3 de setembro de 2009

APOCALIPSE: ABERTURA DO 6º SELO, FIM DA OPRESSÃO

APOCALIPSE 6:9-17
"...e diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos da face daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro." (Ap. 6:16)
Ao grito das vítimas esmagadas que suspiravam pela libertação de Deus faz agora eco o grito de terror dos opressores que tremem sob a cólera de Deus. a abertura do sexto selo revela o outro lado da justiça de Deus. No quinto selo, o julgamento de Deus concerne as vítimas cujo sangue derramado “... clamaram com grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano, santo e verdadeiro, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Ap. 6:10). O julgamento tinha como sentido a salvação e dava realce à cena em que o Deus da graça que dá “as vestes brancas”. Presentemente, o julgamento incide sobre (o Juízo que se inicia sobre a casa de Deus, é também juízo que recai sobre os ímpios) o opressor e põe em cena o Deus da justiça que registou as acções dos habitantes da terra.
As duas faces de Deus são complementares e sobressai a operação da salvação. Para salvar realmente, Deus deve necessariamente passar pela nova criação, com tudo o que isso possa implicar de comoção, a promessa será cumprida, mas também, de aniquilamento da antiga ordem das coisas, o reinado do pecado e do diabo.
O pecado do homem produziu um efeito que ultrapassa a sua própria esfera e repercute-se sobre todo o Universo. Este princípio fundamentalmente bíblico está enunciado desde a Criação. O homem e a natureza foram criados dependentes um do outro. Todo o crime moral ou religioso afecta todo o ambiente. A desobediência de Adão trouxe cardos e espinhos. A iniquidade dos primeiros homens teve como consequência o Dilúvio sobre a terra. A perversidade dos habitantes de Sodoma fez com que fogo e enxofre caíssem sobre a cidade. O país de Canaã engoliu os seus habitantes em consequência dos seus pecados. A mentira de Acã abre no vale onde habitam os israelitas a confusão e os juízos de Deus.
Os profetas de Israel não se cansaram de sublinhar este princípio nos seus avisos ao povo. Desde Moisés, Oseias, Isaías, Jeremias todos eles se voltaram para Israel para lembrar a sua responsabilidade sobre o cosmos. As árvores, ao animais, o próprio tempo (atmosfera), as montanhas e sobretudo os homens e as mulheres que são tocados pelo pecado e por ele afectados no mais profundo do ser.
No Novo Testamento, na morte de Jesus a atmosfera escureceu e a terra estremece, os tremores da mesma respondem ao próprio evento da agonia do Senhor.
Todo o crime contra o homem é um crime contra a humanidade inteira e contra o Universo. É portanto o céu e a terra, todos os homens que são o alvo da cólera de Deus. o Apocalipse revela este principio nas histórias gravadas na Bíblia. O olhar profético ilumina esta responsabilidade até na própria civilização laica e moderna. Os tempos do fim são descritos como sendo de alterações cósmicas em duas fases.
A primeira tem efeitos ou afecta a terra. O seu efeito é limitado ao espaço humano. É ainda o tempo da história: “E vi quando abriu o sexto selo, e houve um grande terramoto; e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua toda tornou-se como sangue; e as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira, sacudida por um vento forte, deixa cair os seus figos verdes.” (Ap. 6:12,13). Não é proibido de reconhecer que nesta quadro as catástrofes que caíram sobre o mundo entre o fim do século XVIII e o século XIX. Pensemos no Terramoto de Lisboa (1º Novembro de 1755) que fez perecer (nesta tempo) mais de 70.000 pessoas, ou seja perto da metade da população. Podemos pensar igualmente nas trevas que surpreenderam os habitantes da América, Canadá, Inglaterra, Holanda, França, Suíça e Itália por volta dos anos 1780 e 1880. Podemos considerar as chuvas meteóricas de intensidade excepcional que marcaram o período de1800 a 1900 na Europa, na América do Norte e do Sul, mas também a África e a Ásia.
Curiosamente, estes acontecimentos coincidem com o tempo identificado pelas profecias de Daniel como fim do tempo da opressão. Este período está sem dúvida marcado no calendário profético. É um momento de acalmia relativamente às perseguições promovidas pelo poder religioso ou eclesiástico. Encontramo-nos no final dos “três tempos e meio” das perseguições que fala o profeta Daniel – neste blogue encontrará estudos sobre estas profecias – (Daniel 7:25). No auge da Revolução francesa, todas as estruturas foram alteradas. A Igreja deixou de constituir uma ameaça como o tinha sido até aí (Inquisição). Os sinais cósmicos acompanham a história, tal como preditos pelas profecias, como para confirmar e investir de um novo sentido que elas iluminaram desde os tempos proféticos os acontecimentos em direcção ao fim da história terrestre do homem. Claramente é evidenciado que, da fase do tempo do fim se passa à fase do fim dos tempos.
A visão do sexto selo segue deste modo o mesmo percurso do quinto selo. Os dois selos são contemporâneos e transportam de facto sobre eles os mesmos acontecimentos, mas a partir de uma perspectiva diferente.
No quinto selo, o olhar profético incidia sobre o povo de Deus, vítimas da opressão daí resulta o grito “até quando”, associado à profecia de Daniel 8, conduziu-nos pela metade do século XIX. Depois a visão atravessou o tempo e transportou-nos para além da história humana, até ao momento em que é ouvido o grito e o julgamento finalmente concluído; os santos recebem as suas vestes brancas.
Da mesma maneira, a visão do sexto selo passa do momento marcado para o fim da opressão entre o século XVIII e o século XIX, momento em que o opressor do mal é submetido. Esta segunda fase afecta particularmente o céu: “E o céu recolheu-se como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares. E os reis da terra, e os grandes, e os chefes militares, e os ricos, e os poderosos, e todo escravo, e todo livre, se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas.” (Ap. 6:14,15). Agora, os acontecimentos concernem toda a terra. A linguagem apresentada descreve a sua universalidade desta forma tão hebraica de associar os extremos para exprimir a totalidade: “os montes ... as ilhas; os reis da terra...os chefes militares...todos os escravos e os homens livres” (6:14,15). A cólera de Deus invade os horizontes e invade todo o espaço. É o momento onde Deus tem o controlo de tudo. A partir de agora, ninguém nem nada Lhe pode escapar (6:16). Aqui nasce a perturbadora questão: “Quem poderá subsistir?” (Ap. 6:17).
Portanto, a esperança é refugiar-se no melhor recanto desta questão. É o paradoxo da esperança bíblica, de se encontrar, inesperadamente, no lugar menos esperado. A questão é trazida da linguagem dos profetas Naum e Malaquias, onde de cada vez ela é o prelúdio da segurança dos resgatados quando no auge da angústia: “Quem pode manter-se diante do seu furor? e quem pode subsistir diante do ardor da sua ira? A sua cólera se derramou como um fogo, e por Ele as rochas são fendidas. O Senhor é bom, uma fortaleza no dia da angústia; e conhece os que nele confiam.” (Naum 1:6,7; cf. Malaquias 3:2,3)
Aqui também, no Apocalipse, a questão incide directamente sobre um parêntese, um entreacto que concerne os resgatados da tormenta.
Aceite hoje a mão acolhedora de Deus e refugie-se n´Ela, lá é o melhor lugar do mundo. Eu sei!

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