20 de janeiro de 2011

O TERCEIRO SELO DO APOCALIPSE

O cristianismo estendeu-se de Jerusalém para a Judeia, de Samaria até aos confins da Terra, vitorioso e para vencer (Atos 1:8). Paulo disse: “o mundo inteiro – tal como ele o conhecia – tinha ouvido o evangelho (Colossenses 1:6,23). Os opositores diziam que o cristianismo tinha “transtornado o mundo” (Atos 17:6).
1. Qual era a cor e o simbolismo sob o terceiro selo?
Rª: “E, havendo aberto o terceiro selo, ouvi dizer ao terceiro animal: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo preto, e o que sobre ele estava assentado tinha uma balança na mão.” Apocalipse 6:5
Nota explicativa: O termo “Vem” que é regularmente pronunciado nos primeiros quatro selos, não pode estar a referir-se a João e, a aplicação que se possa fazer ao cavalo só pode ser em parte. Na verdade, o “Vem” dirige-se ao Cordeiro e concerne a vinda de Jesus Cristo. O verbo grego “erkhestai” é na verdade o termo técnico para designar a vinda de Cristo. É a mesma forma imperativa, “erkhou”, que aparece na conclusão do livro para exprimir a oração suplicante (Apoc. 22:7,20).
2. Qual é o significado da “balança na mão”? (Apoc. 6:5)
Rª: Na língua original o termo balança é “zugós” ou “jugo”, pela semelhança com os braços da balança (muito semelhante ao jugo que é colocado sobre os bois). Pode considerar-se que este símbolo descreve a condição espiritual dentro da Igreja depois da legalização do cristianismo no século IV, quando a Igreja e o Estado se uniram. Depois dessa união, a Igreja preocupou-se especialmente com os assuntos seculares e, em muitos casos produziu-se uma falta de espiritualidade. Esta balança tem também uma relação com a preocupação desmesurada com as coisas materiais.
3. A que está associado o “preto”? (cavalo preto)
Rª: Esta profecia do terceiro selo visa o tempo quando a Igreja (538-1517) está tão preocupada pelo êxito temporal que negligencia de nutrir o povo espiritualmente. Neste texto, o cuidado económico (símbolo da balança) e material sugere o grão de trigo que é medido e o dinheiro que compra. Há uma ambivalência e evoca a atenção material da Igreja e a fome espiritual dos cristãos; um acompanha, naturalmente, o outro.
4. Em que período se enquadra o terceiro selo?
Rª Como já foi sugerido, é o tempo em que a Igreja se afirma como poder temporal, tendo um território. A Itália acaba de ser liberta do poder ariano (538 d.C.,). A Igreja pode instalar-se sem obstáculos. Como o faz notar Y. Congar: “as bases de uma visão hierárquica e de descendência, e finalmente teocrática do poder". (Y. Congar, L´Eglise de saint Augustin à l´époque moderne, Paris, 1970, p.32). Gregório o Grande (590-604) é considerado como o primeiro papa “ao acumular as funções, os deveres, e as responsabilidades de chefe de Estado e da Igreja” (J. Isaac, Genèse de l´Antisémitisme, Paris, 1956, p. 196).
Nota: É por esta altura que oficialmente se estabelece o papado como descendente de Pedro e, daí em diante tem prosseguido a sucessão; nem Cristo, nem Pedro falaram de tal assunto - não se encontra nas Sagradas Escrituras - por isso, não tem o selo de Divino (Daniel 7:25).
5. Qual é a consequência deste poder temporal e politico?
Rª: A Igreja perde o contato com o estudo da Bíblia. A instituição e a tradição suplantam pouco a pouco a referência ao verbo inspirado das Escrituras. Esta lição da história da Igreja fala ainda nos nossos dias e soa como aviso contra todas as Igrejas que se instalam. Sempre que a Igreja focaliza os seus esforços na estrutura a consequência é a pobreza espiritual do povo. A história mostra também, quando a Igreja afirma a autoridade como verdade. O dogma substitui o estudo da Palavra de Deus. Deste modo surge a intolerância e a opressão.
6. Que diz o verso seguinte?
Rª: “E ouvi uma voz, no meio dos quatro animais, que dizia: Uma medida de trigo por um dinheiro, e três medidas de cevada por um dinheiro, e não danifiques o azeite e o vinho.” Apocalipse 6:6.
Nota explicativa: A voz ordena: “não danifiques o azeite e o vinho.” Esta restrição de não danificar o azeite e o vinho torna-se inesperada. Normalmente, a oliveira e a vinha, têm raízes mais profundas que os cereais, por isso, resistem melhor à seca e sobrevivem ao trigo e à cevada. por outro lado, a distinção por um lado do grão, e por outro lado o óleo e o vinho, referem uma aplicação simbólica separada, e se interpretarmos cada um destes três produtos no sentido espiritual a Escritura dá o seguinte:
O grão do qual se faz o pão simboliza a Palavra de Deus (Deut. 8:3; cf. Mat. 4:4; João 6:46-51; Neemias 9:15; Salmo 146:7).
O óleo simboliza o Espírito Santo (Salmo 45:8; Zacarias 4:1-6).
O vinho simboliza o sangue de Jesus Cristo (Lucas 22:20; 1ª Cor. 11:25).
Conclusão: A profecia do terceiro selo, por qualquer ângulo que se queira analisar a conclusão é sempre a mesma; a fome e a seca de ordem espiritual ela tem evidência na Palavra de Deus, mas também, o Espírito Santo, bem como o sangue de Jesus Cristo, foram retirados da refeição espiritual que deveria alimentar o povo. A Igreja perdeu o sentido da sua vocação; ela deixou de cuidar das necessidades espirituais e teológicas dos fiéis. O povo deixou de ser alimentado com o pão do Céu, em vez, deu-se-lhe “palha” (tradições, abominações pagãs). Esta atitude ainda hoje se percebe na Igreja romana e nas que se lhe submetem.
Qual é o verdadeiro pão do Céu? “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.” João 17:17

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