14 de outubro de 2012

CRISTO JUSTIÇA NOSSA


"'O tempo é chegado', dizia Ele. 'O Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas novas!'" (Marcos 1:15 NVI). O arrependimento associa-se à fé, que por sua vez é solicitada para se obter a salvação(a). O arrependimento é descrito como uma tristeza pelo pecado, que prepara o coração para aceitar a Cristo como único salvador; única esperança de perdão (II Coríntios 7:10).
"Ao levar Satanás o homem a pecar, tinha esperanças de que a repugnância de Deus ao pecado O separaria para sempre do homem e quebraria o elo de ligação entre o Céu e a Terra. O abrir dos céus(b) com a voz de Deus dirigida a Seu Filho foi como um toque mortal para Satanás. Temeu que Deus estava agora mais disposto a unir o homem a Si mesmo e conferir-lhe poder para vencer suas artimanhas. Com este propósito Cristo veio das cortes reais para a Terra."1
O primeiro passo na reconciliação com Deus é a convicção de pecado. E 'pecado é o quebrantamento da lei'. 'Pela lei vem o conhecimento do pecado' (I João 3:4; Romanos 3:20; Romanos 7:7). Unicamente o evangelho de Cristo pode livrar o homem da condenação ou contaminação do pecado. O pecador deve exercer o arrependimento em relação a Deus, cuja lei transgrediu, e fé no sacrifício expiatório de Cristo. Assim, obtém a 'remissão dos pecados passados', e se torna participante da natureza divina.2

Mas, embora Deus possa ser justo e ao mesmo tempo justificar o pecador, pelos méritos de Jesus, homem algum pode cobrir sua alma com as vestes da justiça de Cristo, enquanto comete pecados conhecidos, ou negligencia conhecidos deveres. Deus requer a completa entrega do coração, antes que possa ocorrer a justificação; e para que o homem conserve essa justificação, tem de haver obediência contínua, mediante ativa e viva fé que opera por amor. A fim de que o homem seja justificado pela fé, esta tem de chegar ao ponto em que controle(c) as afeições e impulsos do coração. (...)

A fé é a condição sob a qual Deus promete perdão aos pecadores; não que exista na fé qualquer virtude pela qual se mereça a salvação, mas porque a fé pode prevalecer-se dos méritos de Cristo. A pessoa arrependida reconhece que sua justificação vem porque Cristo morreu por ele; porque Cristo é a sua expiação e justiça.
"Jesus, nosso Substituto, consentiu em sofrer pelo homem a penalidade da lei transgredida. Ele revestiu Sua divindade com a humanidade, tornando-Se assim o Filho do homem, o Salvador e Redentor. O próprio fato da morte do amado Filho de Deus para remir o homem revela a imutabilidade da lei divina. Quão facilmente, do ponto de vista do transgressor, Deus poderia ter abolido Sua lei provendo assim um meio pelo qual o homem pudesse ser salvo e Cristo permanecesse no Céu! A doutrina que ensina a liberdade, pela graça, para transgredir a lei é uma ilusão fatal. Todo transgressor da lei de Deus é um pecador, e ninguém pode ser santificado enquanto vive em pecado conhecido."3
Justiça é obediência à lei (Romanos 2:13). A lei requer justiça, e o pecador além de ser devedor de justiça à lei, é incapaz de apresentá-la por si mesmo. A única maneira em que pode alcançar a justiça é pela fé. Pela fé pode ele apresentar a Deus os méritos de Cristo, e o Senhor lança a obediência de Seu Filho a crédito do pecador. A justiça de Cristo é aceita em lugar do fracasso do homem, e Deus recebe, perdoa, justifica a pessoa arrependida, trata-a como se fosse justa, e ama-a tal qual ama Seu Filho (Tito 3:4-7). Assim é que a fé é imputada como justiça.
"Perante o [pecador] é apresentada a maravilhosa possibilidade de ser semelhante a Cristo, obediente a todos os princípios da lei. Mas por si mesmo é o homem absolutamente incapaz de alcançar esta condição. A santidade que a Palavra de Deus declara que ele deve possuir antes que possa ser salvo, é o resultado da operação da divina graça, ao submeter-se à disciplina e restritoras influências do Espírito de verdade (Romanos 8:5-10). A obediência do homem só pode ser aperfeiçoada pelo incenso da justiça de Cristo, o qual enche com a divina fragrância cada ato de obediência. A parte do cristão é perseverar em vencer cada falta. Constantemente deve orar para que o Salvador sare os distúrbios de sua alma enferma do pecado. Ele não tem sabedoria ou a força para vencer; isso pertence ao Senhor, e Ele os outorga a todos os que em humildade e contrição dEle buscam auxílio."4
Muitos estão a perder o caminho certo, por pensarem que podem alcançar o Céu ao fazer algo para merecer o favor de Deus. Procuram tornar-se melhores por seus próprios esforços. Isso jamais conseguirão realizar. Cristo abriu caminho morrendo como nosso sacrifício, vivendo como nosso exemplo, tornando-Se nosso grande sumo sacerdote. Diz Ele: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida." (João 14:6). Se por qualquer esforço próprio pudéssemos subir um único degrau na escada, as palavras de Cristo não seriam verdadeiras.

Quando o pecador penitente, contrito diante de Deus, discerne a expiação de Cristo em seu favor e aceita essa expiação como sua única esperança nesta vida e na vida futura, seus pecados são perdoados. Isso é justificação pela fé. Toda pessoa deve submeter sua vontade inteiramente à vontade de Deus e manter-se num estado de arrependimento e contrição, exercendo fé nos méritos expiadores do Redentor e avançando de força em força, e de glória em glória.

Perdão e justificação são uma só e a mesma coisa. Pela fé, o pecador passa da posição de rebelde, de filho do pecado e de Satanás, para a posição de súdito leal de Cristo Jesus, não por causa de alguma bondade inerente, mas porque Cristo o recebe como Seu filho, por adoção (Romanos 8:15). (...) O pecador pode errar, mas ele não é rejeitado sem misericórdia(d). Sua única esperança, porém, é arrependimento para com Deus e fé no Senhor Jesus Cristo. A prerrogativa do Pai é perdoar nossas transgressões e pecados, porque Cristo tomou sobre Si a nossa culpa e nos absolveu, imputando-nos Sua própria justiça (cf. Apocalipse 22:14). Seu sacrifício satisfaz plenamente as reivindicações da justiça (cf. Isaías capítulo 53).

Justificação é o contrário de condenação. A infinita misericórdia de Deus é manifestada para os que são completamente indignos. Ele perdoa as transgressões, os pecados por amor de Jesus, o qual Se tornou a propiciação pelos nossos pecados. Pela fé em Cristo, o transgressor culpado é conduzido ao favor de Deus e à forte esperança da vida eterna.


Texto extraído de: WHITE, E. G. Fé e Obras, São Paulo: CPB, cap. 14-15, p. 99-104.
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b. Referência a Mateus 3:17.
c. Esse controle não provém da natureza pecaminosa do homem, ele origina-se graça de Cristo. Trata-se de uma ajuda sobrenatural que direciona a mente humana nos ensinos e nas qualidades de Deus e, por consequência, elimina o antigo caráter pecaminoso. É através da graça que o pecador consegue discernir o pecado e, pela fé, luta diariamente para bani-lo de sua vida. A fé é aperfeiçoada sob essas circunstâncias (cf. Tiago capitulo 2).
1. WHITE, E. G. No Deserto da Tentação, São Paulo: CPB, cap. 8, p. 36.
2. WHITE, E. G. Grande Conflito, O; São Paulo: CPB, sec. III, cap. 27, p. 467-468.
3. WHITE, E. G. Fé e Obras, São Paulo: CPB, cap. II, p. 30.
4. WHITE, E. G. Atos dos Apóstolos, São Paulo: CPB, sec. V, cap. 52, p. 532.

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