13 de maio de 2008

PAZ PARA VIVER: 03 - Viver sem Complexos

Introdução: São poucas as pessoas que se podem considerar felizes. Um dia perguntaram a Napoleão Bonaparte, quando estava preso na Ilha de Santa Helena, se ele tinha sido um homem feliz. Ele respondeu que só tinha sido feliz durante seis dias.

Muitas pessoas pensam que para se ser feliz são necessárias três coisas: Ser jovem, bonito e rico.

Porém nós vemos as estrelas de cinema riquíssimas frequentemente confessarem que não são felizes. Que acham que têm defeitos físicos, e que fazem um sem número de cirurgias plásticas para modificarem qualquer coisa no seu corpo.

Gostaria de perguntar: O senhor sente-se feliz? E a senhora? E tu jovem? Se o são não receiem em responder que sim. Ao longo do meu ministério tenho procurado saber o que faz realmente as pessoas felizes. E tenho verificado que todas têm um traço comum: São saudáveis ao nível físico, psíquico e espiritual. Isto não quer dizer que não tenham nenhum problema, mas sabem gerir as situações.

Não há dúvida que o equilíbrio a nível físico, psíquico e espiritual é fundamental, e os três estão interligados. Quando uma pessoa está doente dum destes componentes, todo o resto sofre. Eu conheço pessoas que quando estão doentes fisicamente deixam de ter vontade de ler a Bíblia e de orar.

Por outro lado tenho verificado que as pessoas que mais sofrem são as que têm algum complexo. Não se trata de um defeito físico, falta de riqueza, ou qualquer coisa parecida. Mas o que mais faz sofrer as pessoas são os complexos. Alguns são complexos tão pequenos, que parece não terem nenhum valor, mas com o passar do tempo, vai-se avolumando e torna-se o centro da vida daquela pessoa. Passa a ser um inferno.

Para alguns os complexos são fardos terríveis. Que tocam o insuportável. Impedem-nos de andar. Há pessoas que ficam presas à cama, com doenças físicas. Mas na realidade a origem do problema é de natureza psicológica.

Vejamos como a Bíblia fala desses complexos, e de como nos podemos libertar desses fardos. Se a Bíblia tem resposta a estas angústias é bom que aceitemos a resposta de Deus, melhor do que se fosse um médico. Deus é o melhor médico.

O que é um complexo?

Os psicólogos pensam que os complexos desempenham um papel importante no pensamento de todos nós, mesmo daqueles que afirmam orientar-se pela razão pura. O complexo entra no nosso ADN cultural, o software, a informação inconsciente, o programa que comanda a forma como vemos “a realidade”.

Experiência: A pérola. É esta concreção esférica, que se cria em torno de corpos estranhos (um grão de areia), entre o manto e a concha de certos moluscos, chamados bivalves, especialmente a ostra. Ao tentar defender-se do grão intruso que lhe provoca sofrimento, ela tenta isolá-lo num líquido que segrega. Do sofrimento resulta esta preciosidade que tenho aqui nas minhas mãos e que me foi oferecida.

O cérebro é uma máquina do tempo, um metrónomo, que vai regulando, segundo a segundo, o funcionamento do nosso corpo no seu processo contínuo de evolução e mudança desde o nascimento até à velhice.

Sobre esta formação dos complexos, que provocam tristezas, angústias, depressões e males que impedem que vivamos de forma equilibrada e feliz, leio o seguinte pensamento do famoso cientista do Cérebro:

“Penso que apenas uma pessoa em mil consegue realmente viver no presente. A maioria gasta 59 minutos de cada hora vivendo no passado, com pena das alegrias perdidas ou vergonha pelas coisas mal feitas, ou num futuro que anseia ou que teme. A única forma de viver é aceitar cada minuto como um milagre que não se repete, pois é exactamente o que ele é – um milagre que não pode repetir-se.” Storm Jameson.

Na verdade este cientista faz o prognóstico e aponta a solução. Que maravilha seria se cada um de nós, neste momento, interiorizasse este pensamento e ele se tornasse uma mola impulsionadora – viver é aceitar cada minuto como um milagre que não se repete.

Mas por que razão ficamos fixados no passado, e perdemos a capacidade de viver intensamente o presente?

Porque o complexo foi um grão de areia que entrou dentro da nossa concha, e lá ficou. Sem sentido, este grão é o que orienta a nossa vida. E torna-se um complexo, um círculo vicioso, onde nos fixamos. Remoemos sobre ele. Pode ser um segredo desagradável, irritante, angustiante, inferiorizante. Recalcamo-lo na nossa consciência actual, escondemo-lo na nossa memória. Mas se alguém nos fala disso, conscientemente ou inconscientemente, reagimos, sentimo-nos mal, queremos esconder-nos.

Gritamos.
Ficamos incomodados.
Choramos.
Não temos vontade de falar com ninguém.

Já se passou isto consigo? Claro que sim.

O nosso humor altera-se sem que ninguém à nossa volta saiba que “bicho nos mordeu”. E o pior de tudo é que nem nós temos noção de porquê agimos ou reagimos desta ou daquela maneira.

Esse recalcamento age sobre o nosso comportamento e faz-nos sofrer. Não só sofrer fisicamente mas mentalmente: a pessoa irrita-se mais facilmente, começa a perder o interesse pela vida, pensa que não tem valor...

São pessoas nestas circunstâncias que procuram o suicídio. O ano passado mais de 12 mil pessoas se suicidaram porque chegaram à conclusão que viviam mal os estados de espírito. São tanto jovens como homens e mulheres ou pessoas idosas.

Em nenhum assunto precisamos tanto do conselho inspirado como no desta noite. Realmente necessitamos do apoio e guia do Espírito Santo.

A verdade é que a palavra complexo ou depressão não se encontra na Bíblia, da mesma maneira que a palavra Trindade. No entanto, nada impede que a Trindade seja uma realidade. Jesus não falou da Trindade, mas falou de três personalidades que formam um só Deus: Pai, Filho e Espírito Santo.

De facto, os principais complexos são mencionados na Bíblia e a chave da cura é dada. E isso é o que importa.

O complexo no princípio pode ser suportável. Mas à medida que os anos vão passando aloja-se cada vez mais fundo. Se não nos libertarmos dele ele acaba por nos destruir.

Um complexo tem tendência a reforçar-se continuamente a ele próprio, porque cada acontecimento na vida é interpretado, erradamente, pela pessoa complexada como uma confirmação daquilo que ela pensa. Por exemplo:

Alguém que tem o complexo de se considerar um fracasso, não consegue ver o sucesso. Então esquece o que faz de bem, contesta-o, atribui-o ao acaso.

Mas quando acontece fracassar na vida, realmente, o complexado pensa que é para isso que ele ou ela está destinado. É a confirmação daquilo que pensa e o fracasso toma uma dimensão gigantesca. Leva a pessoa para o fundo do poço, parecendo-lhe que não poderá, nunca mais, sair de lá.

Um complexo é sempre excessivamente exagerado. Ele activa-se sobre um facto insignificante, um pormenor. Por exemplo:

Alguém que tem o complexo de exclusão (eu sou um excluído, ninguém gosta de mim) reagirá de forma intensa ao simples facto de não ser saudado com habitualmente.

Um superior passa distraído por um complexado e não o cumprimenta, ou cumprimenta menos efusivamente que o habitual, e a pessoa considera que foi de propósito. É capaz de andar a remoer naquilo dias e por vezes semanas.

O complexo é estereotipado, monótono, repetitivo, é um automatismo. Os mesmos acontecimentos geram sempre as mesmas consequências. Por exemplo:

O tímido ficará vermelho sempre que for o alvo do grupo. O que se sente excluído, considera que os outros não o apreciam, mesmo que lhe seja afirmado o contrário.

Qual a origem dos nossos complexos?

De onde vêm os nossos complexos? Eles provêm de acontecimentos do passado e, especialmente, da forma como nós vivemos esses acontecimentos.

Nós somos todos diferentes. Na verdade somos todos iguais e diferentes. Quero dizer que na mesma situação cada um de nós age diferentemente. Por exemplo: Uma criança pode usar óculos sem que isso a afecte. Uma outra já pode desenvolver um complexo.

Uns reagem sem problemas a uma educação culpabilizante, enquanto que outros ficarão com marcas na vida.

Procurei, num excelente livro de psicologia, exemplos de acontecimentos que podem provocar os maiores complexos.

Vejamos alguns, mas antes quero realçar que a situação que mais faz sofrer ou que mais gera complexos nas crianças, é a separação dos pais. Sabem porquê? Porque a criança considera que ela é a culpada.

Infelizmente são esses filhos de pais separados, independentemente da classe social, os que mais tarde, na adolescência, geralmente, se entregam às drogas, ou a ritmos de vida sem interesse pelas consequências.

Defeito físico ou mental – óculos, orelhas grandes, vermelhões na cara, borbulhas etc.

Étnicos (ou seja a raça), sociais – origem social humilde, pais alcoólicos, ou ao contrário, classe social influente.

Mas os mais comuns são:

Ter sido considerado um génio, idolatrado.
Ter sido considerado um idiota, incapaz na escola primária.
Inveja secreta em relação a algum irmão, ou irmã.
Impossibilidade de se exprimir de forma espontânea, consequência de uma educação rígida na família ou de uma instrução demasiado rígida na escola.
Obsessão em consequência da falta de dinheiro em casa dos pais.
Traumatismos afectivos e psicológicos na tenra idade: afastamento da mãe, hospitalização, divórcio dos pais.
Rejeição consciente ou inconsciente pela mãe, que desejava um filho de outro sexo.
Pais constantemente ansiosos.
Relação demasiado privilegiada com uma mãe possessiva, “mãe galinha”.
Mensagens contraditórias dos pais, um autorizando e o outro recusando.
Inibição causada por uma relação com um pai muito autoritário.
Gritos na altura da aprendizagem da fala, o que pode provocar o gaguejar.

E muito mais...

Quatro formas negativas de gerir os meus complexos.

Vou citar as quatro formas principais, em 17 que foram seleccionadas pelos psicólogos. Elas são frequentemente utilizadas, porque permitem-nos incluí-las no nosso comportamento (em relação aos outros e a nós próprios) e, através desse comportamento, encontrarmos algum equilíbrio.

Mas, é claro, o complexo permanece, não ficamos curados. Ele fica simplesmente escondido por mecanismos de defesa.

Parece de facto que estamos livres, ou pelo menos vivemos um certo equilíbrio, mas o nosso comportamento, em vez de ser uma expressão do nosso ser profundo, não passa de uma sucessão de mecanismos de defesa:

1- A compensação

Eu anulo os efeitos perturbadores dos meus complexos desenvolvendo uma atitude inversa à que estou sujeito. Por exemplo:

Uma criança pouco dotada fisicamente fará tudo para desenvolver uma capacidade intelectual ou artística, em áreas que se torne apreciada.

2- A sobrecompensação

Trata-se de um esforço de negociação do complexo. Consiste em desenvolver sobre as mesmas situações, atitudes que são exactamente o contrário dos seus complexos. Por exemplo:

Tomar um ar arrogante, tornar-se evidente, gabar-se, quando realmente está cheio de medo.

O tímido torna-se insolente.

O culpado crónico censura ou acusa os outros.

Os fariseus sentiam-se culpados e complexados em relação a Jesus e procuravam acusá-l’O recorrendo à Lei de Deus.

3- A sublimação

Eu transporto o meu problema para um domínio social, intelectual ou espiritual aceitável. O complexo de culpabilidade é sublimado numa moral de contrição e de aceitação do sofrimento.

4- O racionalismo defensivo

É a negociação activa do meu complexo por um sistema de defesa crónico e definitivo que se torna o meu EU, o meu carácter. Eu nego o meu complexo em permanência, construindo uma maneira de ser que proíbe qualquer defeito ou falha em relação ao meu complexo:

Aquele que sofre do complexo de culpabilidade vai desenvolver um carácter perfeccionista e só aceita o que é impecável, o perfeito.

Aquele que sofre do complexo da rejeição, da exclusão, escarnece do que o ama. Para isso basta que ele perceba um sentimento de aceitação ou de carinho da parte de alguém que lhe dá amor e compreensão. Torna-se crítico daqueles que sofrem do mesmo que ele.

As pessoas que mais maltratam, são as que mais maltratadas foram. No fundo trata-se de transferir os seus próprios sofrimentos para os outros. A sua auto-culpabilização para os outros.

A verdadeira questão é, pois: Quem nos culpabiliza?

Uma pergunta inteligente será: Quem me culpabiliza?

Será que Deus me culpabiliza?

Será que Deus quer que eu viva com complexos? Com sentimentos de culpabilidade?

Será que Deus quer que nos atrofiemos fisicamente, mentalmente e espiritualmente?

Frequentemente acontece desenvolvermos sentimentos contra Deus. Pensamos que o nosso destino é terrível, se somos infelizes é porque Deus não nos ajuda, não nos abençoa.

Qual é a diferença entre culpabilizar-nos e tornar-nos conscientes que fizemos mal ou que nos fizeram mal e necessitarmos de fazer uma viragem na nossa vida?

A culpa não vem de Deus. Deus não é o originador dos complexos nem do pecado.

Vamos ler algumas passagens bíblicas que mostram o contrário da culpabilização:

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigénito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16

Deus é um Pai de amor, Ele não nos culpabiliza. Ao contrário, Ele quer libertar-nos, por isso Jesus Cristo veio ao mundo.

Mas Deus deseja que façamos uma auto-análise, isto é, que entremos dentro de nós mesmos e tomemos consciência do que nos faz sofrer. Fomos nós os causadores?

Fizemos mal?
Agimos mal?

Mas Deus vai fazer isso de uma forma amorosa: “E, da mesma maneira, também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir, como convém, (o que fazer) mas o mesmo Espírito intercede por nós, com gemidos inexprimíveis.” Romanos 8:26

O que é que quer dizer a Palavra de Deus? Duas coisas:

1.ª) Que nos devemos ajudar uns aos outros. Porque diz: “Da mesma maneira também...” Somos solidários uns com os outros. Todos temos sofrimentos, todos vivemos angústias, todos passámos por caminhos difíceis, podemos estender a mão para ajudar aqueles que sofrem. É esse o meu sentimento nesta noite. Creiam nisso, por amor de Deus.

2.ª) Assim como sofremos em nós, também o Espírito Santo intercede por nós com gemidos inexprimíveis. Ele entra no nosso coração. Une-se a nós para nos amar, para nos curar e levar à salvação.

Se não tivermos capacidade de reconhecer que fizemos mal, que pecámos, que agimos erradamente, a primeira condição é sermos honestos connosco próprios.

Então ouçam o que vou dizer: Pode ser que ninguém saiba que fizemos mal, isto é, o pai, a mãe, o filho, a filha, o marido ou a esposa. Mas há sempre duas pessoas que sabem que fizemos mal, nós e Deus.

“E, quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo.” João 16:8

“Convencer” significa demonstrar a nossa culpabilidade. Mas o Espírito Santo de imediato nos leva a ver a “justiça” ou seja, como agir correctamente. Ilumina o caminho para que com poder sigamos o caminho da cura.

“Mas agora, ó Senhor, tu és o nosso Pai. Nós somos o barro, tu és o nosso oleiro; somos todos obra das tuas mãos.” Isaías 64:8.

Naquele tempo a indiferença religiosa era muito grande. O povo não fazia caso de Deus, e por essa razão o povo de Israel vivia uma situação desesperada. Eram perseguidos, escravizados, tiranizados. Mas o profeta do Altíssimo afirma: “ainda assim Tu és o nosso Pai. Tu podes ajudar-nos, mesmo que sejamos cacos que não mereçam a Tua atenção. Tu és o nosso Pai.”

Será que esta noite, nós podemos dizer: “Senhor, Tu ainda és o nosso Pai. Pode ser que ao nosso redor tudo vá mal, que não tenhamos feito muito caso de Ti, mas Tu és ainda o nosso Pai. Tu és o nosso Oleiro. As Tuas mãos podem transformar estes cacos numa peça de valor.”

Deus sabe, e Ele olha para nós não com desprezo, mas como um oleiro. Eu que não sou oleiro olho para um pedaço de barro e não lhe dou nenhuma importância. Mas o oleiro olha e vê uma peça maravilhosa.

Quando o oleiro pega no barro ele vê logo a obra terminada, o vaso, a chávena, o pires ou a jarra.

Na imagem do oleiro podemos ver a imagem de Deus Omnisciente. Antes da nossa existência, do nosso nascimento, Deus já nos tinha escolhido.

“Pois nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele. Em amor.” Efésios 1:4

Que maravilhoso saber que, naqueles momentos difíceis, Deus que estava lá, viu. Não nos fulminou, não nos fez mal, fomos nós que nos fizemos mal a nós próprios.

Quase me atreveria a gritar como Santo Agostinho: “Eu odiaria a minha própria alma se descobrisse que ela não ama a Deus.”

Ou talvez seja mais correcto dizer: “O nosso amor pelo Senhor não merece nem mesmo ser mencionado, mas o Seu amor por nós nunca será suficientemente exaltado”. Mattew Henry

A primeira coisa que devemos aprender é reconhecer o que fizemos e assumi-lo diante de Deus. Sei todos gostam muito de David. É um dos personagens da Bíblia mais interessante. Sabem o que é que ele diz no Salmo 32?

Ele diz que tinha um segredo, e enquanto guardou esse segredo só para si, os seus ossos secavam-se. Sentia “amargura”, “complexo”, “depressão”. Causados por quê? David tinha adulterado com Batseba que era mulher dum dos seus oficiais. David desejava-a. A forma de a possuir seria que o seu marido fosse morto na guerra. Então, com autoridade de rei, David mandou colocar o marido de Batseba na frente da batalha, para que fosse morto na guerra.

Depois de o ter feito, veio-lhe o remorso e a culpa pelo seu crime, que ele podia esconder de toda a gente, mas não o podia esconder da sua consciência nem de Deus. A sua alma ficou doente, complexado diante de Deus.

Até que um dia, a sós com Deus, ele pediu perdão, arrependeu-se... e sentiu uma alma nova:

“Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui pecado, e em cujo espírito não há engano. Enquanto me calei, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido o dia todo. Pois de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri. Disse: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a culpa do meu pecado.” Salmo 32:2-5.

Este sofrimento, era primeiro porque ele não tinha o perdão de Deus, e também porque ele não se tinha perdoado a si próprio. Ao receber o perdão de Deus simultaneamente ele perdoou-se a si mesmo e o milagre da cura aconteceu.

Quando sentimos que Deus está ao nosso lado, nenhuma sombra nos deve incomodar.

Sabem por que razão eu proclamo que Deus é um Deus maravilhoso? Porque Ele permite que eu exprima os meus sentimentos e Ele escuta-os e compreende-os.

Eu tenho um filho, hoje ele é um homem, mas quando ele era adolescente gostava muito dos seus amigos da escola. Um dia ele chega a casa todo contente e diz-me: “Paizinho, um dos meus colegas faz hoje anos, e convidou-me a mim e a mais alguns amigos para depois do jantar irmos a casa dele, porque a mãe vai preparar uma sobremesa para todos nós. Posso ir?”

Eu respondo: “Não, não podes ir.”

Acham que o meu filho fica contente ou triste? Acham que ele vai dizer: “Paizinho, és o melhor do mundo!”

Ou, pelo contrário, ficará triste, encolhido a um canto?

Claro que eu posso ter as minhas razões para o não deixar ir. Por exemplo, saber que aquela família, ou um dos seus colegas não tem boa reputação, que o sítio onde moram é perigoso. Mas eu terei alguma dificuldade em lhe explicar isto e ele, certamente, em compreender. Mas eu não tenho o direito de o deixar sem lhe dizer alguma coisa. Que devo eu fazer?

Ir ter com ele e dizer-lhe: filho deves pensar que eu estou a ser injusto contigo por não te deixar ir, enquanto que todos os outros pais deixam ir os seus filhos. Por essa razão estarás a pensar que eu não te amo, e eu compreendo-te.

Dizendo-lhe isto, estou a mostrar-lhe que ele tem direito a ter as suas emoções, que tem direito a ficar triste. Mas se eu não lhe digo nada, vai nascer um sentimento de revolta contra o pai. Como ele me ama, pouco a pouco perceberá que não tem direito de ter essas emoções, sentimentos contra o pai. E fica amargurado, complexado. Tudo tão simples e tudo tão real.

Ora, Deus permite que tenhamos as nossas emoções, as nossas revoltas, mas apresenta-Se diante de nós como um Pai que nos ama e em qualquer situação nos compreende. É um Pai maravilhoso.

Se fomos magoados, feridos pelos outros, se pensamos que Deus está magoado connosco e que tem toda a razão para estar, que não somos dignos de tal bondade, que Ele não quer saber de nós...
Isso é o que o Inimigo de Deus e nosso, Satanás, quer. Só há um caminho a seguir. Aprender a perdoar. Não ser perdoado ou não perdoar tem o mesmo efeito na nossa vida: rói-nos por dentro. Têm a mesma função que a ferrugem no ferro, consomem-nos.

Alguém que não perdoa, é alguém zangado, com aversão, ódio, rancor. Nem sempre a pessoa é consciente disto. Mas a verdade é que está zangada, e é no encontro com Deus que Ele nos mostra a razão por que estamos zangados.

Talvez Deus nos faça compreender o nosso pecado, a razão por que o Diabo nos levou a pecar, e nos faça perceber que tínhamos um complexo, um vírus dentro de nós.

No caso de David, a infância em que foi repudiado pelos irmãos, sentimentos de pouco apreço pelos pais, a perseguição pelo rei Saul.

No encontro com Deus ele compreendeu, pediu-Lhe perdão, procurou reparar o mal e perdoou-se a si próprio.

A palavra “perdoar” tem um sufixo “doar”. É dar, não ficar com aquilo que nos fez mal. Dar mas de forma diferente daquela que nos foi dado a nós, dar com amor.

“Quando odiamos os nossos inimigos, damos-lhes poder sobre nós próprios – sobre o nosso sono, os nossos desejos, a nossa felicidade. Eles exultariam se soubessem o quanto nos preocupam. O nosso ódio não os molesta e transforma num inferno os nossos dias e as nossas noites.” – Dale Carnegie, em “Como Deixar as Preocupações e Começar a Viver”.

A Bíblia não tem a palavra “complexo”, como já dissemos, mas tem a palavra “pecado”. Ninguém gosta de ouvir falar de pecado. Nem os pregadores gostam de falar de pecado. Mas o pecado está na origem de todos os complexos.

“Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Nisto se manifestou o amor de Deus para connosco: em que Deus enviou o seu Filho unigénito ao mundo, para que por meio dele vivamos. Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou, e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.” I João 4:8-10.

Perante tanto amor e bondade devemos ajoelhar-nos. Lembro uma frase do famoso escritor italiano Edmundo De Amicis, autor de uma maravilhosa obra que li na minha adolescência: “Il cuore”, disse: “Depois de ter visto passar por mim tanta gente, reconheci que existe debaixo do sol uma coisa diante da qual nos devemos inclinar: o génio; mas que há apenas uma virtude diante da qual nos devemos ajoelhar: a bondade!”

Conta-se que a bondosa princesa Eugénia, da Suécia, se empenhou na construção de um hospital para pessoas pobres. Um dia chegou ao seu conhecimento que as obras tinham parado por falta de recursos financeiros. Era preciso muito dinheiro não só para a construção mas especialmente para equipar aquele hospital.

Ela tomou uma decisão: dar, mas não dos bens da Coroa. Dar os seus bens pessoais. Vendeu os seus preciosos diamantes, a fim de que o edifício fosse terminado e completamente equipado. Certa manhã, e algum tempo depois da inauguração, visitou o hospital de forma anónima, percorreu as instalações, as enfermarias, aproveitou para falar com enfermeiras e doentes. Aproximou-se de um doente e perguntou-lhe: “Como se sente?”

O doente, sem saber quem ela era, começou a chorar e a contar sobre a sua triste condição se não fosse aquele hospital. Falou da gratidão que tinha pela Rainha e pelo seu gesto altruísta. Ao ver as lágrimas de agradecimento daquela pessoa humilde, a princesa não se conteve e exclamou: “Agora vejo os meus diamantes!” Sentiu-se muito feliz e plenamente recompensada.

Jesus é o amigo que nunca nos abandona! Jesus conhece-nos, um por um, pessoalmente. Sabe o nosso nome, segue-nos, acompanha-nos, caminha ao nosso lado, todos os dias. Participa das nossas alegrias e consola-nos nos momentos de dor e tristeza. Jesus é aquele amigo de quem não se pode prescindir nunca mais, uma vez encontrado e quando se compreendeu que Ele nos ama e quer o nosso amor também.

Cristo é a resposta verdadeira e adequada às nossas dúvidas e às aspirações mais profundas do coração humano. Cristo dá ao homem muito mais do que este pode esperar e desejar. Dá a cura interior, a paz de espírito, o sentido para a vida. Ele, só Ele, nos revela o verdadeiro rosto de Deus e do homem.

Quando conhecemos Cristo, caímos de joelhos e pronunciamos esta passagem. Consequentemente floresce uma vida com sentido.

“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.” I João 1:9

Graças ao amor e misericórdia de Cristo, não há pecado algum, por maior que seja, que não possa ser perdoado, nem pecador que seja rejeitado. Todo aquele que se arrepende será sempre recebido por Jesus Cristo com um perdão e um amor imenso.

O amor de Deus para connosco, como nosso Pai, é um amor forte e fiel, um amor cheio de compaixão, um amor que nos possibilita esperar a graça da conversão depois de termos pecado.

Hoje, mais do que nunca, o homem tem profunda necessidade de se encontrar com ele próprio e com a misericórdia de Deus, para se sentir totalmente compreendido na debilidade da sua natureza ferida; e, sobretudo, para viver a experiência espiritual do amor de Deus que acolhe, vivifica e ressuscita para uma vida nova.

Nas nossas dificuldades, nos momentos de provação e desalento, quando parece que a vida é só fracasso, complexos, feridas, mágoa destituída de sentido e valor, devemos estar conscientes de que Deus conhece os nossos afãs. Deus ama-nos, um por um. Está próximo de nós, compreende-nos!

Quando fazemos um pequeno gesto na direcção de Deus, Ele está próximo e dá-nos coragem e alegria para voltar a procurar o caminho que leva à paz interior. Não estou a falar de um Deus qualquer, mas do Deus que Se manifestou como Pai no rosto tão lindo de Jesus de Nazaré.

Não há imagem mais terna e afectuosa do que a do Pai quando reencontra o filho pródigo. (Lucas 15:11-32). Esta parábola já existia no tempo de Jesus. Era contada pelos fariseus e saduceus instrutores do povo de Israel. Eles contavam esta parábola, realçando os méritos do filho que fica em casa do Pai, do filho que aparentemente não tinha traumas. O filho bom.

Jesus valoriza essa parábola, no gesto do filho que, fugido da casa do Pai, desbarata a fortuna, certamente a saúde, crendo-se um miserável que nada merece. Jesus diz simplesmente que ele se colocou disponível para ser amado. É Deus o primeiro a abrir os braços, é Deus o primeiro a amar.

Deixem que Deus vos encontre e o vosso coração encontrará a paz. Será fácil responder com amor ao Seu amor. Para entender basta pensar em Jesus no madeiro da Cruz e no ladrão crucificado com Ele, a Seu lado. Jesus garantiu-lhe: “Estarás comigo no paraíso!” (Lucas 23:43)

Grito bem alto, porque esta é a minha experiência, Deus está mais perto do nosso coração do que os nossos próprios sentimentos. Quando nos invade a tristeza e nos sentimos oprimidos pela amargura da incompreensão e do abandono, nada nos pode impedir de abrir o nosso coração à oração e ao diálogo com Deus.

Deus, que conhece a verdade da vida de cada um pode repetir àquele que Lhe confia a sua própria vida e implora a Sua ajuda: “Também eu não te condeno! Vai, e não peques mais.” (João 8:11)

Deus ama a todos sem distinção e sem limites. Ama aqueles que já são idosos e sentem o peso dos anos. Ama os doentes, ama os famintos e ama aqueles que cuidam dos doentes e dos famintos. Ama-nos a todos com um amor incondicional e eterno.

“Pode uma mulher esquecer-se tanto do seu filho que cria, que se não compadeça dele, do filho do seu ventre? Mas, ainda que esta se esquecesse, eu, todavia, não me esquecerei de ti!” Isaías 49:15

O amor de Deus é terno e misericordioso, paciente e cheio de compreensão. E este amor enche as páginas da Sagrada Escritura.

O próprio Cristo convida os Seus ouvintes a porem a sua esperança no cuidado amoroso do Pai: “Não vos preocupeis demasiado com o que haveis de comer ou de beber; não vos preocupeis...o vosso Pai sabe bem que disso tendes necessidade. Buscai, pois, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo.” (Mateus 6:31-33)

A paz vem quando aprendemos a descansar na Providência amorosa de Deus, sabendo que os desejos deste mundo passam e que só o Reino de Deus perdura. Pôr o nosso coração nas coisas que duram é estar em paz connosco mesmos.

“Deus é amor!” (I João 4:8 ou I João 4:16???) Esta foi a primeira frase que li da Sagrada Escritura. Tinha então 14 anos quando fui convidado por pessoas amigas a entrar numa igreja Adventista. Na tribuna estava escrito: “Deus é amor”. Foi nesse instante que compreendi, só nesse instante, que podia dirigir-me a Ele com a confiança de quem sabe que é amado.

O amor de Deus é um amor gratuito, que se adianta à esperança e à necessidade da pessoa humana. “Nisto consiste o amor! Não em que nós tenhamos amado a Deus, mas no facto de Ele nos ter amado a nós.” (I João 4:10)

Foi Ele quem nos amou primeiro. Foi Ele que tomou a iniciativa. Esta é a grande verdade que ilumina e explica tudo o que Deus realizou e continua a realizar na História da Salvação. Que Deus quer demonstrar na nossa vida.

Desde sempre, Deus pensou em nós e nos amou (Jeremias 1:5) como pessoas únicas. Conhece-nos a cada um pelo nome, como o Bom Pastor do Evangelho. Mas o projecto de Deus para cada um de nós vai-se revelando gradualmente, dia após dia, no coração da vida. Para descobrir a vontade concreta do Senhor sobre a nossa vida, é preciso escutar a Palavra de Deus e abrir-lhe o coração numa prece sincera. Partilhar com Ele as nossas dúvidas e as nossas descobertas.

O amor de Deus para com os homens não conhece limites, não se detém perante barreiras de raça ou de cultura. É universal, é para todos! Só pede disponibilidade e acolhimento da nossa parte. Só exige um terreno humano para fecundar, um terreno propício feito de consciência recta e boa vontade.

Saibamos discernir a voz do Diabo que nos acusa, condena, culpabiliza, ameaça de sermos uns inúteis. E a voz de Jesus que nos fala dos nossos pecados com o único propósito de nos levar ao arrependimento.

Nós pedimos-Lhe perdão pelos nossos pecados e “Ele é fiel e justo para nos perdoar toda a iniquidade.” (I João 1:9)

Ele lança os nossos pecados na profundeza do mar, e não se recordará mais deles.

Deus não reterá na Sua mente os pecados dos Seus filhos que aceitaram o sacrifício do Seu Filho.

Sim, quem é o Seu Filho?

Cristo é aquele que sabe dar respostas aos nossos porquês. Jesus é antes de tudo o amigo que não atraiçoa, que nos ama e quer o nosso amor. Confia em Jesus! Abre-Lhe o coração. Abre o teu coração de par em par, a Jesus. Não tenhas medo! Quem dá com generosidade, receberá uma colheita abundante. Podemos confiar na Graça de Deus.

Vale a pena seguir a Jesus. Ele é o único que não desilude! A cada um de nós Jesus dirige uma palavra, que devemos acolher no nosso coração, para a pôr em prática.

Imaginemos alguém que se arrepende de um pecado que cometeu. Confessa-se a Deus, o Senhor perdoa, mas essa pessoa continua a pedir perdão por aquele pecado. O que acham que Deus responde?

De que pecado é que tu estás a falar?

A chave para curar os nossos complexos.

Por muitas pistas humanas que eu pudesse dar, ninguém encontraria a paz e a alegria de viver pelas minhas palavras.

Por essa razão, pela minha própria experiência, não importa como se chame esse complexo. A cura virá unicamente da tomada de consciência da nossa identidade, da nossa verdadeira identidade.

Quem me dá a identidade?

Foi tomando consciência da sua identidade que Moisés, Gideão, David, etc., encontraram a cura para os seus traumas psicológicos.

Quem sou eu?

Onde é que encontro a minha identidade?

Devo evitar o erro de procurar a minha identidade junto dos outros. Não é o meu comportamento ou a minha relação com os outros que me dizem quem eu sou. Isso só fará reforçar os meus complexos.

Como João Baptista a quem foi perguntado: “Quem és tu? Que dizes tu de ti mesmo?”

Eu devo saber realmente quem eu sou. Eu não me vou definir em relação ao ambiente no qual vivo (mundo, sociedade, família ou igreja).

Eu não procuro a minha identidade no meu posicionamento em relação aos outros, trabalho, estrato social, para saber se devo ou não desempenhar um papel na sociedade, na família. Mas eu defino-me em relação ao meu Criador. A Jesus Cristo.

Deus conhece-me e tem um plano para mim, antes mesmo de eu ter sido concebido no ventre da minha mãe.

Apelo:
Será que ouviu a voz de Jesus? Será que Ele está aí ao seu lado de braços abertos? Porque espera para lhe dar a única coisa que Ele pede: “Dá-me, filho meu, o teu coração”. Jesus quer curar. Aceite!
Tome agora a decisão!
Não faça esperar Quem o quer curar dos complexos!
Não faça esperar Quem quer dar vida que floresce!
Pr. José Carlos Costa

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