e desde então, uma enxurrada de falsas doutrinas tem saído da boca da serpente. Mas a terra engoliu muito mais daquela água através de estudos de arqueologia e geologia. A arqueologia fornece evidências da terra que ajudam a estabelecer a exatidão histórica da Bíblia. A geologia fornece evidências, tais como a falta de certos fósseis, a presença de deformidades, e a intensa complexidade até mesmo das formas de vida mais simples, que ajuda a expor a falência do evolucionismo.

“Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus.” (Apocalipse 12:17)

Aqui temos duas marcas que identificam a igreja. Uma igreja em especial está identificada: a que guarda os mandamentos de Deus (não 9, mas todos os 10), e tem o testemunho de Jesus. A obediência ainda é o teste, e o inimigo ataca o povo que obedece! Milhões de cristãos sofrem por sua obediência a Deus. O dragão está com raiva. Se você obedece a Deus, Satanás o atacará com todos os seus anjos.

Qual o significado de remanescente? A maioria das mulheres conhece bem este termo. A sra. Jones comprou um tecido para fazer um vestido. Ela achou que tinha o suficiente para o modelo escolhido, mas quando o vestido estava quase acabado, ela percebeu que não seria o suficiente. Voltou à loja onde havia comprado o tecido, mas todo ele tinha sido vendido. Em outra loja ela encontrou um tecido azul de mesma tonalidade, mas o tipo era diferente. Ela foi a outra loja e encontrou o mesmo tipo, mas a tonalidade não era a mesma. Quando ela estava prestes a desistir, uma vendedora lhe disse: “Tenho um remanescente que acredito ser idêntico ao seu tecido”. Ao comparar as duas peças, não restou dúvida. Combinavam perfeitamente.

O remanescente deve ser idêntico à primeira parte do rolo. Da mesma forma, a igreja remanescente deve ser idêntica à original. Através do período das trevas muitas doutrinas pagãs foram introduzidas, furtivamente, no cristianismo. João, na Ilha de Patmos vê um remanescente, que ensina a mesma doutrina que saiu dos lábios de Jesus.

Deus sempre teve aqueles que Lhe foram fiéis. Numa época de rebelião e desintegração social, que levou ao Dilúvio, Noé e sua família foram os remanescentes de Deus. Elias permaneceu fiel em meio à infidelidade, e descobriu que o povo remanescente era maior do que ele esperava. Deus ainda tem um remanescente fiel.

Quem é a Descendência da Mulher? Aqui temos uma semelhança impressionante na linguagem deste verso e a de Gênesis 3:15.

“Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” (Gênesis 3:15)

A voz da serpente era a voz de Satanás. A promessa de Deus implicava hostilidade entre a mulher e Satanás, e entre a descendência da mulher e a descendência de Satanás.

A palavra descendência pode aparecer tanto no plural como no singular. A descendência da serpente significaria que Satanás teria “filhos” que agiriam como ele. Eles também seriam acusadores dos crentes. Jesus disse:

“Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.” (João 8:44)

A mulher também teria filhos, e Deus prometeu amparar e encorajar todos os que quisessem resistir aos filhos do diabo.

Este capítulo fala de uma profecia sublime de que um dia um Filho chegaria, e embora muito ferido na batalha, derrotaria o diabo. Jesus tomou a forma humana, tornando-se um de nós, submetendo-se temporariamente à morte (Ele deixou que Satanás lhe ferisse o calcanhar), assim Ele poderia destruir Satanás permanentemente (feriria Satanás na cabeça).

Se você decide sempre obedecer a Deus, guardar seus mandamentos, você está declarando guerra ao inimigo do povo de Deus. Você estará se unindo ao grupo daqueles que, como João, desejaram viver por Cristo, e até mesmo morrer por Ele. Muitos, no passado, preferiram perder suas vidas a ceder às tentações do mal.

Marchando no exército do povo fiel de Deus estava John Huss. Huss recusou-se a desistir de sua fé. O diabo o odiava e o atacou de todas as formas possíveis. Ele foi preso e queimado num poste. Mas enquanto queimava, ele cantava hinos de louvor a Deus, até que as chamas silenciaram sua voz.

Até mesmo seus inimigos ficaram impressionados com sua atitude heróica. Um papista zeloso, ao descrever o martírio de Huss, e de Jerônimo, que morreu logo depois, disse: “Ambos estavam em plena consciência conforme suas últimas horas se aproximavam. Eles se prepararam para o fogo como se estivessem se preparando para uma festa de casamento. Eles não proferiram nenhum grito de dor. Quando as chamas aumentaram, eles começaram a cantar hinos; e a veemência do fogo quase não pôde impedir seu canto.”

Quando o corpo de Huss já havia sido totalmente consumido, suas cinzas, junto com a terra em que estavam, foram reunidas e lançadas no rio Reno, e assim levadas até o oceano. Seus perseguidores pensaram, em vão, que tinham enterrado as verdades que ele pregava. Eles mal sabiam que as cinzas que foram carregadas até o mar seriam como sementes espalhadas por todos os países da terra; que em terras ainda desconhecidas gerariam frutos para o testemunho da verdade.

Observando tudo isso estava Jerônimo. Jerônimo decidiu tomar o lugar de John Huss. Jerônimo também, foi atacado e preso. Ele ficou desanimado e rendeu-se à fé católica, aceitando a ação do concílio que condenava as doutrinas de Wycliff e Huss. Jerônimo não podia silenciar a voz da consciência, e quando viu com mais clareza o que tinha feito, novamente ficou do lado da verdade.

Logo foi levado novamente diante do concílio. Sua submissão não deixara os juízes satisfeitos. Sua sede de sangue, estimulada pela morte de Huss, clamava por novas vítimas.

Ele apelou aos juízes com as seguintes palavras:

“Vós me mantivestes calado por trezentos e quarenta dias numa prisão assustadora, em meio à sujeira, ao mal cheiro, e passando por provações. Agora trazem-me a vossa presença, e dando ouvido aos meus inimigos mortais, vos recusais a ouvir-me. Se realmente fordes homens sábios, e a luz do mundo, tenhais cuidado para que não pequeis contra a justiça. Quanto a mim, sou apenas um fraco mortal; minha vida tem pouca importância; e quando vos peço que não deis uma sentença injusta, falo mais por vós do que por mim mesmo.”

Foi-lhe dada uma sentença de condenação. Ele foi levado ao mesmo lugar onde Huss entregou sua vida. Ele cantou durante todo o caminho, seu semblante estava iluminado de alegria e paz. Seu olhar estava fixo em Cristo, e para ele, a morte perdeu seu terror. Quando o executor, um jovem que iria acender a fogueira, parou atrás dele, o mártir exclamou: “Venha até a frente com coragem; acenda o fogo diante de meu rosto. Se eu estivesse com medo, não estaria aqui”.

Suas últimas palavras, proferidas quando as chamas o atingiram, foram uma prece. “Senhor, Pai Todo Poderoso, tenhas piedade de mim, e perdoa meus pecados, pois sabes que sempre amei Tua verdade”. Sua voz cessou, mas seus lábios continuaram a se mover em oração.

Hoje Satanás ainda está furioso com aqueles que guardam os mandamentos de Deus. Quando você decide unir-se ao grupo daqueles que guardam os mandamentos de Deus, está declarando guerra contra Satanás e seu exército! Esta não é uma decisão para covardes! Você tem coragem de lutar pelo que é certo? Você pode dizer: “Deixe que tentações e provas venham, não tenho medo”? Você tem o desejo de dizer, como Jerônimo: “Acenda o fogo diante de mim. Se eu estivesse com medo não estaria aqui”? Deus chama hoje pelo povo que deseja lutar pelo que é certo. Onde está você?

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