28 de outubro de 2009

AS 7 TAÇAS: O ARMAGEDOM

Esta parte da visão retém a atenção do profeta João. Depois de uma breve lua-de-mel durante a qual todos os poderes se unem para governar em conjunto sob a autoridade da besta (Ap. 17:13, a batalha do Armagedão explode (Ap. 17:14). Os exércitos da terra serão vencidos pelo Cordeiro (Ap. 17:14).
É então que num profundo sentimento de frustração, os reis da terra, decepcionados por aquela que eles tinham adulado e coroado (Ap. 17:17,18), revoltam-se contra ela. Foi esta insubordinação dos dez chifres (os reis da terra) mostrada ao profeta de Patmos: “E os dez chifres que viste, e a besta, estes odiarão a prostituta e a tornarão desolada e nua, e comerão as suas carnes, e a queimarão no fogo.” (Ap. 17:16).
Curiosamente, não nos é dito nada sobre o seu destino. A profecia concentra-se por instantes sobre o julgamento de Deus sobre estes que se revoltam e que são o alvo do julgamento, conclui com uma simples constatação: “...Caíu! caiu, a grande Babilónia.” (Ap. 18:2). Esta proclamação do anjo faz paralelo, palavra por palavra sobre o anúncio do segundo anjo que tinha gritado sobre a terra no momento em que a história da terra tocava o seu fim (Ap. 14:8). A repetição da mensagem é um sinal que a profecia cumpre-se na terra. Isto não pode ser de outro modo, porque é o próprio Deus que “em seu coração incutiu Deus que realizem o seu pensamento...até que se cumpram as palavras de Deus.” (Ap. 17:17).
Como no passado e a propósito do endurecimento do coração de Faraó, Deus toma sobre Ele próprio toda a responsabilidade dos acontecimentos – como um desafio irónico à vontade de independência de Babel, mas também para marcar o carácter definitivo desta iniquidade que atinge o seu ponto sem retorno. Esta verdade está registada até no tom da passagem como se fosse uma máquina calculadora, um computador com um programa preciso e irrevogável.
Em contraponto a esta palavra séria e dura, o texto profético está tecido de paradoxos e ironias. A bela, tão vaidosa e pretensiosa dos seus direitos, vestida de vestes extravagantes, ornamentada com ouro e pedras preciosas (Ap. 17:4) “tendo na mão” com toda a elegância e boas maneiras “um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícies da sua prostituição” (Ap. 17:4). Está sentada com pose de rainha sobre uma besta hedionda dela fluem “nomes de blasfémia” (Ap. 17:3) tais: BABILÓNIA, A GRANDE, A MÃE DAS MERETRIZES E DAS ABOMINAÇÕES DA TERRA” (Ap. 17:5). Esta a “bela e o monstro” funde-se com a própria besta, ou seja, entra a besta e a personagem que sobre ela está sentada não há diferença (Ap. 17:17,18); e portanto, é da parte da besta que ela receberá o golpe fatal (Ap. 17:16). “A bela e o monstro” é também o lugar de Babel. E ao intitular-se “Babilónia, a Grande”, ei-la arrastada no deserto, transformada em deserto completamente devastado (Ap. 18:2).
Na realidade, toda esta linguagem cheia de aparentes contradições traduz uma filosofia bem definida da história. Para além dos imbróglios políticos e das intenções maléficas que têm a sua inspiração no terreno, Deus controla tudo e faz com que termine segundo os Seus desígnios. Pode dizer-se que a história tem um sentido; mesmo sem depender de Deus e contra Deus, ela não se acabará como se fosse um acidente absurdo e trágico. É ao mesmo tempo uma afirmação da justiça de Deus e uma âncora de esperança. Deus o/a abençoe querido/a amigo/a em Jesus.

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