9 de julho de 2009

O PROBLEMA CHAMADO "NITSDAQ"

Visto que a palavra (nitsdaq), geralmente traduzida por “purificado” em Daniel 8:14, não possui relação linguística com o (taher) de Levítico 16, alguns poderiam contestar as conclusões obtidas neste estudo com a argumentação de que o final das 2.300 tardes e manhãs não cairia, necessariamente, no Dia da Expiação. Dessa forma, o raciocínio desenvolvido nos itens 1 e 2 ficaria seriamente prejudicado, o que comprometeria também as conclusões dos itens 3 e 4, lançando por terra a exactidão da profecia.
Se as conclusões obtidas até aqui realmente dependessem da tradução da palavra “nitsdaq” como “purificado”, seria forçoso reconhecer a veracidade da objecção. No entanto, tal dependência é apenas aparente, pois o mesmo raciocínio desenvolvido nos itens 1-4, tomando por base o Dia da Expiação no final das 2.300 tardes e manhãs (Item 1), pode ser seguido pelo caminho inverso. De Efésios 5:2 e Hebreus 10:5-10, pode-se extrair um vínculo entre a cessação do “sacrifício e da oferta de manjares” com a morte de Jesus. Do testemunho de Mateus, Marcos e Lucas, conclui-se que Jesus morreu no décimo – quinto dia do primeiro mês. Retrocedendo 486,5 anos a partir dessa data, chega-se ao décimo dia do sétimo mês, efeméride do Dia da Expiação. Tendo essa data como ponto de partida das 2.300 tardes e manhãs, basta avançar 2.300 anos para se obter o fim desse período. Isso conduz, logicamente, ao Dia da Expiação. Portanto, o evento a ser verificado no final das 2.300 tardes e manhãs não poderia ser outro que não fosse o da purificação do Santuário.
Uma comparação entre Daniel 8:14, ponto alto da visão, e Daniel 7:9, 10 e 13, em que o Filho do homem é conduzido ao tribunal, à presença do Ancião de Dias, para participar da obra do julgamento, confirma a ideia de que o evento a realizar-se no final das 2.300 tardes e manhãs é o da purificação do Santuário. Em Apocalipse 5:6, Cristo é retratado no mesmo ambiente em que é descrito o trono de Deus. De Apocalipse 4:1 e 5; e 8:3 e 4, depreende-se que esse seja o primeiro compartimento do Santuário Celestial, pois era nessa divisão do Santuário Terrestre que estavam localizados o candelabro e o altar de incenso (Êxodo 40:2-8). O segundo compartimento só é mencionado em Apocalipse 11:19, em que se diz que o Santuário de Deus foi aberto e que nele foi vista a arca da aliança. Assim, ao ascender ao Céu, no ano 31 A.D., Jesus deu início ao Seu ministério de intercessão no primeiro compartimento do Santuário. Quando Daniel 7:13 descreve Cristo a deslocar-Se para a presença do Ancião de Dias (Deus Pai), a fim de participar activamente do trabalho de julgamento, essa cena não pode estar a retratar outra coisa senão a entrada de Jesus no Lugar Santíssimo do Santuário Celestial. É ali, diante da arca da aliança, onde está guardada a Lei de Deus, que deve ser realizado o julgamento (Eclesiastes 12:13 e 14; e Tiago 2:12). De acordo com Hebreus 9:6 e 7, o sumo-sacerdote judeu só entrava nesse compartimento no Dia da Expiação (Levítico 16:2, 3, 11-17 e 29-34). Logicamente, Daniel 7:13 trata desse acontecimento; e a data do décimo dia do sétimo mês, demonstrada através da relação entre Daniel 8:14 e Daniel 9:25-27, assegura a veracidade desse entendimento.

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