20 de setembro de 2009

APOCALIPSE: ABERTURA DO 1º SELO, CAVALO BRANCO


“E vi quando o Cordeiro abriu um dos sete selos, e ouvi um dos quatro seres viventes dizer numa voz como de trovão: Vem! Olhei, e eis um cavalo branco; e o que estava montado nele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e saiu vencendo, e para vencer.” (Ap. 6:1-2)
O Cordeiro abre o primeiro selo e surge um cavalo branco, símbolo de conquista e de vitória. Quando em geral um general romano celebrava o seu triunfo, era sobre um cavalo branco que ia adiante de todo o seu exército em Parada (cerimónia militar).
O comentário do profeta confirma o sentido simbólico “…e saiu vencendo, e para vencer” (Ap. 6:2). Também deve ser realçado que o surgimento deste cavalo branco é anunciado pelo primeiro "ser vivente" com rosto de leão (Ap. 4:7); esta imagem messiânica está associada à tribo de Judá e à vitória de Jesus Cristo: “E disse-me um dentre os anciãos: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, venceu para abrir o livro e romper os sete selos.” (Ap. 5:5). Este título “Leão da tribo de Judá”, seguramente está associado a Gén. 49:9. Cristo nasceu da tribo de Judá (ver Mat. 1:2). O leão simboliza a força (Ap. 9.8,17; 10:3; 13:2,5), e Cristo alcançou a vitória no grande conflito contra o mal “vencendo, e para vencer”. É esta vitória que Lhe dá direito a abrir o livro (Ap. 5:7).
Neste texto (Ap. 6:1-2), a palavra vencendo em grego “nikáõ”, vencer, ser vitorioso. Indica directamente o grande conflito contra Satanás. Cristo foi vencedor neste grande conflito. A vitória de Cristo é única, por esta razão mais ninguém pode abrir os selos. Um anjo não poderia tomar o lugar de Cristo, porque o ponto central deste conflito relaciona-se com a integridade do carácter de Deus e que se exprime na Sua lei “Se a lei pudesse ser mudada, ter-se-ia podido salvar o homem sem o sacrifício de Cristo; mas o facto de que foi necessário Cristo dar a vida pela raça caída prova que a lei de Deus não livrará o pecador da sua reivindicação sobre ele. Está demonstrado que o salário do pecado é a morte.” (Patriarcas e Profetas p. 66).
“O próprio facto de que Cristo assumiu a pena da transgressão do homem, é um poderoso argumento a todos os seres criados (homens e anjos), de que a lei é imutável; que Deus é justo, misericordioso, e abnegado; e que a justiça e misericórdia infinitas unem-se na administração do Seu governo.” (Patriarcas e Profetas, p. 66).
Temos ainda, “uma coroa de vitória”, “stephanos” que lhe é dada. No Apocalipse 19, a mesma imagem aparece para representar a vitória de Jesus Cristo: um cavalo branco montado por um cavaleiro coroado (Ap. 19:11-16). Mas a coroa deste cavaleiro, é uma coroa real “diadema”. Mesmo se a imagem do cavalo branco de Apocalipse 6 concerne Jesus em glória, ela não se aplica no entanto à vinda gloriosa de Jesus. Jesus Cristo surge nesta visão vitorioso, porém, ainda não é Rei. É verdade, uma batalha foi ganha, mas a guerra ainda não terminou. No nosso texto, o cavaleiro é apresentado a iniciar o percurso e não a (chegar) entrada triunfal: “saiu”. A história do cristianismo começa, e a conquista do mundo para Cristo tem o seu começo com entusiasmo porque a mensagem é já de vitória, Cristo morreu e ressuscitou. Esta mensagem é uma Boa Nova a ser espalhada por toda a Terra. Este período em termos proféticos situa-nos com a primeira Igreja Cristã e os primeiros cristãos, ou seja o peíodo iniciado com os Apóstolos e que se estenderá até ao perído em que a Igreja Cristão começa a fazer compromissos de mistura do Evangelho Eterno com tradições e conceitos pagãos (do I ao III século).
É o tempo em que a Igreja é pura e comprometida na doutrina recebida de Jesus e dos Apóstolos. Não há ambições políticas, há uma motivação: o amor. Um tempo quando o combate tem por argumento a vida e as suas convicções, mas especialmente tendo como referência a vitória de Cristo na Cruz do Calvário.
É muito curioso, a vitória que é apresentada neste texto não está associada a guerras ou a massacres. Não é uma vitória alcançada através de combates e de estratégias. A coroa da vitória “stephanos” é “dada” (Ap. 6:2). É uma graça do Alto. O cavaleiro tem um arco mas nenhuma flecha é mencionada. O arco não é utilizado. A vitória é o resultado do testemunho e da conduta. É uma conquista pacífica. No entanto, o Apóstolo Paulo já pôde dizer no ano 62 da nossa era o seguinte: “Se é que permaneceis na fé, fundados e firmes, não vos deixando apartar da esperança do evangelho que ouvistes, e que foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, fui constituído ministro.” (Col. 1:23).

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