11 de julho de 2009

A PROFECIA E O INICIO DO MÊS JUDAICO

Conforme o testemunho das Escrituras, o dia da lua nova marcava o início do mês judaico. Depreende-se das seguintes evidências:
A) Quando Moisés estipulou os sacrifícios especiais que deveriam ser oferecidos por ocasião da Festa da Lua Nova, assim se expressou: “Nos princípios dos vossos meses, oferecereis, em holocausto ao SENHOR, dois novilhos e um carneiro, sete cordeiros de um ano, sem defeito, e três décimas de um efa de flor de farinha, amassada com azeite, em oferta de manjares, para um novilho; duas décimas de flor de farinha, amassada com azeite, em oferta de manjares, para um carneiro; e uma décima de um efa de flor de farinha, amassada com azeite, em oferta de manjares, para um cordeiro; é holocausto de aroma agradável, oferta queimada ao SENHOR. As suas libações serão a metade de um him de vinho para um novilho, e a terça parte de um him para um carneiro, e a quarta parte de um him para um cordeiro; este é o holocausto da lua nova de cada mês, por todos os meses do ano. Também se trará um bode como oferta pelo pecado, ao SENHOR, além do holocausto contínuo, com a sua libação.” Números 28:11-15. Desse texto, pode-se concluir que, no calendário judaico, o início do mês era sempre definido pelo dia da lua nova.
B) Em 1ª Samuel 20, a lua nova também aparece como o ponto inicial da contagem dos dias do mês. Assim, quando Davi disse a Jônatas que ficaria escondido no campo “até à terceira tarde”, a sua referência era ao terceiro dia a partir da lua nova (verso 5). O mesmo se aplica às posteriores palavras de Jonatas, em que ele basicamente repete o que já tinha sido dito por Davi (versos 18 e 19). O texto faz menção ainda ao “segundo dia da lua nova”, o que confirma a ideia já apresentada (versos 24, 27 e 34).
Diante dessas claras informações extraídas das Escrituras, demonstra-se que o calendário judaico estava inseparavelmente relacionado ao ciclo lunar. Deve-se, no entanto, distinguir entre a lua nova astronómica e a lua nova eclesiástica. Aquela se refere ao momento exacto da conjunção da Lua com o Sol, enquanto que esta última ocorre um pouco depois, quando o primeiro filete da Lua se torna visível, pouco acima do horizonte oeste, logo após o pôr-do-sol.
O ano judaico, no entanto, não estava vinculado apenas à Lua, pois a Festividade das Primícias, que era celebrada no “dia imediato ao Sábado” (isto é, o Domingo) da semana dos Pães Ázimos, exigia que o primeiro mês do ano não começasse demasiadamente cedo, pois, caso contrário, os primeiros frutos não poderiam ser apresentados.
Segundo Flávio Josefo, escritor judeu do primeiro século, o feixe que o sacerdote agitava, diante do altar dos holocaustos, por ocasião da Festa das Primícias, era constituído dos primeiros grãos amadurecidos da cevada. (Antiquities of the Jews, livro 3, capítulo 10, artigo 5, em The Works of Josephus, Complete and Unabridged, p. 96).
Isso deve-se ao facto de que a cevada era o primeiro cereal a amadurecer na Palestina. Cada planta possui uma época definida para florescer e dar o seu fruto, dependendo da duração do dia e da temperatura ambiente. Esses factores, por sua vez, estão intimamente relacionados às estações do ano. “A razão” para isso “é que as plantas usam o seu relógios para sentir as estações, através do cumprimento do dia, garantindo que as flores nasçam no tempo certo do ano.” (Molecules to Make Plants Tick, New Scientist, n.º 1.967, p. 30, 4 de Marco de 1.995). A Bíblia se refere aos frutos como “aquilo que o Sol amadurece” (Deuteronómio 33:14), o que está em perfeita harmonia com a prática agrícola e com o testemunho da Ciência.
O texto bíblico informa que, por ocasião da sétima praga (chuva de pedras), a cevada e o linho foram afectados, ao passo que o trigo e o centeio não: “O linho e a cevada foram feridos, pois a cevada já estava na espiga, e o linho em flor. Porém o trigo e o centeio não sofreram dano, porque ainda não haviam nascido.” Êxodo 9:31 e 32. Isso demonstra que a cevada floresce e amadurece antes de outras plantas encontradas naquela região.
O mês em que os hebreus deixaram o Egipto e no qual se comemorava a Páscoa é chamado de Abibe, termo hebraico (abib), de origem cananita, cujo significado é “Espiga”. Comparar Êxodo 13:4; 23:15; 34:18; e Deuteronómio 16:1, em que o vocábulo foi apenas transliterado na A.R.A, para indicar o nome do mês, com Êxodo 9:31 e Levítico 2:14, em que o mesmo termo foi traduzido como “espiga” ou “espigas verdes”. Disso se deduz que o mês de Abibe deveria sempre ocorrer no tempo do amadurecimento da cevada. O cuidado para que o primeiro mês não ocorresse em época muito precoce, para que o período das Primícias não chegasse sem que houvesse cevada madura para se oferecer, criava um elo entre o ciclo lunar e o ciclo solar, resultando num calendário luni-solar.
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A prescrição para a Festividade das Primícias e sua estreita conexão com a Festa dos Pães Sem Fermento, encontram-se registradas em Levítico 23:5-14: “No mês primeiro, aos catorze do mês, no crepúsculo da tarde, é a Páscoa do SENHOR. E aos quinze dias deste mês é a Festa dos Pães Asmos do SENHOR; sete dias comereis pães asmos. No primeiro dia, tereis santa convocação; nenhuma obra servil fareis; mas sete dias oferecereis oferta queimada ao SENHOR; ao sétimo dia, haverá santa convocação; nenhuma obra servil fareis. Disse mais o SENHOR a Moisés: Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando entrardes na terra, que vos dou, e segardes a sua messe, então, trareis um molho das primícias da vossa messe ao sacerdote; este moverá o molho perante o SENHOR, para que sejais aceitos; no dia imediato ao sábado, o sacerdote o moverá. No dia em que moverdes o molho, oferecereis um cordeiro sem defeito, de um ano, em holocausto ao SENHOR. A sua oferta de manjares serão duas dízimas de um efa de flor de farinha, amassada com azeite, para oferta queimada de aroma agradável ao SENHOR, e a sua libação será de vinho, a quarta parte de um him. Não comereis pão, nem trigo torrado, nem espigas verdes, até ao dia em que trouxerdes a oferta ao vosso Deus; é estatuto perpétuo por vossas gerações, em todas as vossas moradas.”.
Bibliografia:
FLAVIUS JOSEPHUS, The Works of Josephus, Complete and Unabridged, nova edição atualizada, tradução de William Whiston, A.M., Peabody, Massachusetts: Hendrickson Publishers, Inc., 1.987.
Molecules to Make Plants Tick, New Scientist, n.º 1.967, 4 de março de 1.995.

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