28 de outubro de 2009

AS 7 TAÇAS: O ARMAGEDOM

Esta parte da visão retém a atenção do profeta João. Depois de uma breve lua-de-mel durante a qual todos os poderes se unem para governar em conjunto sob a autoridade da besta (Ap. 17:13, a batalha do Armagedão explode (Ap. 17:14). Os exércitos da terra serão vencidos pelo Cordeiro (Ap. 17:14).
É então que num profundo sentimento de frustração, os reis da terra, decepcionados por aquela que eles tinham adulado e coroado (Ap. 17:17,18), revoltam-se contra ela. Foi esta insubordinação dos dez chifres (os reis da terra) mostrada ao profeta de Patmos: “E os dez chifres que viste, e a besta, estes odiarão a prostituta e a tornarão desolada e nua, e comerão as suas carnes, e a queimarão no fogo.” (Ap. 17:16).
Curiosamente, não nos é dito nada sobre o seu destino. A profecia concentra-se por instantes sobre o julgamento de Deus sobre estes que se revoltam e que são o alvo do julgamento, conclui com uma simples constatação: “...Caíu! caiu, a grande Babilónia.” (Ap. 18:2). Esta proclamação do anjo faz paralelo, palavra por palavra sobre o anúncio do segundo anjo que tinha gritado sobre a terra no momento em que a história da terra tocava o seu fim (Ap. 14:8). A repetição da mensagem é um sinal que a profecia cumpre-se na terra. Isto não pode ser de outro modo, porque é o próprio Deus que “em seu coração incutiu Deus que realizem o seu pensamento...até que se cumpram as palavras de Deus.” (Ap. 17:17).
Como no passado e a propósito do endurecimento do coração de Faraó, Deus toma sobre Ele próprio toda a responsabilidade dos acontecimentos – como um desafio irónico à vontade de independência de Babel, mas também para marcar o carácter definitivo desta iniquidade que atinge o seu ponto sem retorno. Esta verdade está registada até no tom da passagem como se fosse uma máquina calculadora, um computador com um programa preciso e irrevogável.
Em contraponto a esta palavra séria e dura, o texto profético está tecido de paradoxos e ironias. A bela, tão vaidosa e pretensiosa dos seus direitos, vestida de vestes extravagantes, ornamentada com ouro e pedras preciosas (Ap. 17:4) “tendo na mão” com toda a elegância e boas maneiras “um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícies da sua prostituição” (Ap. 17:4). Está sentada com pose de rainha sobre uma besta hedionda dela fluem “nomes de blasfémia” (Ap. 17:3) tais: BABILÓNIA, A GRANDE, A MÃE DAS MERETRIZES E DAS ABOMINAÇÕES DA TERRA” (Ap. 17:5). Esta a “bela e o monstro” funde-se com a própria besta, ou seja, entra a besta e a personagem que sobre ela está sentada não há diferença (Ap. 17:17,18); e portanto, é da parte da besta que ela receberá o golpe fatal (Ap. 17:16). “A bela e o monstro” é também o lugar de Babel. E ao intitular-se “Babilónia, a Grande”, ei-la arrastada no deserto, transformada em deserto completamente devastado (Ap. 18:2).
Na realidade, toda esta linguagem cheia de aparentes contradições traduz uma filosofia bem definida da história. Para além dos imbróglios políticos e das intenções maléficas que têm a sua inspiração no terreno, Deus controla tudo e faz com que termine segundo os Seus desígnios. Pode dizer-se que a história tem um sentido; mesmo sem depender de Deus e contra Deus, ela não se acabará como se fosse um acidente absurdo e trágico. É ao mesmo tempo uma afirmação da justiça de Deus e uma âncora de esperança. Deus o/a abençoe querido/a amigo/a em Jesus.

27 de outubro de 2009

AS 7 TAÇAS: O ANÚNCIO DA QUEDA DE BABILÓNIA

Ouvi outra voz do céu dizer: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos sete pecados, e para que não incorras nas suas pragas. (Ap. 18:4)

Deus tem sempre dado aos homens advertências dos juízos por vir. Aqueles que tiveram fé na mensagem por ele enviada para o seu tempo, e agiram segundo a sua fé, em obediência aos Seus mandamentos, escaparam aos juízos que caíram sobre os desobedientes e incrédulos.” (D.T.N., 634)

Este apelo já tinha sido registado pelo profeta Jeremias. Visava naquela época os israelitas exilados em Babilónia, para os exortar a deixar a cidade (Jer. 51:45). As razões dadas então, reportavam-se ao futuro e ao presente. Era uma exortação para escapar à cólera de Deus e permitir o retorno ao país (Jer. 50:9, cf. Isaías 48:20); aplicava-se igualmente ao presente, para os proteger da influência nefasta e corruptora da idolatria (Jer. 51:47,52).
O mesmo apelo tinha ressoado por várias vezes durante a história de Israel. Abraão o tinha ouvido em Ur da Caldeia (Gén. 12:1), Lot em Sodoma (Gén. 19:12), os Israelitas no Egipto (Ex. 12:31). No Novo Testamento, os cristãos forma igualmente interpelados (2Cor. 6:14; Ef. 5:11; 1Tim. 5:21). É a mensagem para soltar as estacas e de caminhar para novos horizontes.
O grito do céu, que ressoa sobre a praça de Babilónia, está emprenhado da mesma inquietação e da mesma súplica de Deus. não se trata de abandonar um lugar e imigrar para outro lugar.
Desde a queda de Babilónia histórica, o apelo de sair de Babilónia não é necessariamente acompanhado de se transferir para um outro lugar, de comprar um bilhete de avião e ir para outro país.
Babilónia está em todo o lugar. Trata-se de uma instituição religiosa que marcou com o seu selo gerações de cristãos. Não é o facto de se ter deixado a Igreja católica que se deixou Babilónia. Babilónia, é, está para além dos seus limites físicos, é uma mentalidade, é uma cultura de hábitos e de erros que se transmitiram e se herdaram nos diversos meios religiosos.
Sair de Babilónia significa cessar de fazer da porta de Deus (Babel), de substituir Deus pela organização eclesiástica, e de suplantar a fé por negociações de carácter político/comercial.
Sair de Babilónia, é ao mesmo tempo desembaraçar-se de todos os preconceitos e orgulho. É por exemplo curar-se da crítica aos outros e centrar-se em si mesmo. Sair de Babilónia, é para o cristão lembrar-se das bases fundamentais da fé bíblica.
Sair de Babilónia, é ter a coragem de colocar em causa as suas ideias recebidas das tradições; é ser capaz de abrir-se à verdade eterna de Deus, mesmo se ela entra em conflito com os seus próprios interesses; é correr o risco de crer noutra coisa bem diferente daquela que se recebeu de forma natural pela educação ou nascimento.
Sair de Babilónia, é pois, todo um programa de conversão. Isto é importante, está em jogo a nossa salvação. Sair de Babilónia impõem-se como a única saída possível para escapar ao massacre, mas também para redescobrir a sua própria identidade no país da promessa.
É um apelo à esperança que é lançado nas ruas de Babilónia, quando a cidade ainda se agita com todas as fibras da vida, um apelo que nos concerne a todos.

25 de outubro de 2009

ARMAGEDOM; LAMENTAÇÕES SOBRE BABILÓNIA

9 E os reis da terra, que com ela se prostituíram e viveram em delícias, sobre ela chorarão e prantearão virem quando, uma fumaça do seu incêndio;
10 E, estando de longe por medo do tormento dela, dirão: Ai! ai da grande cidade, Babilônia, uma cidade forte! pois numa só hora veio o teu julgamento.
11 E sobre ela choram e lamentam os mercadores da terra, porque ninguém mais compra as suas mercadorias:
12 Mercadorias de ouro, de prata, de pedras preciosas, de pérolas, de linho fino, de púrpura, de seda e de escarlata, e toda espécie de madeira odorífera, e todo objeto de marfim, de madeira preciosíssima, de bronze, de ferro e de mármore;
13 E canela, especiarias, perfume, mirra e incenso, e vinho, azeite, flor de trigo e farinha; e gado, ovelhas, cavalos e carros, e escravos, e até almas de homens.
14 Também os frutos que a tua alma cobiçava foram-se de ti; E todas as coisas delicadas e sumptuosas se foram de ti, e nunca mais se acharão.
15 Os mercadores destas coisas, que por ela se enriqueceram, ficarão de longe por medo do tormento dela, chorando e lamentando,
16 Dizendo: Ai! ai da grande cidade, da que estava vestida de linho fino, de púrpura, de escarlata, e Adornada com ouro, e pedras preciosas, pérolas e! Porque numa só hora foram assoladas tantas riquezas.
17 E todo piloto, e todo o que navega para qualquer porto e todos os marinheiros, e todos os resultados obtêm que no mar Puseram se de longe;
(Ap. 18:9-17).
Como convencer? A voz no céu continua o seu argumento dissipando toda uma ilusão a propósito do futuro depois da queda de Babilónia. A terra está agora mergulhada no mais completo lamento (Ap. 18:9-19). O período pós-babilónico e perspectivas sem. Os reis da terra (Ap. 18:9), os mercadores da terra (Ap. 18:11), todos os navegantes (Ap. 18:17), tantos quantos sombra aproveitaram para fazer riqueza à / Protecção dela estão agora sem lucros , perderam choram por causa de todas as coisas que. O pior é que eles Próprios estão na causa da queda de Babilónia. Foram eles que levaram até à uma fogueira (Ap. 17:16). Agora qual criança mimada e caprichosa reclama o seu brinquedo depois de o ter partido, os amantes de Babel esforçam-se em vão.
Este comportamento é (inexplicavelmente) irracional. Digo, inexplicavelmente, de facto tem explicação e esta é que os comportamentos equilibrados têm Deus como inspirador. Ora os habitantes da terra continuam por reflexo a adorar Babilónia, apesar da sua ausência. Os seus lamentos conservam um carácter da adoração de outrora. A prova disto está na exclamação "cidade que se compara à grande cidade" (Ap. 18:18). Há aqui o retomar da antiga fórmula de adoração à besta, "Quem é semelhante à besta" (Ap. 13:4); é também sobre um parentese "Quem é igual a Deus" usado pelos Israelitas no Antigo Israel na adoração ao Altíssimo (Êxodo 15 : 11,12; Miquéias 7:18).
Trata-se de um pranto verdadeiramente extraordinário que a palavra Armagedom anunciava: Um pranto sobre um deus, tal como aquele de Hadade Rimon. Com uma diferença, este deus que é chorado não é da mesma natureza que aquele das religiões cananitas, este era um deus da fertilidade. Este que agora é chorado, não está relacionado com o movimento das estações. Este deus não ressuscitará na Primavera.
Contrariamente às lamentações fúnebres tradicionais (Samuel 1:18-27), estas não se manifestam pela revolta ou pelo consolo. Esta história termina de forma trágica e sem esperança. Para representar uma queda da "grande Babilónia" é lançada por um anjo uma grande "pedra como uma grande pedra de moinho", ao mar: "Assim, com ímpeto, será arrojada Babilónia, uma cidade grande, e nunca jamais será achada." (Ap. 18:21).
O profeta Jeremias tinha tido o mesmo gesto para simbolizar a queda de Babilónia histórica. Obedecendo à ordem de Deus ele tinha lançado uma pedra no Eufrates "E acabando tu de ler este livro, atar-lhe-ás uma pedra e a lançarás no meio do Eufrates; e dirás: Assim será submergida Babilónia, e não se levantará, por causa do mal que vou trazer sobre ela; e eles se cansarão. "(Jr 51:63,64). O gesto é a intenção são os mesmos. Só o Objecto lançado É Diferente ". Desta vez, é uma pedra sem nome, uma pedra ordinária que representa Babilónia. O detalhe é importante, porque representa uma pedra com um nome espiritual Babilônia, e isto é também mencionado como um sinal de vida (Ap. 18:22). O facto que seja lançada uma pedra de moinho, demonstra que não haverá mais ninguém para um JAF, não haverá mais vida. A pedra de moinho era tão Necessária que a lei de Moisés proibia que fosse penhorada ", pois se penhoraria, assim a vida." (Deut. 24:6).
Acresce a isto o facto que uma pedra "grande" também é muito mais pesada que uma pedra vulgar. Será preciso um cavalo ou um burro para um virar. Decorre, que é Necessário "um anjo poderoso" (Ap. 18:21). A grande pedra de moinho afunda-se de forma mais profunda nas águas. O anjo comenta mesmo que ela é lançada "com ímpeto" (Ap. 18:21). Notemos por outro lado que é o mar e não um simples um ribeiro que recebe.
Todos estes detalhes convergem para sublinhar o carácter definitivo da queda de Babilónia. O Pranto sobre Babilónia é definitivo.
E nisto reside um Consolação.
Porque não há mais nada temer um, não mais em perspectiva Reincidência. E esta segurança traz nova, se nos lembrarmos que "nela se achou sangue de profetas, de santos e de todos os que foram mortos sobre a terra." (Apoc. 18:24). O Apocalipse recebe este acontecimento com uma emoção intensa. A alegria do julgamento justo mistura-se com a esperança da garantia.
Perguntamos: não porque Deus fez justiça quando o processo começou mal faz? O Apocalipse traz uma resposta, Deus tem o tempo certo para fazer justiça com tudo e da Misericórdia, ambas se beijam. Louvado seja o Altíssimo. Amem.

16 de outubro de 2009

APOCALIPSE: O TESTEMUNHO DE JESUS E O ESPÍRITO DE PROFECIA - II

“Então me lancei a seus pés para adorá-lo, mas ele me disse: Olha, não faças tal: sou conservo teu e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus; adora a Deus; pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia.” (Ap. 19:10)
A felicidade é contagiosa. A bênção maior de participar na festa reside no facto de convidar todos a nela participar.
Assim que João ouviu as palavras, prostra-se aos pés do anjo “para o adorar” (Ap. 19:10). A reacção do profeta é surpreendente. É o gesto de alguém que perdeu a postura, não se contém, tais os sentimentos que o invadem. O anjo por seu lado, apressa-se a lembrar-lhe que é apenas “conservo no serviço”. Só a Deus é devida a adoração. E para fundamentar o seu argumento, o anjo justifica-se dando razões que parecem à priori fora de contexto, “porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia.” (Ap. 19:10)
Esta declaração mais parece um enigma. Ela é encontrada de novo na conclusão do livro, integrada no mesmo sentido. Também aqui, segue-se uma bem-aventurança pronunciada pelo anjo e o profeta deixa-se de novo levar pela mesma emoção. Tem que ser exortado outra vez “sou teu companheiro no serviço”. O paralelismo entre as duas passagens permite decifrar a intenção do enigma: Comparar Apocalipse 19:10 com Apocalipse 22:8,9.
“Os que têm o testemunho de Jesus” corresponde “àqueles que guardam as palavras deste livro”. Por outras palavras, “o testemunho de Jesus” significa “este livro” (Ap. 22:9), quer dizer; o Apocalipse. Testemunhar de Jesus significa levar a mensagem do Apocalipse; é anunciar as profecias que concernem à salvação final do Universo. A expressão “testemunho de Jesus” deve ser compreendida no sentido de um testemunho que procede do próprio Jesus (em grego genitivo subjectivo). O “testemunho de Jesus” é aqui identificado com o “espírito de profecia”, ou seja, a inspiração do Alto é um fenómeno profético.
O texto indica explicitamente, “o testemunho de Jesus é o espírito de profecia” (Ap. 19:10). Não se pode reduzir o testemunho a uma simples ética ou a uma tradição cultural, é necessário a visita do Espírito de Jesus.
Por outro lado, numa outra passagem, o Apocalipse associa o testemunho de Jesus ao dever de observar os mandamentos de Deus (Ap. 12:17). Guardar os mandamentos de Deus, viver segundo os critérios do Altíssimo, é de facto confirmar a profecia. O “testemunho de Jesus” deve portanto compreender um sentido de testemunho sobre Jesus; é testemunhar de Jesus (em grego, genitivo objectivo). Uma vida moral e atenta ao caminho traçado por Deus, é sinal do espírito de profecia e de verdadeira inspiração do Senhor. Não se pode pretender ter inspiração profética sem esta manifesta prova de vida, sem um esforço em conformidade aos princípios do reino que é anunciado. O fanatismo, e os excessos religiosos frequentemente praticados em nome de uma autoridade “profética” fazendo apelo a uma ética e ao radicalismo são aqui excluídos. A expressão “testemunho de Jesus” deveria portanto ser tomada nos dois sentidos: “assim como o testemunho de Cristo foi confirmado entre vós” (1ª Cor. 1:6); 1) confirmado por Jesus; 2)confirmado pela Igreja.
Não é por acaso que o Apocalipse vê neste “testemunho de Jesus e o espírito de profecia” um traço fundamental “ao resto da sua semente” (Ap. 12:17). O que caracteriza as últimas testemunhas que estão sob a atenção de Deus, não é só a sua fidelidade que permaneceu a todos os desvios e a todos os esquecimentos, mas igualmente o milagre da palavra profética que os visita e continua a visitar para os iluminar no caminho nos últimos momentos da história.
Oro para que sinta a alegria que me invade em Jesus.

15 de outubro de 2009

APOCALIPSE: AS BODAS DO CORDEIRO - I

LER O TEXTO BÍBLICO:
“1 Depois destas coisas, ouvi no céu como que uma grande voz de uma imensa multidão, que dizia: Aleluia! A salvação e a glória e o poder pertencem ao nosso Deus;
2 porque verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande prostituta, que havia corrompido a terra com a sua prostituição, e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos.
3 E outra vez disseram: Aleluia. E a fumaça dela sobe pelos séculos dos séculos.
4 Então os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes prostraram-se e adoraram a Deus que está assentado no trono, dizendo: Amém. Aleluia!
5 E saiu do trono uma voz, dizendo: Louvai o nosso Deus, vós, todos os seus servos, e vós que o temeis, assim pequenos como grandes.
6 Também ouvi uma voz como a de grande multidão, como a voz de muitas águas, e como a voz de fortes trovões, que dizia: Aleluia! porque já reina o Senhor nosso Deus, o Todo-Poderoso.
7 Regozijemo-nos, e exultemos, e demos-lhe a glória; porque são chegadas as bodas do Cordeiro, e já a sua noiva se preparou,
8 e foi-lhe permitido vestir-se de linho fino, resplandecente e puro; pois o linho fino são as obras justas dos santos.
9 E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. Disse-me ainda: Estas são as verdadeiras palavras de Deus.
10 Então me lancei a seus pés para adorá-lo, mas ele me disse: Olha, não faças tal: sou conservo teu e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus; adora a Deus; pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia.” (Ap. 19:1-10; cf.4:5).
Como em cada prelúdio a um ciclo de sete, a visão pára sobre uma cena de adoração. Esta introdução está relacionada com a dos sete selos; são encontrados os mesmos temas: o trono celeste, os vinte e quatro anciãos, os quatro seres vivo e o cordeiro. Desta vez, o que está sentado sobre o trono é claramente identificado: “Deus que está assentado no trono” (Ap. 19:4). É a última liturgia.
Pela primeira vez, nem templo nem nenhum dos móveis ou objectos que se encontravam neste lugar, são mencionados. Todos os ritos da expiação que deveriam cumprir-se no templo estão terminados, por esta razão o templo já não tem razão de ser. o ritual do Yom Kipur (Dia da Expiação), os bodes emissários que faziam parte dos sacrifícios (Levíticos 16:9-10,20-26), estes tipos encontraram o cumprimento, o bode por Azazel (bode enviado para o deserto carregando os pecados, tipo de Satanás) foi lançado no “deserto” (os mil anos), o povo no cumprimento do Yom Kupur, ficava completamente liberto do mal.
Na perspectiva profética, a lição é de grande riqueza e de esperança. Deus não se contentou em perdoar os nossos pecados graças ao sacrifício da expiação. Ele vai igualmente livrar-nos para sempre de todo o mal. O diabo, representado pelo bode emissário ou Azazel, será levado para o deserto para ser definitivamente destruído. No final da expiação levanta-se um clamor de alegria e louvor a Deus.
Nos textos acima apresentado (Apocalipse) ressoa a mais plena alegria que festeja a destruição do mal e antecipa a habitação com Deus. Babilónia caiu e os salvos preparam-se para entrar na Jerusalém celeste. A prostituta morreu, consuma-se o casamento! O céu regozija com cinco gritos da multidão: “Aleluia!” (19:1,3,4,5,6).
A expressão hebraica remonta aos cânticos dos Salmos. Alleluiah significa “louvai (hallelu) Yah” (abreviação do nome de Deus YHWH). O sentido deste louvor é sugerido pelas palavras que lhe estão associadas:
* “Cantar”, “compor uma melodia” (Salmo 146:2; 149:3).
* “Dizer, contar, proclamar” (Salmo 22:23)
* “Agradecer”, “render graças”” (Salmo 35:18; 44:9; 109:30)
* “Glorificar” (Salmo 22:24)
* “Abençoar” (Salmo115:17; 145:2)
* “Alegrar-se” (Jeremias 3:7).
É interessante notar que os antigos rabinos começaram a usar no Templo a palavra Alleluiah só a partir do Salmo 104, e particularmente a partir do versículo: “Sejam extirpados da terra os pecadores, e não subsistam mais os ímpios. Bendize, ó minha alma, ao Senhor. Louvai ao Senhor.” (Salmo 104:35).
O chamado Allel agrupa os Salmos (113-118), assim chamado por causa das numerosas aleluias que os pontuam, é o texto principal da liturgia do Yom Kipur; os Salmos eram recitados durante os dias da festa.
É o tipo de aleluia que a grande multidão do Apocalipse entoa, uma aleluia que lembra os cânticos responsos do templo de Jerusalém. A palavra Alleluiah funcionava então como uma resposta da parte dos fiéis de forma alternada com o canto dos solistas. A própria sintaxe da palavra supõe um género litúrgico. É um imperativo no plural que une a multidão no louvor a Deus.
A ALELUIA é cantada por todos, “uma grande voz de numerosa multidão, que dizia: Aleluia!” (Ap. 19:1, cf. 19:6), envolve “numerosa multidão”, os “vinte e quatro anciãos” e os “quatro seres viventes” (Ap. 19:4), representação de toda a criação; e enfim, uma voz anónima que sai do trono de Deus (Ap. 19:5).
As duas primeiras aleluias são pronunciadas pela multidão e têm um sentido (viradas) do passado. A primeira aleluia funde-se sobre o reconhecimento da justiça executada sobre a grande prostituta (Ap. 19:2). A segunda aleluia intensifica-se na emoção ao ver a “fumaça” que “sobe para todo o sempre”, significa a destruição definitiva (Ap. 19:3), implica igualmente a destruição final do mal e da morte. A expressão “para todo o sempre” ou “séculos dos séculos”, que visa a eternidade, é a mesma que se encontra em (Ap. 20:10) para designar a última fase do julgamento, na qual está implicado Satanás e que era representado pelo ritual do Yom Kipur relativo ao “bode emissário” (Lev. 16:10, 21,26).
As duas aleluias seguintes são pronunciadas pelos seres celestes (os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes) e a razão é centrada no próprio Deus, Ele próprio. O terceiro aleluia justifica-se “a Deus, que está sentado no trono,” (Ap. 19:4), quer dizer o Deus que reina e julga. A quarta aleluia é justificada sobre o temor de Deus (Ap. 19:5) que caracteriza os seres humanos, “seus servos” (Ap. 1:1).
A quinta e última aleluia ressoa mais forte que as anteriores. O profeta ouve-a “como a voz de fortes trovões,” (Ap. 19:6). Esta aleluia é decididamente voltada para o futuro. É uma antecipação do reino de Deus. “Aleluia! porque já reina o Senhor nosso Deus, o Todo-Poderoso. Regozijemo-nos, e exultemos, e demos-lhe a glória; porque são chegadas as bodas do Cordeiro, e já a sua noiva se preparou,” (Ap. 19:6-8).
Do anúncio da morte da prostituta ao anúncio das bodas com a esposa, o Apocalipse recorre uma vez mais à metáfora conjugal. O povo de Deus toma enfim o seu lugar de esposa legítima do Cordeiro.
A relação que une Deus e o Seu povo é da mesma natureza que a do casal. É uma relação de amor recíproco que se compromete na responsabilidade conjugal.
Nos nossos textos, a responsabilidade da esposa é da mesma forma sublinhada: “já a sua noiva se aprontou” (Ap. 19:7). O texto grego retoma o pronome “ela” (eauten) para colocar em realce o sujeito: “ela aprontou-se ela própria” (tradução literal).
A salvação não é de todo uma atitude passiva. Deus espera uma resposta humana. Segundo o costume, a esposa deve preparar-se para esse grande evento das bodas, cuidadosa em estar bela para agradar ao seu esposo, e conservar-se virgem para ele. A tarefa de se preparar é tão meticulosa que ela tem a necessidade da ajuda das suas amigas. Ela é coberta completamente por um véu que lhe esconde a face, este véu só será retirado na câmara nupcial. À volta da sua cintura terá uma faixa que só será desapertada pelo esposo.
Por outro lado, a profecia, diz: “Foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, resplandecente e puro.” (Ap. 19:8). Não só, o modelo e a qualidade da roupa, mas também, o acto de poder ser vestida, são lhe dados como uma graça do Alto. O “linho fino” representa aqui “os actos de justiça dos santos” (Ap. 19:8), enquanto que este linho fino era um sinal de luxo insolente para a prostituta. A simplicidade do seu vestido “resplandecente e puro” contrasta com o vestido “de linho fino, púrpura, de escarlate, e adornada com ouro, pedras preciosas e pérolas” (Ap. 18:16) da prostituta. O linho, a púrpura e os adornos são obra exclusiva da "mulher" igreja. Ela não dependeu de Deus, depende exclusivamente da sua sabedoria, da sua força, do seu agir.
A humildade e a modéstia da esposa opõe-se ao orgulho e falta de pudor da prostituta. Esta antítese confirma uma vez mais a que ponto no espírito do profeta estava bem claro, que as duas mulheres têm a mesma origem. Tal como a esposa, a prostituta participa da metáfora conjugal e da mesma referência na aliança. A mesma alegria que rompe nas ruas e os cânticos das bodas (Ap. 19:7,9) fazem contraste com a tristeza e lamentações, os gritos e as lágrimas, do próprio silêncio dos músicos (Ap. 18:10-11,16,19,22). E esta grande felicidade invade de repente a cena terrestre de João: “Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro.” (Ap. 19:9).
A esta grande felicidade são todos os homens chamados a desfrutar, você também. Aceite Jesus como seu Senhor. Diga Jesus é meu Salvador e Deus o/a abençoe.

14 de outubro de 2009

APOCALIPSE: AS VITÓRIAS DO ALTÍSSIMO

Nesta visão surpreendemos João prostrado em adoração: “Então me lancei a seus pés para adorá-lo, mas ele me disse: Olha, não faças tal: sou conservo teu e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus; adora a Deus; pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia.” (Ap. 19:10). O seu olhar está orientado além do anjo, João vê o “céu aberto” (Ap. 19:11). Até ao presente, só se ouviam vozes ou viam-se anjos; a visão era limitada. Por vezes, a visão consentia uma “porta aberta” (Ap. 11:1) ou uma visão do templo aberto (Ap. 11:19; 15:5).
Pela primeira vez João vê “o céu aberto”. A revelação pretende ser mais completa e mais generosa: os olhos perdem-se no infinito do reino celeste.
Deste horizonte alargado aparece um cavalo branco que vai levar-nos até à última batalha militar de Deus. As vitórias do Altíssimo sucedem-se ao ritmo de temas paralelas aos sete selos: