15 de outubro de 2009

APOCALIPSE: AS BODAS DO CORDEIRO - I

LER O TEXTO BÍBLICO:
“1 Depois destas coisas, ouvi no céu como que uma grande voz de uma imensa multidão, que dizia: Aleluia! A salvação e a glória e o poder pertencem ao nosso Deus;
2 porque verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande prostituta, que havia corrompido a terra com a sua prostituição, e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos.
3 E outra vez disseram: Aleluia. E a fumaça dela sobe pelos séculos dos séculos.
4 Então os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes prostraram-se e adoraram a Deus que está assentado no trono, dizendo: Amém. Aleluia!
5 E saiu do trono uma voz, dizendo: Louvai o nosso Deus, vós, todos os seus servos, e vós que o temeis, assim pequenos como grandes.
6 Também ouvi uma voz como a de grande multidão, como a voz de muitas águas, e como a voz de fortes trovões, que dizia: Aleluia! porque já reina o Senhor nosso Deus, o Todo-Poderoso.
7 Regozijemo-nos, e exultemos, e demos-lhe a glória; porque são chegadas as bodas do Cordeiro, e já a sua noiva se preparou,
8 e foi-lhe permitido vestir-se de linho fino, resplandecente e puro; pois o linho fino são as obras justas dos santos.
9 E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. Disse-me ainda: Estas são as verdadeiras palavras de Deus.
10 Então me lancei a seus pés para adorá-lo, mas ele me disse: Olha, não faças tal: sou conservo teu e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus; adora a Deus; pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia.” (Ap. 19:1-10; cf.4:5).
Como em cada prelúdio a um ciclo de sete, a visão pára sobre uma cena de adoração. Esta introdução está relacionada com a dos sete selos; são encontrados os mesmos temas: o trono celeste, os vinte e quatro anciãos, os quatro seres vivo e o cordeiro. Desta vez, o que está sentado sobre o trono é claramente identificado: “Deus que está assentado no trono” (Ap. 19:4). É a última liturgia.
Pela primeira vez, nem templo nem nenhum dos móveis ou objectos que se encontravam neste lugar, são mencionados. Todos os ritos da expiação que deveriam cumprir-se no templo estão terminados, por esta razão o templo já não tem razão de ser. o ritual do Yom Kipur (Dia da Expiação), os bodes emissários que faziam parte dos sacrifícios (Levíticos 16:9-10,20-26), estes tipos encontraram o cumprimento, o bode por Azazel (bode enviado para o deserto carregando os pecados, tipo de Satanás) foi lançado no “deserto” (os mil anos), o povo no cumprimento do Yom Kupur, ficava completamente liberto do mal.
Na perspectiva profética, a lição é de grande riqueza e de esperança. Deus não se contentou em perdoar os nossos pecados graças ao sacrifício da expiação. Ele vai igualmente livrar-nos para sempre de todo o mal. O diabo, representado pelo bode emissário ou Azazel, será levado para o deserto para ser definitivamente destruído. No final da expiação levanta-se um clamor de alegria e louvor a Deus.
Nos textos acima apresentado (Apocalipse) ressoa a mais plena alegria que festeja a destruição do mal e antecipa a habitação com Deus. Babilónia caiu e os salvos preparam-se para entrar na Jerusalém celeste. A prostituta morreu, consuma-se o casamento! O céu regozija com cinco gritos da multidão: “Aleluia!” (19:1,3,4,5,6).
A expressão hebraica remonta aos cânticos dos Salmos. Alleluiah significa “louvai (hallelu) Yah” (abreviação do nome de Deus YHWH). O sentido deste louvor é sugerido pelas palavras que lhe estão associadas:
* “Cantar”, “compor uma melodia” (Salmo 146:2; 149:3).
* “Dizer, contar, proclamar” (Salmo 22:23)
* “Agradecer”, “render graças”” (Salmo 35:18; 44:9; 109:30)
* “Glorificar” (Salmo 22:24)
* “Abençoar” (Salmo115:17; 145:2)
* “Alegrar-se” (Jeremias 3:7).
É interessante notar que os antigos rabinos começaram a usar no Templo a palavra Alleluiah só a partir do Salmo 104, e particularmente a partir do versículo: “Sejam extirpados da terra os pecadores, e não subsistam mais os ímpios. Bendize, ó minha alma, ao Senhor. Louvai ao Senhor.” (Salmo 104:35).
O chamado Allel agrupa os Salmos (113-118), assim chamado por causa das numerosas aleluias que os pontuam, é o texto principal da liturgia do Yom Kipur; os Salmos eram recitados durante os dias da festa.
É o tipo de aleluia que a grande multidão do Apocalipse entoa, uma aleluia que lembra os cânticos responsos do templo de Jerusalém. A palavra Alleluiah funcionava então como uma resposta da parte dos fiéis de forma alternada com o canto dos solistas. A própria sintaxe da palavra supõe um género litúrgico. É um imperativo no plural que une a multidão no louvor a Deus.
A ALELUIA é cantada por todos, “uma grande voz de numerosa multidão, que dizia: Aleluia!” (Ap. 19:1, cf. 19:6), envolve “numerosa multidão”, os “vinte e quatro anciãos” e os “quatro seres viventes” (Ap. 19:4), representação de toda a criação; e enfim, uma voz anónima que sai do trono de Deus (Ap. 19:5).
As duas primeiras aleluias são pronunciadas pela multidão e têm um sentido (viradas) do passado. A primeira aleluia funde-se sobre o reconhecimento da justiça executada sobre a grande prostituta (Ap. 19:2). A segunda aleluia intensifica-se na emoção ao ver a “fumaça” que “sobe para todo o sempre”, significa a destruição definitiva (Ap. 19:3), implica igualmente a destruição final do mal e da morte. A expressão “para todo o sempre” ou “séculos dos séculos”, que visa a eternidade, é a mesma que se encontra em (Ap. 20:10) para designar a última fase do julgamento, na qual está implicado Satanás e que era representado pelo ritual do Yom Kipur relativo ao “bode emissário” (Lev. 16:10, 21,26).
As duas aleluias seguintes são pronunciadas pelos seres celestes (os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes) e a razão é centrada no próprio Deus, Ele próprio. O terceiro aleluia justifica-se “a Deus, que está sentado no trono,” (Ap. 19:4), quer dizer o Deus que reina e julga. A quarta aleluia é justificada sobre o temor de Deus (Ap. 19:5) que caracteriza os seres humanos, “seus servos” (Ap. 1:1).
A quinta e última aleluia ressoa mais forte que as anteriores. O profeta ouve-a “como a voz de fortes trovões,” (Ap. 19:6). Esta aleluia é decididamente voltada para o futuro. É uma antecipação do reino de Deus. “Aleluia! porque já reina o Senhor nosso Deus, o Todo-Poderoso. Regozijemo-nos, e exultemos, e demos-lhe a glória; porque são chegadas as bodas do Cordeiro, e já a sua noiva se preparou,” (Ap. 19:6-8).
Do anúncio da morte da prostituta ao anúncio das bodas com a esposa, o Apocalipse recorre uma vez mais à metáfora conjugal. O povo de Deus toma enfim o seu lugar de esposa legítima do Cordeiro.
A relação que une Deus e o Seu povo é da mesma natureza que a do casal. É uma relação de amor recíproco que se compromete na responsabilidade conjugal.
Nos nossos textos, a responsabilidade da esposa é da mesma forma sublinhada: “já a sua noiva se aprontou” (Ap. 19:7). O texto grego retoma o pronome “ela” (eauten) para colocar em realce o sujeito: “ela aprontou-se ela própria” (tradução literal).
A salvação não é de todo uma atitude passiva. Deus espera uma resposta humana. Segundo o costume, a esposa deve preparar-se para esse grande evento das bodas, cuidadosa em estar bela para agradar ao seu esposo, e conservar-se virgem para ele. A tarefa de se preparar é tão meticulosa que ela tem a necessidade da ajuda das suas amigas. Ela é coberta completamente por um véu que lhe esconde a face, este véu só será retirado na câmara nupcial. À volta da sua cintura terá uma faixa que só será desapertada pelo esposo.
Por outro lado, a profecia, diz: “Foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, resplandecente e puro.” (Ap. 19:8). Não só, o modelo e a qualidade da roupa, mas também, o acto de poder ser vestida, são lhe dados como uma graça do Alto. O “linho fino” representa aqui “os actos de justiça dos santos” (Ap. 19:8), enquanto que este linho fino era um sinal de luxo insolente para a prostituta. A simplicidade do seu vestido “resplandecente e puro” contrasta com o vestido “de linho fino, púrpura, de escarlate, e adornada com ouro, pedras preciosas e pérolas” (Ap. 18:16) da prostituta. O linho, a púrpura e os adornos são obra exclusiva da "mulher" igreja. Ela não dependeu de Deus, depende exclusivamente da sua sabedoria, da sua força, do seu agir.
A humildade e a modéstia da esposa opõe-se ao orgulho e falta de pudor da prostituta. Esta antítese confirma uma vez mais a que ponto no espírito do profeta estava bem claro, que as duas mulheres têm a mesma origem. Tal como a esposa, a prostituta participa da metáfora conjugal e da mesma referência na aliança. A mesma alegria que rompe nas ruas e os cânticos das bodas (Ap. 19:7,9) fazem contraste com a tristeza e lamentações, os gritos e as lágrimas, do próprio silêncio dos músicos (Ap. 18:10-11,16,19,22). E esta grande felicidade invade de repente a cena terrestre de João: “Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro.” (Ap. 19:9).
A esta grande felicidade são todos os homens chamados a desfrutar, você também. Aceite Jesus como seu Senhor. Diga Jesus é meu Salvador e Deus o/a abençoe.

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